Os atentados contra ônibus, estabelecimentos comerciais e repartições públicas ocorridos em Minas Gerais desde 3 de junho, que levaram à destruição de 28 veículos de transporte público em 42 municípios até o dia 16 daquele mês, obrigaram a segurança pública mineira a um rearranjo. Algo também necessário devido ao fato de as ordens para essas ações terem partido da organização criminosa paulista que age nos presídios brasileiros, o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em 2006, esse sindicato do crime tornou refém a cidade de São Paulo, com atentados contra policiais, guardas municipais, bombeiros e estabelecimentos públicos, o que obrigou o estado a negociar com presos do sistema carcerário. Entre as medidas mineiras está uma troca sistemática de inteligência entre as forças de segurança pública locais, paulistas e das esferas federais, a transferência e o isolamento de presos que lideram o movimento e o lançamento de mais operações para a prisão de quem participou dos atentados, chegando a 90 detenções e a 16 apreendidos. “A troca das informações de inteligência foi uma ação de Estado que permitiu identificar e desarticular as lideranças atuantes em Minas Gerais. Isso se tornou uma atividade contínua e importante para a prevenção”, disse o superintendente de Investigação e Polícia Judiciária da Polícia Civil, Carlos Capistrano.
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A operação de ontem foi denominada 1533, que é a representação numérica das letras do alfabeto que formam a sigla da organização criminosa. Foi muito abrangente, com 27 mandados de busca e apreensão cumpridos no Sul de Minas, Triângulo e Alto Paranaíba. Três suspeitos foram presos em Uberaba, Patrocínio e Bom Repouso, e outros três se encontram foragidos.
NORMALIDADE Segundo o comandante-geral da PM, o Coronel Helbert Figueiró de Lourdes, a situação atual é de volta à normalidade.
A próxima fase de atuação da força-tarefa vai buscar identificar e deter as pessoas que praticaram os atentados. Líderes e subalternos terão seus crimes identificados e responderão por integrar organização criminosa com emprego de arma de fogo, associação para o tráfico, dano qualificado, incêndio em edifício público e veículo de transporte coletivo.
Invasão do crime paulista
Veja o estrago feito pelos bandidos e a reação das forças de segurança de MG
28
ônibus destruídos entre 3 e 16 de junho
42
municípios registraram ataques
90
pessoas presas e 16 adolescentes apreendidos
28
líderes do PCC identificados e denunciados pelo Ministério Público
22
desses líderes estavam encarcerados, um em instituição federal
3
cabeças foram detidos
3
pessoas estão foragidas
Principais atitudes para o enfrentamento aos ataques
» Informações da inteligência do Ministério Público e das polícias Militar e Civil foram compartilhadas após determinação do Executivo. Essa política permanece
» Órgãos da União colaboraram com informações, entre eles a Polícia Federal e o Ministério Público Federal
» Policiais mineiros foram a São Paulo, berço da facção criminosa, para intercâmbio com colegas do estado vizinho
» Identificação sistemática das lideranças
» Remanejamento de todas as lideranças da facção criminosa para presídio não revelado, onde cumprirão suas penas em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), presos em celas individuais e grande rigidez nas comunicações com o mundo exterior – por exemplo, familiares e advogados
» Operações, agora, identificarão os criminosos que foram acionados para os ataques
» A rede de informações criada pretende ser capaz de antever novos ataques e movimentações da organização em Minas Gerais
Razões identificadas para os crimes
» Rigidez do sistema carcerário mineiro
» Vingança por mortes de criminosos da facção
» Retaliação por prisões e apreensões
» Oportunistas não ligados ao crime organizado se aproveitando da situação
Fonte: PMMG, Polícia Civil e MPMG