O fechamento da Praça da Liberdade, cartão-postal de Belo Horizonte, evidenciou uma de suas características. O que lhe dá vida e ainda mais charme são as pessoas. Vista de cima, vazia, os tapumes instalados no início do mês escondem um local quase morto, clamando por cuidados, com terra à vista no lugar do gramado. A vegetação restante está seca. E a imagem lembra fotos antigas da capital, num tom amarelado, sem ninguém por ali. Ontem, foi dia de quebrar esse cenário e, hoje, um dos símbolos da capital mineira amanhece como de hábito: colorida e viva. Não pelo fim das obras, previstas para durarem até novembro. Mas, por outro tipo de intervenção: a da arte.
Leia Mais
Colorido toma conta da Praça da Liberdade com grafite de 54 tapumesPintura de tapumes altera trânsito na Praça da Liberdade no domingo Cemig abre concurso para escolher iluminação de Natal da Praça da LiberdadePraça da Liberdade será entregue com mais árvores do que antes, diz IephaMemorial Minas Gerais Vale oferece interatividade em ambiente futuristaGrafites em tapumes da Praça da Liberdade serão finalizados nesta terça-feiraAs alamedas da Educação e da Segurança, onde hoje estão o Memorial Vale, Museu das Minas e do Metal (MM Gerdau) e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) foram fechadas para que as pessoas pudessem circular e ver o trabalho sendo feito e ainda curtir a programação do dia. Foodtrucks, brinquedos infláveis e pula-pula fizeram a alegria de quem ontem visitou o local. A iniciativa foi idealizada e organizada em apenas 10 dias pelo Instituto Amado (cujo objetivo é reconectar a cidade com os moradores por meio da arte pública e da educação), a Galeria de Arte Quartoamado e profissionais individuais, com apoio da Prefeitura de BH (PBH). “Alguém deu a ideia de um festival de grafite para colorir o principal cartão-postal da cidade. Procuramos a Prefeitura de BH (PBH), que apoiou a ideia”, conta um dos organizadores, Gustavo Ziller. “Este é o maior museu temporário a céu aberto da América Latina”, afirma.
O chamamento dos interessados ficou disponível on-line por cinco dias.
Uma das artistas é a grafiteira Nayara Géssica Moreira, a Nica, que trabalhou com as letras estilizadas que são sua marca registrada.
Já o grafiteiro Alexandre Júnior apostou no humor ao desenhar Neymar caindo, numa referência à polêmica que envolveu o jogador brasileiro na Copa do Mundo 2018.
CONTEMPLAÇÃO Para quem passou pela Praça da Liberdade, foi oportunidade de contemplação. A administradora Marília Castro, de 57 anos, mora fora de Belo Horizonte há mais de 20 anos e esta semana está na capital para vistar a mãe. Fazendo caminhada, ela aproveitou para tirar fotos e guardar de recordação. “Levei um susto com a Praça fechada. Sempre que venho a BH faço questão de me hospedar próximo daqui. Aproveito para correr e caminhar.
A revitalização completa do complexo turístico é tocada pela prefeitura, pelo governo do estado, por meio do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha/MG), e por uma empresa privada. A praça vai passar por uma renovação do sistema de iluminação, restauração do coreto, da estátua Ninfa e do piso da pista de caminhada, reinstalação das placas de monumentos e a reformulação do mobiliário. Ela vai receber equipamentos com padrões arrojados de design com a renovação de bancos e lixeiras. O espaço foi inaugurado em 1897 e foi tombado como patrimônio há 40 anos pelo Iepha.
Na tarde de ontem, o prefeito Alexandre Kalil (PHS) visitou os painéis de grafite que cercam a Praça da Liberdade. O prefeito conversou com alguns grafiteiros, tirou fotos com pessoas que passam pela cidade e ouviu pedidos por mais apoio a eventos culturais da capital mineira. Sobre o projeto “Mural da Liberdade”, o prefeito elogiou a parceria de órgãos municipais com entidades privadas e movimentos artísticos da cidade.
Sem citar nomes, ele afirmou que já espera críticas de vereadores “que só sabem achar defeitos e brincar de internet”.