Investidas ousadas de organizações criminosas que têm causado pânico entre mineiros em violentos ataques a bancos e outras instituições financeiras entram na mira da Polícia Federal como uma das prioridades. O novo superintendente da corporação em Minas, delegado Rodrigo de Melo Teixeira, estabelece como um dos desafios de sua gestão intensificar a guerra às quadrilhas. Integrantes de uma ofensiva que se tornou conhecida como “novo cangaço”, os assaltantes vêm espalhando terror em cidades do interior, especialmente aquelas com pequeno efetivo policial, em alguns casos inclusive com sequestro de familiares de bancários. Para o combate, o novo chefe da PF em Minas anuncia que reuniões para tratar do assunto devem ser marcadas já a partir da próxima semana, com forças de segurança estaduais e integrantes do Exército.
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Bandidos atiram contra PM e furtam dinheiro de bancos no interior de MinasGrupo é preso após sequestrar parentes de gerente de banco em CaetéGrupo especializado em ataques a banco troca tiros com a PM e casas são atingidasBandidos atacam bancos e fazem trabalhador refém no interior de MinasQuadrilha cerca casa de PMs e quartel para atacar agência bancária em MinasQuadrilhas especializadas em ataques a bancos agem em Minas e matam moradorCriminosos atacam banco no interior de Minas e matam morador com tiro na cabeçaCaminhão invade contramão, arrasta veículos e para em barranco no Anel Rodoviário de BHPM morre e outras três pessoas ficam feridas em acidente na MG-010A aposta do delegado Rodrigo Teixeira é atacar esse tipo de crime com troca de informações entre polícias e inclusive integrantes das Forças Armadas. “Uma das prioridades neste início de trabalho é uma atuação forte com as forças de segurança estadual, como polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros, e inclusive o Exército, contra essa criminalidade chamada de cangaço moderno”, afirmou.
FORTALECIMENTO O delegado anuncia que começará a ter contato pessoal com representantes de cada corporação a partir da próxima semana, com a proposta de alinhar ações. “A ideia é a gestão compartilhada. Aquilo que cada instituição tem obrigação de fazer será feito com apoio das outras. A sinergia é muito importante, com cada um na sua área, com sua expertise no segmento”, afirma. “Já existe um trabalho nesse sentido. Nossa intenção é fortalecer esse tipo de combate”, completa.
O estado já mantém uma força-tarefa e um protocolo de ação para combater crimes do tipo. Entre 2016 e 2017, segundo dados do setor de segurança pública, houve redução de 31% no número de casos.
Diante disso, em 10 de janeiro a Polícia Civil criou a Delegacia Especializada em Investigação e Repressão ao Roubo a Banco. Uma das estratégias é formar atiradores de elite para atuar em ações de combate aos arrombamentos de bancos e caixas eletrônicos. A nova unidade terá ainda viaturas, inclusive descaracterizadas, e armamento mais pesado. Porém, para que os planos surtam efeito ainda é aguardada a assinatura da resolução que oficializa o novo braço da Polícia Civil, que funcionará no prédio do Departamento de Operações Especiais (Deoesp).
AFRONTA A sucessão de ataques das organizações criminosas indica que os esforços já empenhados são insuficientes para fazer frente à ousadia dos assaltantes. Somente nos primeiros 32 dias deste ano, pelo menos seis ações foram registradas em território mineiro, segundo levantamento feito pelo Estado de Minas. A última delas ocorreu na madrugada de ontem, quando ladrões fortemente armados explodiram os cofres de duas agências bancárias em Rio Paranaíba, na Região do Alto Paranaíba. Dezenas de tiros foram disparados, assustando os moradores.
De acordo com a Polícia Militar, o grupo chegou à cidade por volta de 1h20, em duas caminhonetes e um Gol.
Sob a cobertura de comparsas que mantinham à bala policiais afastados, ladrões colocaram explosivos dentro da agência e conseguiram explodir o cofre. De acordo com a PM, todo o dinheiro que estava no compartimento foi furtado. Antes de deixar a cidade, a quadrilha ainda foi ao Banco Bradesco, na mesma rua, onde também explodiu a caixa-forte. Segundo a PM, os dois bancos haviam sido abastecidos com dinheiro anteontem, principalmente para pagamento de funcionários públicos do município. A quadrilha fugiu pela MG-230 e nenhum suspeito de ter integrado a ação foi detido.
SEQUESTRO Já em Caeté, na Região Metropolitana de BH, familiares de um gerente de banco viveram horas de terror nas mãos de integrantes de outra quadrilha. Criminosos armados invadiram a casa onde o bancário mora, no Bairro Paineiras, e renderam os moradores. Em um momento de descuido, uma das vítimas conseguiu fugir e pedir socorro em uma companhia da polícia.
O perfil do superintendente
O delegado Rodrigo de Melo Teixeira foi empossado na última terça-feira no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Mineiro de Barbacena, ele iniciou a trajetória na Polícia Federal em 1999. Chefiou a Delegacia de Repressão ao Tráfico de Entorpecentes em Tocantins e a Delegacia de Polícia de Imigração em Minas Gerais e exerceu a função de corregedor e de delegado regional executivo em Minas, além de ter trabalhado no Núcleo de Combate a Crimes Financeiros. Também no estado, foi secretário-adjunto de Defesa Social e presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente. Exerceu ainda a função de diretor da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal (ADPF-MG) por dois mandatos.