Jornal Estado de Minas

Copa do Mundo no Brasil: o que saiu do papel e o que ficou na promessa


Quatro anos se passaram desde a realização da Copa do Mundo 2014 no Brasil e o que restou como legado foram obras de infraestrutura inacabadas que, agora, fazem parte do cenário da capital mineira. É o caso do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, na região metropolitana, que ainda não teve 100% da ampliação concluída, e do trecho da Via 710, que entra no quarto ano de obras e promete ligar as regiões Leste e Nordeste. Entretanto, a cidade teveresultados positivos, como o BRT, sistema de transporte rápido por ônibus, batizado de Move, que agilizou a vida de muitos belo-horizontinos, e a Via 210, que conecta a Via do Minério e a Avenida Tereza Cristina – duas artérias de grande capacidade e abrangência metropolitana.

“Tenho que dar a maior volta para entrar na estação. Com o meu filho de colo, não consigo atravessar aqui, pois é muito perigoso. O trânsito também fica todo parado em horário de pico, fica muito difícil”, conta Amanda de Oliveira Santos, de 21 anos, sobre o trecho da Via 710, que, segundo previsão, deve ser liberada em dezembro. É o plano para que motoristas da capital trafeguem no percurso entre as avenidas José Cândido da Silveira e Cristiano Machado. A intervenção completa está programada para o segundo semestre de 2019, aproximadamente três anos depois do previsto, abrindo um novo trajeto entre as avenidas dos Andradas e Cristiano Machado. Porém, segundo a PBH, desapropriações e remoções que se arrastam na Justiça podem atrasar o cronograma.
A obra conta com investimento de cerca de R$ 120 milhões, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Das obras previstas para o Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, as principais intervenções programadas não ficaram prontas quatro anos após o Mundial. No local, há obras paralisadas desde setembro de 2014. A BH Airport, concessionária que administra o terminal, informa que a empresa assumiu as operações em agosto do mesmo ano, logo após a Copa. “As obras previstas para o terminal de passageiros foram paralisadas. Para assegurar conforto aos passageiros e usuários, além de garantir eficiência operacional, a BH Airport realizou intervenções no escopo dessas obras de responsabilidade da Infraero, ao longo de 2015 e 2017, que chegaram a R$ 130 milhões”, explica a empresa por meio de nota. Atualmente, a concessionária mantém negociações com o poder concedente e a Infraero para avaliar a maneira de retomar e concluir esses projetos, que incluem a ampliação e modernização do terminal existente e o término da ampliação e reparos no sistema de pistas.

MOBILIDADE Os investimentos da última Copa contemplaram obras para melhorar a mobilidade urbana da cidade. O Move Cristiano Machado, por exemplo, começou a ser construído em setembro de 2011 e concluído em abril de 2014.
O sistema, que teve investimento de R$ 55,11 milhões, faz a ligação entre o Centro e as regiões Leste, Nordeste e Norte de Belo Horizonte e facilitou a vida de muita gente, como a do militar aposentado Apolônio Moreira, de 70. “Pego o BRT todos os dias. Vou para o Mercado Central, para a Savassi. Acho que ficou melhor, com mais opções. O trânsito também melhorou muito, ficou mais rápido. Antes, demorava muito para pegar um ônibus cheio e sem ar-condicionado”, conta. Porém, ele diz ter aumentado o número de usuários na região, portanto, “ainda tem que melhorar”. A faxineira Sirlene Francisca, de 43, concorda: “Ônibus muito cheio.
É uma obra da Copa que a cidade ganhou, mas precisamos aperfeiçoar”.

Com duas estações de integração – São Gabriel e José Cândido da Silveira – e nove de transferência, o corredor de 7,1 quilômetros de extensão atende à demanda de 300 mil passageiros por dia e funciona também como alternativa de acesso ao Mineirão. Outra obra que auxiliou na mobilidade da cidade foi a do Boulevard Arrudas, que teve início em junho de 2010, na Avenida Tereza Cristina. Foram realizadas obras de recuperação da laje de fundo, paredes e estrutura de recobrimento do canal do Ribeirão Arrudas, criando novas pistas de rolamento. Na mesma via, foi construído o Viaduto Itamar Franco sobre a linha do metrô. O elevado tem 439 metros de extensão, três faixas em cada sentido e dá vazão a 86 mil veículos por dia.

Depois de ficar dois anos e meio fechado por causa das obras da Copa 2014, o Mineirão começou novo capítulo em dezembro de 2012. Com custo total de R$ 666,3 milhões, o Mineirão recebeu investimentos em três fases. A primeira e a segunda foram com dinheiro público, no total de R$ 11,8 milhões aplicados pelo estado. A terceira e mais onerosa foi por meio de uma parceria público-privada (PPP), em que a concessionária Minas Arena injetou R$ 654,5 milhões para a reforma..