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Estado de Minas

Escolas de BH apostam em programas de 'high school'

Escolas da capital apostam em programas de certificação internacional para facilitar o ingresso de estudantes em instituições de ensino superior nos Estados Unidos e no Canadá


postado em 12/05/2018 06:00 / atualizado em 12/05/2018 08:16

Márcio Horta destaca o equilíbrio da matriz pedagógica trazida do Canadá(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Márcio Horta destaca o equilíbrio da matriz pedagógica trazida do Canadá (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Concluir o ensino médio tendo em mãos o diploma da educação básica do país e, simultaneamente, outro com passaporte carimbado para estudar em universidades da América do Norte. Parece um sonho, mas já é realidade para muitos estudantes de escolas em Belo Horizonte que vêm apostando em programas de certificação internacional para credenciar seus alunos a pleitear vagas em instituições estrangeiras. Para especialistas, a vontade de ganhar o mundo e situação econômica e política do Brasil têm acelerado um processo que se intensificou nos últimos anos.

No Colégio Santo Agostinho, programa de educação internacional permite aos estudantes concluir o ensino médio no Brasil e, automaticamente, obter o diploma de high school (o equivalente ao ensino médio brasileiro) no Canadá. O aluno que opta por essa modalidade não tem qualquer perda do currículo nacional – que é preservado integralmente – e faz os dois cursos simultaneamente. No momento, 80 alunos participam do programa, oferecido a partir do 9º ano do ensino fundamental, mediante uma prova de inglês que avalia se o estudante tem condições de seguir as aulas, ministradas durante três vezes por semana no contraturno, em local específico, a Casa do Canadá.

“Um dos segredos que temos desenvolvido é o equilíbrio da matriz pedagógica que estamos trazendo do Canadá. São matérias complementares, mas que permitem cumprir com o currículo canadense. Ao fim de dois anos, o aluno sai com o histórico escolar com todas as matérias naturais do ensino médio brasileiro e todas que são requeridas no canadense. As matérias da grade canadense também são reconhecidas no histórico do aluno no Brasil, inclusive pela Secretaria de Educação, da mesma forma que o daqui é integralmente reconhecido pelas autoridades canadenses”, afirma o superintendente da Sociedade Inteligência e Coração (SIC), mantenedora do Colégio Santo Agostinho, Márcio Horta.

O programa tem duração de dois anos. Entre as disciplinas, estão empreendedorismo, estudos midiáticos e questões mundiais. Ele é resultado de uma parceria com a Atlantic Education International (AEI), de New Brunswich, no Canadá. Ao longo desse período, os alunos estudam três disciplinas por semestre, todas ministradas por professores que têm o inglês como primeira língua. Dessa forma, o projeto propõe uma imersão na cultura do Canadá, por meio do aprendizado da cultura local, geografia, tradições e idioma oficial. Para complementar, é oferecido um serviço exclusivo de coaching, que tem por objetivo ajudar os estudantes a aprimorar suas habilidades, gerir bem o tempo e aumentar a disciplina e a dedicação.

Outro que também oferece o high school é o Colégio Unimaster, no Bairro Buritis, na Região Oeste de BH. Seu programa de dupla certificação contempla o currículo norte-americano por meio de uma parceria no Brasil do Grupo SEB com a Keystone, uma das maiores instituições de ensino da terra do Tio Sam. “O curso oferece disciplinas do currículo estrangeiro com aulas ministradas em inglês no contraturno, capacitando o aluno a desenvolver competências e habilidades para conviver em um mundo globalizado e para ter mais chances de estudar nas melhores universidades do mundo”, comenta a diretora Eliane Veloso.

No Coleguium, a parceria para certificação da high school é com a Universidade do Missouri, nos Estados Unidos. A língua inglesa é usada no contexto acadêmico e profissional. Para a diretora da unidade Belvedere Internacional do Coleguium, Kátia Pontone, a internacionalização da escola tende a impulsionar o programa. O Coleguium tem agora duas unidades voltadas ao ensino bilíngue e abarca alunos a partir de 2 anos de idade. “A chegada dessas unidades aflora esse processo um pouco mais. Chegaremos num ponto em que a certificação será automática no nosso colégio”, diz.

Em busca de cursos não convencionais
Daniella Nunes é ex-aluna do high school do Colégio Santo Agostinho(foto: Bernardo Dias/Divulgação)
Daniella Nunes é ex-aluna do high school do Colégio Santo Agostinho (foto: Bernardo Dias/Divulgação)

Se há cinco anos 90% dos alunos que tentavam uma vaga em faculdades no exterior pensavam em carreiras clássicas, a exemplo da engenharia, economia ou administração, hoje estão de olho em cursos não convencionais, como cinema, design de games e outros relacionados a esporte e entretenimento. É o que diz o consultor educacional Bernardo Soares Cozzi, ao analisar a mudança de perfil desses estudantes. Cozzi, que prepara alunos do ensino médio para processo seletivo de universidades dos Estados Unidos e Canadá, se formou em business numa faculdade dos Estados Unidos quando terminou a educação básica no Brasil.

Ele chama atenção para um outro aspecto desse processo: “É mentira dizer que entrar nessas faculdades é fácil. Mudou o perfil dos alunos, mas um aspecto não mudou: eles são de famílias de classe média alta para cima. O aluno tem que ser muito brilhante para conseguir vaga com bolsa completa, sem pagar nada. A família tem que entender que o custo para estudar fora é, no mínimo, igual ao de uma faculdade privada no Brasil”, afirma. Segundo ele, é comum estudar com bolsas, que variam de 30% a 40% e podem ser obtidas segundo critérios que as instituições valorizam, como mérito (notas altas no histórico escolar e na certificação, por exemplo) ou por meio de esporte ou habilidades artísticas. São poucos os casos de quem paga o valor integral.

Assim, só o custo referente ao estudo varia de US$ 12 mil a US$ 15 mil por ano, cerca de R$ 43,2 mil a R$ 54 mil. Quando se consideram as despesas totais (nas faculdades estrangeiras a mensalidade compreende alimentação, moradia, seguro-saúde, entre outros, a média anual de gastos é de US$ 25 mil (R$ 90 mil). A faculdade completa, sem bolsa, fica em US$ 45 mil por ano (R$ 162 mil).

Ex-aluna do high school do Colégio Santo Agostinho, Daniella Nunes, de 18 anos, foi aprovada no Canadá em duas universidades: Lakehead University, em biomedicina e biotecnologia; e na Simon Fraser University, no curso de engenharia. Ela conseguiu bolsa parcial nas duas faculdades por causa das notas. Em março, foi ao Canadá conhecer as duas instituições e diz que se encantou. A jovem tem que se decidir até agosto, pois as aulas terão início em setembro. “Quando vi meu nome na lista de aprovados, acho que foi o maior alívio que já senti na minha vida”, conta.

“Quando comecei o high school no colégio, não poderia imaginar que seria tão legal. O método de ensino é diferente, com aulas mais interativas, interessantes e dinâmicas. Aprofundamos mais os temas e existe uma grande troca de conteúdos entre os próprios alunos. Aprendemos as matérias com mais facilidade, porque somos protagonistas”, relata a menina, que no Brasil foi aprovada em odontologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em primeiro lugar em medicina na Faculdade de Ciências Médicas e no mesmo curso na PUC Minas.


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