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Estado de Minas

Com chuvas, sistema de abastecimento da Grande BH chega a marca histórica

Represa de Vargem das Flores alcança nível recorde desde a crise de 2014. Precipitações e captação direta em rio garantem volumes altos no sistema que abastece BH e região


postado em 05/01/2019 06:00 / atualizado em 05/01/2019 11:28

(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)


As chuvas que não dão tréguas aos moradores da Região Metropolitana de Belo Horizonte, elevam principalmente os riscos geológicos e potencializam a chance de deslizamentos de terra também são decisivas para uma marca importante no abastecimento da Grande BH. Desde que a crise hídrica de 2014 e 2015 foi revelada pela Copasa e a empresa passou a divulgar os dados dos reservatórios que abastecem a Grande BH, a represa da Vargem das Flores, também conhecida popularmente como Várzea das Flores, que tem capacidade para armazenar 38 milhões de metros cúbicos, atingiu seu maior nível. Os 84% do volume máximo do reservatório verificados na medição de ontem nunca foram alcançados em cinco anos, desde 1º de janeiro de 2014. Apesar de não ser a maior do Sistema Paraopeba em termos de volume, a represa que abrange os municípios de Contagem e Betim tem hoje o maior percentual armazenado, contra 78,8% do Rio Manso e 59,6% do Serra Azul.

Desde 2014, o mais próximo do atual volume que Vargem das Flores tinha chegado foi 80,5% em abril do ano passado. Ontem, a reportagem esteve na represa e observou que a água está cobrindo árvores da área drenada pelo reservatório, um indicativo do crescimento do volume. Em novembro de 2015, período de auge da crise hídrica, o reservatório registrou 20,5% de seu volume. Pouco mais de um mês depois dessa medição, a Copasa inaugurou a captação emergencial diretamente no Rio Paraopeba, em Brumadinho, também na Grande BH, que permitiu à empresa captar até 5 mil litros de água por segundo e começou a aliviar as represas. Em novembro, outra represa do Sistema Paraopeba também alcançou seu maior volume em cinco anos. O reservatório Serra Azul ultrapassou a marca de 50,3% registrada em fevereiro de 2014. Ontem, a medição dessa represa apontava 59,6%, outra marca recordista nos últimos cinco anos.

Em janeiro de 2015, o Estado de Minas mostrou que o reservatório era o mais impactado pela crise. O volume chegou a 5,2% em novembro de 2014, ligando o alerta para o risco de racionamento no estado, só afastado em dezembro de 2015, com a inauguração da captação direta do Paraopeba. A partir da divulgação da situação de Serra Azul, o governo de Minas, que entrava na gestão de Fernando Pimentel (PT), revelou os dados e admitiu a crise que já vinha ocorrendo antes.

Segundo o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Perilli, duas situações somadas permitiram o atual cenário. Primeiro, a captação do Paraopeba liberou a empresa para poupar os reservatórios. No caso da Vargem das Flores, que tem disponibilidade para retirada de até 1,5 mil litros de água por segundo, a captação foi reduzida pela metade, para 750 litros por segundo. Serra Azul, que oferece até 2,5 mil litros por segundo, chegou a ter uma produção de apenas 300 litros, deixando o reservatório acumular mais água. “Para se ter uma ideia, até hoje já bombeamos 214 milhões de metros cúbicos diretamente do Paraopeba, enquanto temos atualmente 203 milhões de metros cúbicos reservados nas três represas”, diz Perilli.

Em segundo plano, o diretor explica que a chuva em 2018 superou a média histórica esperada nas captações. Ele cita a média do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) de 1.535 milímetros para a estação do Cercadinho, em Belo Horizonte, como base. Neste ponto, segundo o gestor, choveu no ano passado 1.670 milímetros, padrão que se repete diretamente nas áreas de reservação de água. “Nesse momento agora a gente pode optar por um ou por outro (captação direta no Paraopeba ou represas). Como as chuvas intensas recentes pioram a qualidade da água do Paraopeba e também encarecem o custo com a energia necessária para recolhê-la, hoje não estamos captando do rio, mas sim usando as represas. Até porque não queremos que as represas extravasem”, acrescenta o diretor.

RIO DAS VELHAS Quase toda a água que chega para a população da Grande BH é dividida entre o Sistema Paraopeba, que hoje é composto por três represas e uma captação direta do Rio Paraopeba, e o Rio das Velhas, que conta apenas com a captação diretamente no curso d’água no distrito de Honório Bicalho, em Nova Lima, na Grande BH. A medição de 2 de janeiro, última disponível, apontava uma vazão de 53,7 metros cúbicos por segundo, bem acima de medições anteriores do período seco, que costumam ficar perto da marca preocupante de 10 metros cúbicos por segundo. Rômulo Perilli destaca que o grupo de trabalho formado pela Copasa, Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas e empresas que mantêm reserva de água na área da bacia, como Cemig e Anglogold, tem conseguido manter um nível factível no período seco. “Quando chega numa determinada vazão, a Copasa diminui a produção no Rio das Velhas, porque temos possibilidade de transferência entre os dois sistemas, em torno de 2,5 mil litros por segundo. Isso ocorre normalmente em agosto, setembro e outubro”, afirma Perilli. A outorga da Copasa para o Rio das Velhas permite à empresa retirar até 8,5 mil litros de água por segundo do manancial, conforme o diretor.


Enquanto isso...
...aumenta o risco de deslizamentos

Se por um lado a chuva ajuda a recompor o volume das represas, por outro ela preocupa principalmente nas áreas de risco. Nos quatro primeiros dias de janeiro, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil de Belo Horizonte informou que atendeu a 111 ocorrências na cidade, sendo que o tipo mais comum foram os deslizamentos, com 16 atendimentos. Em segundo lugar vieram chamados para o risco do deslizamento ou escorregamento de encosta, com 12 casos. O aparecimento de trincas fecha a lista dos três primeiros tipos de ocorrência, com 10 atendimentos. Belo Horizonte já tem cinco mortes causadas pela chuva na atual temporada, sendo que a última delas foi em decorrência de um deslizamento. Uma mulher ficou soterrada após parte de um barranco escorregar e atingir sua casa, destruindo a residência no Conjunto Paulo VI, Nordeste da cidade.


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