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Estado de Minas

PM apela à população para denunciar autores de incêndios a ônibus e amplia buscas

Com o apoio de Kalil, empresas reiteram que vão suspender circulação de veículos quando houver risco de ataques. Autoridades pedem ajuda da população para evitar os incêndios


postado em 28/06/2018 06:00 / atualizado em 28/06/2018 07:54

Policiais militares fazem buscas na Vila Mãe dos Pobres, na Região de Venda Nova, de onde teria partido ordem para ataques a ônibus (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Policiais militares fazem buscas na Vila Mãe dos Pobres, na Região de Venda Nova, de onde teria partido ordem para ataques a ônibus (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
 

De um lado, nova ameaça de retirada de ônibus em caso de incêndios a coletivos em Belo Horizonte. Essa é a promessa dos empresários para evitar que as frotas sejam atacadas, já que os coletivos queimados de forma criminosa não serão substituídos na cidade. De outro, um pedido das autoridades para que a população denuncie criminosos e ajude as forças de segurança a evitar ataques, já que mesmo com 68 prisões de incendiários desde janeiro de 2016 em BH, 58 deles voltaram às ruas e os crimes não cessam. Esse é o resultado de uma reunião com a participação do prefeito Alexandre Kalil (PHS) e do governador Fernando Pimentel (PT) para tentar articular ações de segurança que possam evitar os ataques, que tiveram os dois últimos casos na terça-feira, na Região de Venda Nova. São 14 ocorrências de janeiro até ontem na cidade, seis a menos do que as 20 do mesmo período do ano passado. O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra/BH), Joel Paschoalin, foi direto e disse que os ônibus serão removidos se as empresas entenderem que há risco, como ocorreu na noite de terça-feira, após os dois ataques, argumento que foi aceito pelo prefeito Alexandre Kalil. As estações Pampulha, Vilarinho e Venda Nova tiveram falta de ônibus, deixando a população na mão.

O sindicato já havia feito esse alerta no início do mês e voltou à carga. “O que decidimos internamente ontem é que, caso a gente veja que há risco iminente de novos incêndios, de pôr em risco uma região ou uma linha com a queima de veículos, iremos recolher os coletivos até a situação acalmar, e voltar com o dia claro. Serão recolhidos os veículos daquela linha, daquela região. Vamos medir junto com a Polícia Militar, Guarda Municipal e prefeitura o grau de risco da situação, como foi ontem. Pode acontecer apenas em uma linha localizada, mas se a gente identificar que haverá risco de novos incêndios vamos parar o serviço imediatamente”, diz Joel Paschoalin. Kalil seguiu a mesma linha e destacou que a prefeitura não pode obrigar as empresas a manter os coletivos com risco. “Isso se tornará a rotina na vida do belo-horizontino, porque o poder público não pode obrigar as empresas a colocarem um aumento de frota na rua para ser incendiado. Então, é um problema que a comunidade vai ter que tomar conta junto com a Polícia Militar e com a Guarda Municipal, que a comunidade vai ter que denunciar”, diz Kalil. 

 

FILTRO A convocação da comunidade para denunciar os casos ganha mais corpo com uma das ações definidas pelas autoridades para tentar frear o problema. Segundo o comandante-geral da PM, coronel Helbert Figueiró de Lourdes, o Disque Denúncia (telefone 181) vai filtrar mensagens que apontem para informações sobre incêndios em coletivos. O objetivo é denunciar criminosos que estejam na iminência de praticar os delitos, para subsidiar a atuação policial. Isso porque apenas prender os criminosos não tem surtido efeito. A PM informou que de janeiro de 2016 até ontem prendeu 68 incendiários de coletivos da cidade, mas 58 eles estão soltos e os outros 10 certamente estão presos por crimes de maior gravidade. Figueiró descartou qualquer ligação dos ataques em BH com a onda de incêndio vivenciada em Minas no início do mês. “Essas queimas de ônibus decorrem de uma postura de retaliação da criminalidade em face de alguma intervenção policial”, afirma. O comandante-geral também prometeu intensificação em ações já praticadas atualmente, como reforço do patrulhamento nos itinerários de coletivos onde há mais incidência criminal.

A fala do comandante-geral vai ao encontro das averiguações da PM nos dois últimos casos de ataques em BH. De acordo com o tenente-coronel Valmir Fagundes, comandante do 49º Batalhão, desde segunda-feira militares têm feito operações na Vila Mãe dos Pobres, no Bairro Jardim Leblon, como parte da estratégia da polícia nos locais já conhecidos pela prática de crimes na Região de Venda Nova. O militar acredita que os ataques a dois ônibus, ainda na terça-feira, foram retaliações dos bandidos às ações para combater a criminalidade. Um dos coletivos, da linha 640 (Estação Venda Nova/Jardim Lebon), foi incendiado por pelo menos seis homens na Rua Cônego Trindade, no Bairro Jardim Leblon, Região de Venda Nova, onde ontem se concentraram parte das ações da PM. Um dos bandidos estava armado e rendeu motorista e passageiros. 

MAIS UM CASO
À noite, ainda na terça-feira, por volta das 20h, outro coletivo foi alvo de ataque. Segundo a PM, o motorista da linha 615 (Estação Pampulha/Céu Azul B) disse que seguia pela Rua Radialista Mário Batista, no Bairro Céu Azul, quando um homem deu sinal para embarcar. Em seguida, pessoas usando toucas ninja e camisas na cabeça se aproximaram do coletivo e mandaram todos descerem, dizendo que colocariam fogo no veículo. Eles espalharam um líquido inflamável na parte de trás do ônibus e começaram o incêndio. Depois, fugiram para o Aglomerado Mãe dos Pobres. Conforme a PM, o motorista usou um extintor para apagar as chamas. Um morador usou uma mangueira para ajudar. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Polícia de Venda Nova. Até o momento, nenhum suspeito do ataque foi preso.

Antes do segundo ataque, o tenente-coronel Valmir Fagundes informou que a PM teve notícia de que outro ônibus seria alvo de incendiários e a PM agiu para evitar o crime. “Prendemos um suspeito em uma moto, sem habilitação e com um galão para transporte de combustível. Ele tem passagens por tráfico de drogas e tentativa de homicídio. É conhecido pela participação no tráfico na região”, diz o tenente-coronel. Logo depois, em continuidade das ações para fechar o cerco ao crime, os militares apreenderam na Vila Mãe dos Pobres quatro armas de fogo. Já na tarde de ontem, nova apreensão na mesma vila: 50 quilos de maconha na casa de Ednaldo dos Santos de Oliveira, vulgo Dedé, chefe do tráfico local. Em outro imóvel pertencente ao mesmo suspeito, a PM apreendeu uma pistola 765, mesmo calibre usado para efetuar disparos em um dos ônibus incendiado ontem. Ele foi preso e conduzido para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. 


MANDANTE
Dedé é apontado como o mandante da queima de dois ônibus na região de Venda Nova. De acordo com o capitão Bonacorsi, os ataques teriam sido cometidos em represália às ações policiais na Vila Mãe dos Pobres, contra o tráfico de drogas. O suspeito nega os crimes. “Já tínhamos informações de que Dedé seria o principal suspeito. Ele emitiu ordens para o ataque em represália às ações contra o tráfico de drogas no aglomerado”, explicou o capitão. “Ele ficou bastante exaltado e negou todos os fatos. Mas tanto a comunidade quanto os policiais militares o apontam como o chefe do tráfico de drogas na região”, disse o capitão. 


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