Jornal Estado de Minas

Engenheiros são presos em ação que apura responsabilidade de tragédia de Brumadinho


Uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF) os Ministérios Públicos de Minas Gerais e São Paulo, e as Polícias Civis dos dois estados, acontece na manhã desta terça-feira. Os alvos da ação são engenheiros que atestaram a segurança da barragem B1, que se rompeu na última sexta-feira em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e funcionários da Vale.

Segundo as investigações, os funcionários atestaram o laudo da barragem que se rompeu. Eles deram parecer dizendo que a estrutura não apresentava risco de rompimento. Segundo a Polícia Civil, dois homens presos em São Paulo serão transferidos para Minas Gerais ainda nesta terça-feira. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também houve prisões de três funcionários da Vale. 

Foram presos, durante a operação em Minas Gerais, César Augusto Paulino Grandshamp, Ricardo Oliveira, e Rodrigo Arthur Gomes de Melo, que seriam funcionários da Vale. Em São Paulo, foram presos dois engenheiros: André Jumyassuda e Makoto Mamba.

Policiais militares que participaram das prisões dos três alvos em Minas, uma em Nova Lima e duas em BH, disseram que os três foram estavam em casa e não houve resistência. A partir de agora, os presos estão sob responsabilidade do Ministério Publico.


Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram pedidos por uma força-tarefa criada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para apurar a tragédia de Brumadinho. Fazem parte do grupo a Promotoria de Justiça da Comarca de Brumadinho, a Coordenadoria das Promotorias de Justiça de Defesa das Bacias dos Rios da Velha e Paraopeba, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e Grupo Especial de Promotores de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (GEPP). Eles receberem apoio das polícias Civil e Militar, e do Gaeco de SP.

A Justiça da Comarca de Brumadinho expediu cinco mandados de prisão temporária, com validade de 30 dias, e outros sete mandados de busca e apreensão.  Dos cinco alvos da operação, dois estavam em São Paulo. Os demais residem na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Todos serão ouvidos em Belo Horizonte.

Segundo o MPMG, foram presos três funcionários da Vale.
De acordo com a promotoria, eles são os responsáveis pelo empreendimento e estão envolvidos com o licenciamento. Também foram presos engenheiros terceirizados que atestaram a estabilidade da barragem recentemente. Nos imóveis visitados na operação foram recolhidos documentos e outros materiais que serão analisados.

Outros mandados

Foram cumpridos, paralelamente, mandados expedidos pela Justiça Federal de Belo Horizonte a pedido do Ministério Público Federal, pela Procuradoria da República em Minas Gerais, e a Polícia Federal, pela sua Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico. Nesta segunda ação, os policiais foram até a sede da Vale em Nova Lima e em uma empresa de São Paulo, que prestou serviços de projetos e consultoria na área de barragens para a mineradora. Pessoas ligadas à empresa foram alvos.

“Nas diligências houve a participação de procuradores da República lotados em Minas Gerais e São
Paulo, policiais federais, bem como peritos das áreas de informática, mineração e geologia”, informou o MPMG.

Por meio de nota, a Vale afirmou que está colaborando “plenamente com as autoridades”. “ A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas”, completou.


A empresa Tüv Süd Brasil, em nota, disse que fez duas avaliações da barragem que rompeu a pedido da Vale: uma revisão periódica da segurança da barragem, em junho de 2018, e uma inspeção regular da segurança da barragem, em setembro de 2018. A companhia disse que não irá se pronunciar neste momento e que fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades. .