Jornal Estado de Minas

Helicópteros, cães, 'balão', cruzamento de dados: entenda como os bombeiros buscam desaparecidos em Brumadinho


São várias as estratégias do Corpo de Bombeiros na busca pelas vítimas da barragem que se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Nesta quarta-feira - o sexto dia de resgates -, a corporação detalhou alguns dos métodos e ferramentas utilizados na complexa operação. Veja a seguir:

Equipes

As buscas na “área quente”, região de maior risco, são de responsabilidade do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, que conta com auxílio de equipes de outros estados do país, como Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, por exemplo. Nesta quarta-feira, são 322 pessoas envolvidas. Há ainda auxílio de uma equipe de 136 militares de Israel, que levaram com eles equipamentos para ajudar nas buscas.

Helicópteros

No terreno de buscas, as equipes utilizam ferramentas de pequeno porte, como enxadas. Mas, como a lama está mais seca, também é preciso do auxílio de máquinas como retroescavadeiras e até mesmo da água dos caminhões de bombeiros. Durante a procura, vários helicópteros rondam a área. Assim que um corpo humano ou um animal é encontrado e demarcado geograficamente, as aeronaves auxiliam na retirada e no transporte.

Há, ainda, buscas aéreas em áreas abertas.
Nesses casos, os helicópteros fazem voos rasantes em busca das vítimas. “Quando um observador aéreo vê um corpo, ele sinaliza esse corpo. E a gente manda uma equipe de intervenção rápida”, explicou o comandante de salvamento especializado do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, o capitão Leonard Farah.

Tecnologia israelense e cruzamento de dados

Por serem utilizadas costumeiramente em ambiente distinto e mais seco, as ferramentas israelenses precisam de adaptação em solo brasileiro. A tecnologia mais utilizada é uma máquina que consegue detectar o último sinal de GPS de celulares, o que pode, portanto, indicar regiões onde provavelmente as vítimas estão. Esses dados, posteriormente, são cruzados com outros produzidos no setor de inteligência da operação. “A gente tem vários órgãos envolvidos, Polícia Federal, Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Esses órgãos também fizeram mapeamento.
A gente cruzou os dados para conseguir esse grande número de corpos”, explicou Farah.

Cães

Pelas dificuldades de locomoção e identificação dos corpos por parte dos bombeiros, o papel dos cães farejadores é considerado fundamental nas buscas. Segundo Farah, são cerca de 20 animais de diversas partes do país treinados para esse tipo de situação. “Muitas vezes, a nossa movimentação no terreno era dificultada por conta da fluidificação da lama. Os cães conseguem se movimentar mais rapidamente e sinalizar para as equipes. Então, as equipes não perdem muito tempo buscando. Elas vão exatamente onde estão sinalizando”, explicou.

Voluntários

Apesar de o Corpo de Bombeiros negar ajuda oficial de moradores nas buscas em meio às áreas de risco, existem voluntários que auxiliam a procura pelas vítimas. Eles percorrem a região pelas bordas, onde a lama já está mais seca.

Drone

Nesta quarta, uma novidade nas buscas chamou atenção. O Corpo de Bombeiros passou a utilizar um drone para monitorar o trabalho das equipes de resgate.
O equipamento está acoplado a um grande balão branco. “Com aquele balão, nós temos imagens ao vivo de como nossas equipes estão trabalhando. Então, é uma tranquilidade a mais. É um drone, mas um drone que as aeronaves conseguem ver. Existe autorização da aeronáutica para ele sobrevoar. E a gente consegue monitorar a quilômetros de distância exatamente onde minhas equipes estão, principalmente para que eu consiga ter o controle exato em questão de rompimento de barragem, em questão de acidente, para que a gente consiga fazer a extração dessas pessoas”, explicou Farah.

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