Jornal Estado de Minas

BNDES aprova repasse de R$ 5,2 milhões para restaurar cineteatro histórico em Congonhas

Projeção do novo aspecto do prédio depois das obras, que devem levar dois anos - Foto: Divulgação

 

Considerada referência, no país, em gestão do conjunto histórico, Congonhas, a cidade dos profetas, na Região Central, vai receber recursos para preservar seu primeiro equipamento cultural. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou o repasse de R$ 5,2 milhões em favor da Fundação Municipal de Cultura, Lazer e Turismo de Congonhas (Fumcult) para restauro e requalificação do Cineteatro Leon, no Centro. Segundo Sérgio Rodrigo Reis, presidente da autarquia municipal, o objetivo é transformar a construção, datada dos anos 1960, em espaço multiuso, com uma série de serviços e tecnologia moderna, preservando as características arquitetônicas.

“O prédio foi se degradando com o tempo, mas continua em funcionamento”, afirma Sérgio, que estima em dois anos o prazo de recuperação. De propriedade da Arquidiocese de Mariana, à qual Congonhas está ligada, o cineteatro terá gestão da fundação, podendo sediar eventos artísticos e empresariais, no estilo do Minascentro de Belo Horizonte – o projeto já foi aprovado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Com o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Congonhas deslancha seis ações com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas.

De acordo com o agente financeiro, os recursos provenientes do BNDES Fundo Cultural foram divididos em dois subcréditos: o primeiro, no valor de R$ 5 milhões, se destina à revitalização do equipamento cultural. O segundo, de R$ 192 mil, será usado na elaboração do estudo de impactos socioeconômicos do projeto de restauração do Cineteatro Leon, “contribuindo para estruturar uma metodologia a ser aplicada na preservação do patrimônio cultural e na revitalização de outros sítios históricos preservados em Congonhas”.



A Fumcult, vinculada à prefeitura, é responsável pelo patrimônio histórico e artístico de Congonhas e pelos eventos culturais. E tem também a responsabilidade de gerenciar os vários museus da cidade, entre os quais o Museu de Congonhas, inaugurado recentemente e executado em parceria com a Unesco, Iphan, prefeitura local e recursos do BNDES e de outros patrocinadores, por meio das leis de incentivo social.

Em agosto, durante o Seminário Internacional Gestão de Sítios Culturais do Patrimônio Mundial no Brasil, na Cidade de Goiás (GO), Congonhas foi destacada como referência em gestão do conjunto histórico pelo Iphan. O motivo está na transparência da aplicação dos recursos do PAC das Cidades Históricas.

HISTÓRICO O primeiro cinema de Congonhas funcionou na Praça Mário Rodrigues Pereira.
Em substituição a esse, surgiu o Cineteatro Leon, idealizado pelo padre João Leonardo Pluymackers e construído por iniciativa das obras sociais da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, sendo inaugurado em 1961. De acordo com pesquisas das Fumcult, em meados da década de 1990, o prédio passou por um processo de restauração, mas desde então recebeu somente pequenas reformas pontuais.

A arquitetura do prédio parece ser influenciada pelo artdéco (“que usa formas aerodinâmicas, retilíneas, simétricas e ziguezagueantes”) na fachada principal. O estilo clássico está na decoração interna, seguindo o padrão de cinemas do período, com ornamentações estilizadas em gesso nas luminárias, no palco e nos forros. A alvenaria era de tijolos e concreto, e as esquadrias basculantes de metal e vidro. Os pisos eram de tacos de madeira. Os equipamentos foram adquiridos de segunda mão no Rio de Janeiro (RJ).

O Cine Teatro Leon pertence à Arquidiocese de Mariana e vinha sendo alugado pela Prefeitura de Congonhas. Graças a essa parceria que envolve o município, arquidiocese e BNDES, haverá uma carência no pagamento do aluguel, para amortizar o valor investido no imóvel.

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