“O que aconteceu não vai se repetir. A ganância não pode perdurar. Haverá luta sim, mas pela paz, pelo amor. E será uma luta de todos nós.” Com essas palavras, que vieram seguidas de um pedido de palmas, Paulo Coelho Mascarenhas despediu-se da mãe, Cleosane Mascarenhas. A proprietária da Pousada Nova Estância, destruída pela onda de rejeitos que varreu a região de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, na sexta-feira, foi enterrada no Cemitério do Bonfim, Região Noroeste, no fim da tarde de ontem.
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Salta para 84 o número de mortos da tragédia de Brumadinho Apesar de mobilização, políticos fizeram pouco para evitar desastres com barragensVoluntários andam 40km por dia em busca de amigos de infância em BrumadinhoPolícia Civil já identificou 51 vítimas da tragédia de BrumadinhoNão é momento de falar em encerramento das buscas, diz porta-voz dos BombeirosCleo, era assim que os mais próximas a chamavam. Generosidade foi a palavra mais repetida pelos amigos ao se referir a ela. Era ceramista e suas peças enchiam a pousada Nova Estância, construída na área de uma antiga fazenda que pertenceu à sua família. A Nova Estância tinha 18 apartamentos. Havia uma casa ao lado, onde Cleo, Márcio e Marcinho moravam. A área ainda permitia três ateliês – os de Cléo e Marcinho, de cerâmica, e o de Márcio para pintura.
Uma das amigas, que pediu para não se identificar, estava com as unhas pintadas de um azul forte.
Motorista do casal Mascarenhas por 17 anos, Walisson Matos falou com a imprensa. Ele deixou a pousada pouco antes do rompimento da barragem. “Olhei pelo retrovisor e vi a lama passar. Parei o carro e tentei avisar todos os familiares.
Pela proximidade de Inhotim – distante apenas 8 quilômetros da cidade de Brumadinho – a Nova Estância era muito procurada por turistas de fora quando vinham a Minas Gerais conhecer o instituto. Ao longo dos anos, a pousada recebeu Caetano Veloso, os jornalistas Sandra Annenberg e Ernesto Paglia, o ex-casseta Marcelo Madureira e o ator Marcos Veras.
VISIONÁRIO Cleo, Márcio e Marcinho viviam entre a pousada e Belo Horizonte. Márcio fundou em 1972 a escola de inglês Number One. Em junho de 2017, a rede, líder de mercado em Minas Gerais, foi vendida para a Wiser Educação, empresa criada por Flávio Augusto da Silva e Carlos Wizard Martins, fundadores da Wise Up e da Wizard, respectivamente. Quando da venda, há quase dois anos, o Number One contava com 135 unidades e 2,5 mil funcionários.
Um visionário, foi como antigos professores do Number One se referiram a Márcio. O pulo do gato, segundo eles, foi a criação, há quase 50 anos, do método de ensino Dynamic. Nos primeiros tempos do Number One, os livros eram produzidos de forma bem manual. Eram batidos em velhas máquinas IBM e, a cada semana, novos capítulos eram mimeografados na gráfica que a própria escola tinha, no Bairro Serra.
Óbitos identificados
Adriano Caldeira do Amaral
Alano Reis Teixeira
Alex Rafael Piedade
Anaílde Souza Pereira
André Luiz Almeida Santos
Camila Santos de Faria
Carlos Roberto Deusdedit
Cláudio José Dias Rezende
Cleosane Coelho Mascarenhas
Cristiano Vinícius Oliveira De Almeida
Daniel Muniz Veloso
David Marlon Gomes Santana
Djener Paulo Las Casas Melo
Duane Moreira de Souza
Edgar Carvalho Santos
Ednílson dos Santos Cruz
Eliandro Batista De Passos
Eudes José de Paula
Fabrício Henriques da Silva
Flaviano Fialho
Francis Marques da Silva
Janice Helena do Nascimento
João Paulo de Almeida Borges
Jonatas Lima Nascimento
Leonardo Alves Diniz
Luiz de Oliveira Silva
Marcelle Porto Cangussu
Marcelo Alves de Oliveira
Maurício Lauro de Lemos
Moisés Moreira de Sales
Ninrode de Brito Nascimento
Reinaldo Fernandes Guimarães
Renato Rodrigues Maia
Ricardo Eduardo da Silva
Robson Máximo Gonçalves
Roliston Teds Pereira
Thiago Mateus Costa
Wanderson Soares Mota
Wellington Alvarenga Benigno
Wellington Campos Rodrigues
Willian Jorge Felizardo Alves
Wiryslan Vinícius Andrade De Souza