Jornal Estado de Minas

Polícia interrompe velório de mulher que morreu após cirurgias plásticas em BH



A Polícia Civil começa a investigar a morte da atendente Renata Avelino Bretas, 35 anos, que morreu após passar por dois procedimentos estéticos em uma clínica na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A mulher era moradora de Itabirito, onde foi sepultada nesta terça-feira. Pela manhã, pouco antes do enterro, policiais interromperam a cerimônia informando que seria necessário fazer a autópsia do corpo. Ele foi levado para um posto médico da cidade, onde passou pelos procedimentos e depois foi liberado para o enterro.



Renata passou por duas intervenções na semana passada em uma clínica de cirurgia plástica na Clínica Forma, Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. Ela colocou próteses de silicone nos seios e fez lipoaspiração na região das axilas. 

Familiares de Renata que acompanhavam o velório no Cemitério Parque da Esperança disseram à reportagem da TV Alterosa nesta manhã que as cirurgias foram realizadas na quarta-feira passada, dia 17, e que ela passou mal já no pós-operatório. Ela foi atendida na clínica e liberada. A mulher passou mal em casa, voltou à clínica na sexta-feira para trocar os curativos, e passou mal na clínica novamente.Segundo os parentes, na segunda ela teve um novo episódio e chegou a ter convulsões.
Ela chegou a ser socorrida em um hospital de Itabirito, onde morreu. A causa da morte foi embolia pulmonar.

O cirurgião plástico Frederico Vasconcelos, que operou Renata, atribuiu a morte da paciente a uma fatalidade. “Foi uma infeliz variável de fatores da medicina”, disse na tarde desta terça-feira, durante entrevista coletiva. Segundo o médico, ela fez todos os procedimentos pré-operatórios, incluindo consultas com cardiologista e anestesista, e nada mostrou qualquer risco. Ele relatou que a paciente foi ao consultório dois dias depois para o retorno obrigatório do pós-operatório e que chegou andando e falando normalmente. Continuou conversando por mensagem com a enfermeira, dizendo que estava bem e reclamando apenas do desconforto dos curativos.

“Na segunda de manhã, o namorado dela comunicou à clínica que a Renata acordou bem, que o pai dela saiu para comprar algo no supermercado e, quando voltou, notou que a filha estava passando mal, entrado num quado de insuficiência respiratória”, contou.
“Quando acabei a cirurgia voltei a falar com o namorado e com o médico que prestava atendimento. O quadro, de acordo com ele, era de embolia pulmonar aguda, que pode ocorrer a qualquer momento e em questão de minutos.”

Sepultamento

 
O enterro de Renata estava marcado para as 10h, mas os familiares e amigos foram surpreendidos pela chegada da Polícia Civil, dizendo que seria necessário realizar a autópsia antes do enterro. As pessoas que estavam no local chegaram a chamar a Polícia Militar (PM), que compareceu ao local e ajudou a apaziguar os ânimos. 

O delegado que esteve no local informou que a ocorrência do caso seria feita hoje, mas como a mulher passou mal após uma cirurgia o caso precisa ser investigado. Uma médica legista foi chamada para realizar o procedimento, que deve levar uma hora, e depois o corpo será liberado para o sepultamento. 

Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Civil informou que, a princípio, não se constatou erro médico de forma grotesca. Mas é necessário aguardar a conclusão dos laudos periciais. Serão realizadas diligências preliminares e oitiva dos familiares para identificar se há indícios de crime.

Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Estado de Minas Gerais (CRM-MG) informou que soube da morte da paciente por meio da imprensa, e que realizará os procedimentos regulamentares necessários à apuração dos fatos. 

Ainda segundo o CRM, “os médicos citados nas reportagens e a clínica onde o procedimento ocorreu estão em situação regular perante o CRM-MG”. Ainda segundo a instituição, “todas as denúncias recebidas são apuradas de acordo com os trâmites estabelecidos no Código de Processo Ético Profissional (CPEP).
Os procedimentos correm sob sigilo. Obedecendo ao CPEP, somente as penalidades públicas impostas aos médicos denunciados podem ser divulgadas”. 
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