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Estado de Minas

Breaking Bad da vida real: caso de universitário preso por tráfico lembra série americana

Em situação semelhante a enredo de seriado multipremiado, estudante de química é preso por usar seus conhecimentos para turbinar drogas, vendidas em 'menu' via internet


postado em 29/11/2018 06:00 / atualizado em 29/11/2018 07:53

Delegado Wagner Pinto (ao centro): perfil de universitário traficante surpreendeu(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Delegado Wagner Pinto (ao centro): perfil de universitário traficante surpreendeu (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


Um especialista em química usa seus conhecimentos na área para produzir uma droga potente e com alto teor de pureza, criando um negócio altamente lucrativo e reconhecido entre traficantes. O resumo pode parecer familiar a fãs do seriado Breaking Bad, multipremiado dos Estados Unidos, mas não se trata de ficção: a Polícia Civil descobriu em Belo Horizonte um caso que guarda semelhanças com o enredo da série acompanhado por milhões de espectadores mundo afora. O protagonista é o estudante de química M.T.S., de 30 anos, do 9º período do curso na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Empregando o que aprendeu, ele é acusado de produzir substâncias com maior poder alucinógeno, oferecendo via internet um cardápio diversificado, que tinha até maconha a R$ 75 o grama – 25 vezes mais cara que a droga considerada comercial e vendida em aglomerados, segundo policiais que atuam no combate ao tráfico. Além disso, constavam do menu alucinógeno opções como LSD e ecstasy, entre outras fórmulas.

Entre as drogas apreendidas com o acusado, a Polícia Civil estima que retirou das mãos do estudante algo em torno de R$ 400 mil, incluindo maconha concentrada, haxixe, óleo de maconha, ecstasy em pó e em comprimidos (200 unidades), cristal (metanfetamina), LSD na forma líquida e 1.182 micropontos da droga, além de balanças com capacidade milimétrica de aferição. As apreensões ocorreram durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do universitário, uma república de estudantes da UFMG no Bairro São Francisco, na Região da Pampulha, em BH.

Segundo o delegado Wagner Pinto, chefe do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico (Denarc), o caso expõe um perfil bem diferente daqueles com que o departamento está acostumado a lidar. “Ele fabricava as drogas. Agregava os componentes químicos conforme o perfil do usuário. E essas drogas eram vendidas principalmente para estudantes e também para pessoas que fazem festas rave ou festas eletrônicas. Era um perfil diferente de traficante”, afirma o policial.

Segundo ele, todas as drogas oferecidas por M. eram anunciadas por meio de um cardápio em um site da internet protegido por códigos. A página funcionava como uma espécie de rede social, com mensagens enviadas entre os usuários, exigindo um endereço específico para visualização. Entre as ofertas estava a maconha modificada, com maior concentração de substâncias alucinógenas, vendida a R$ 75 por grama e conhecida como “Vanilla Kush”. “É uma maconha bastante concentrada e de alto valor econômico. Essas drogas químicas normalmente são caras”, observa o delegado.

M. exibia na mesma página uma série de perguntas e respostas para seus clientes, entre elas um recado direto aos compradores: “Não me mande perguntas tipo ‘o que é melhor’ ou ‘o que deixa mais doido’, é impossível responder a isso. A experiência é subjetiva e depende de onde você está, o que está fazendo, sua intenção, sua resistência”, informava no site.

Wagner Pinto explica que a página também trazia experiências de outras pessoas que já tinham usado os produtos vendidos por M.. “O site tinha orientações para usuários quanto à forma de usar a droga, que onda a substância dava, como a pessoa deveria verificar se aquela droga tinha uma assimilação maior e depoimentos de clientes com a sensação que eles tiveram ao usar determinadas fórmulas”, afirma.

‘ENTIDADES’ Em um dos depoimentos que constavam no site e que integra o inquérito da Polícia Civil está a sensação descrita para uma droga que é derivada de cogumelos e era produzida pelo estudante com o nome “4-aco-dmt”. Na postagem, o “cliente” relatava: “Comecei a receber mensagens dentro da minha cabeça e a sentir entidades tocando e examinando meu corpo. Abrindo os olhos eu não as via, achei que eram invisíveis”. Em outro trecho do mesmo relato, a pessoa relatava que as tais “entidades” se comunicavam com ele “emitindo sinais diretamente no cérebro”. “Disseram que é assim que interagem com qualquer ser vivo ou qualquer matéria”, conforme o relato.

A investigação apontou que o universitário conseguia, via Correios, receber elementos químicos que vinham de países como Polônia e Holanda. Isoladamente as substâncias não eram barradas, mas, quando combinadas, resultavam em drogas de comércio proibido no Brasil. O estudante foi preso em flagrante e teve a prisão temporária convertida em preventiva. Ele está detido no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) Gameleira, Oeste de Belo Horizonte, à disposição da Justiça. 

 

A trama


A série Breaking Bad foi exibida originalmente nos Estados Unidos, entre 2008 e 2013, em cinco temporadas e 62 episódios. O enredo traz como protagonista um professor de química frustrado por dar aulas para uma turma de ensino médio e desperdiçado, por seu vasto conhecimento na área. Walter White, que é interpretado pelo ator Bryan Cranston, se vê diante de uma grave crise ao descobrir um câncer de pulmão, enquanto precisa cuidar do filho com paralisia cerebral e da esposa grávida com seu modesto salário de professor. Ele, então, decide usar suas habilidades para produzir metanfetaminas e ganhar dinheiro para bancar o próprio tratamento e dar melhor condição à família. A trama fez do seriado um sucesso internacional, vencedor de 16 prêmios Emmy.


 


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