Túnel do tempo: uma rua sem carros e dezenas de rolimãs descendo ladeira abaixo. Sucesso nas décadas de 1970 e 1980, a tábua sob rodas convidou o belo-horizontino a voltar à infância ou simplesmente conhecer brincadeiras de outros tempos. Na tarde deste sábado, a Rua Magi Salomon, no Bairro Salgado Filho, na Região Oeste da capital mineira, foi palco do da 7ª edição do Mundialito de Rolimã do Abacate.
“O evento nasceu no Bairro Salgado Filho, onde eu e alguns amigos fundamos o Centro Cultural chamado Quilombo do Abacate – o que explica o nome da competição. Já fazíamos eventos valorizando a cultura negra e bandas independentes e já pensávamos em fazer um evento na rua da sede. Um dia, chegando na casa, ouvimos o barulho de um garoto descendo a rua de rolimã. Ficamos surpreso, há tanto tempo não via um carrinho.
Diogo conta que cresceu no Conjunto Califórnia, na Região Noroeste de Belo Horizonte, onde ganhou o seu primeiro carrinho de rolimã azul, dado por seu pai. “Tive a sorte de crescer em uma rua de trânsito local. Então, nós brincávamos muito na rua. Tive esse privilegio”, acrescentou o organizador, que aponta o quanto é importante tirar as crianças de frente das telas do celular para experimentar esse tipo de adrenalina e, talvez, alguns “capotes”. “Aprendi a lidar em sociedade brincando na rua, conhecendo vizinhos e, principalmente, dividindo a rua. Hoje, a rua tem outro status. A rua se tornou um lugar de passagem e não de permanência.
NOSTALGIA Ítalo Coutinho, de 42 anos, levou o filho Felipe, de 5, para curtir o dia em família e relembrou os dias de brincadeira na cidade de Bom Despacho, na Região Centro-Oeste. “Já é o terceiro ano que a gente vem. Quando era criança, andava muito de rolimã. Vir aqui é vivenciar tudo de novo e ao lado dos nossos filhos. É muito legal”, contou ele.
Há três anos, eles construíram o carrinho juntos – algo que parece muito distante das brincadeiras infantis de 2018: “Compramos a madeira e fizemos. O Felipe ajudou a colorir com giz.
O médico Fabiano Prado, de 40, foi convidado por um dos amigos da época de criança com quem andava de rolimã. Nascido no município de Gouveia, no Vale do Jequitinhonha, a tarde era marcada pelas competições com os amigos. Desta vez, ele dividia o carrinho com a filha Nathália, de 2 anos. Ela, que estava estilosa com um conjunto rosa-choque e óculos de sol, gostou muito da experiência. “Fico muito feliz de poder passar isso pra ela desde pequenininha”, disse o pai.
A competição reuniu participantes nas categorias estilo, manobra e velocidade. Antes, durante e depois da disputa, os competidores e o público foram animados por djs, além de cerveja gelada e muita diversão em família que uniu gerações.