Jornal Estado de Minas

Minas registra outra morte por febre amarela; em BH, população reclama das filas para vacina


O surto de febre amarela fez mais uma vítima em Minas Gerais. Um trabalhador rural, que morava em Alvinópolis, na Região Central do estado, teve a morte por complicações da doença confirmada pelo município ontem. Apesar de a Secretaria de Estado e Saúde (SES/MG) ainda não ter oficializado a morte, fato que deve ocorrer hoje com a publicação do informe epidemiológico, a febre amarela já matou ao menos 30 pessoas em Minas Gerais desde junho de 2017. No último boletim, publicado na terça-feira passada, o número de mortes contabilizadas pela SES era de 25. Enquanto os números engrossam, a preocupação com a febre amarela leva a população a encher os postos de saúde à procura da vacinação. O resultado foi a longa espera por atendimento, que pode chegar até três horas.

A última morte apurada pelo Estado de Minas foi a de um homem, de 67 anos, que faleceu em Alvinópolis. Ele não havia tomado a vacina que previne a doença. Segundo a Secretaria de Saúde da cidade, os exames que constataram o diagnóstico por febre amarela foram liberados pela Fundação Ezequiel Dias em 26 deste mês.
O idoso morrem no último dia 24. Cristina Mendes Romão, coordenadora municipal de Vigilância e Saúde, explica que a cidade só tinha registrado esse caso da morte até a manhã de domingo. “Esse foi o único caso aqui em Alvinópolis. Nós já estamos com cobertura vacinal de mais de 90% da população e indo de casa em casa. A ação começou na área rural, de maior risco, por fazer divisa com cidades que tiveram outros casos”, disse. Apesar do alto índice de imunização, Cristina reclama da falta de procura da vacina por parte dos moradores. “Nós temos vacina suficiente para a população inteira da cidade, o que tem faltado mesmo é a procura por parte da população”, lamentou.

Além do óbito em Alvinópolis, a Secretaria de Municipal de Juiz de Fora, na Zona da Mata, também registrou uma morte pela doença.
Já em Belo Horizonte, as autoridades confirmaram na última sexta-feira que a cidade registrou o terceiro óbito pela endemia. A vítima tinha 42 anos e morava na Região Oeste da capital, mas contraiu a doença na região metropolitana.

Enquanto isso, a procura por imunização continua por postos de saúde na cidade com o aumento de mortes pela doença em Minas. Nas filas, muita reclamação pela demora do atendimento. O subgerente de estacionamento, Bruno Guilherme da Silva, de 33, foi um deles. “Eu cheguei no posto às 13h30, mas fui atendido 16h30. Senhas estão sendo distribuídas. Mas a demanda está muito alta e o posto conta apenas com uma pessoa para verificar o cartão”, contou. Ele disse que muitos esquecem e/ou não levam o documento comprovando a vacinação, atrasando o procedimento.
“Me vacinei quando criança, tem mais de 25 anos. Depois das últimas notícias, decidi procurar o posto”, acrescentou. Ele foi ao Posto de Saúde Carlos Chagas, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul.

Em abril de 2017, foi adotada a dose única da vacina contra febre amarela no Sistema Único de Saúde (SUS) em Minas Gerais. Isso significa que apenas uma dose é capaz de imunizar por toda a vida, não havendo mais a necessidade de reforço. A medida foi proposta pelo Ministério da Saúde, que recomenda a dose única seguindo orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em resposta, a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMSA), informou, por meio de nota, que o Centro de Saúde Carlos Chagas contou ontem com “quatro profissionais de saúde para vacinação: duas na sala de vacina, uma fazendo o cadastro e uma na organização das filas (…) e por se tratar de uma unidade localizada na área hospitalar, a procura de pacientes não cadastrados tem sido ainda maior”. Além disso, a PBH reforçou que “a vacina contra a febre amarela pode ser encontrada em todos os 152 centros de saúde ao longo de todo o ano”.



CASOS SUSPEITOS O número de mortes confirmadas também pode subir. Um homem de 41 anos morreu no domingo em Barbacena, Região Central de Minas Gerais, com suspeita de estar contaminado pelo vírus da febre amarela. Esse é o quarto óbito registrado na cidade em 2018 que será investigado pela Funed. De acordo com uma nota assinada pelo Secretário Municipal de Saúde, José Orleans da Costa, a vítima morava em Ouro Branco, mas estava internada em estado grave no Hospital Regional de Barbacena desde o último sábado. A equipe médica constatou que o homem teve falência múltipla dos órgãos e febre hemorrágica.

Agora, com a morte de domingo, Barbacena tem quatro óbitos em investigação por suspeita de febre amarela.
A regional de saúde da cidade, inclusive, está no decreto de situação de emergência que foi assinado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), em 20 de janeiro e alterado no dia 25. Outros 11 pacientes estão internados também com suspeita da doença. Segundo o município, a zona rural conta com visitas de casa em casa pelas equipes de enfermagem e agentes comunitários. Além disso, foram feitos dias especiais de vacinação aos sábados com o objetivo de atender a quem não pode durante a semana. Até o momento, em janeiro, foram 11.142 doses aplicadas (9.728 na zona urbana e 1.414 na zona rural) e 23.582 atendimentos realizados na área urbana e 3.226 na zona rural.

O Estado de Minas apurou que um morador de Belo Vale, também na Região Central do estado, está com suspeita da doença e segue internado no Hospital Eduardo de Menezes, na capital. Na última sexta-feira, o governo de Minas Gerais alterou um decreto publicado em 20 de janeiro no Diário Oficial e ampliou de 94 para 162 o número de cidades em situação de emergência pela doença. Os municípios pertencem às Regionais de Saúde de Belo Horizonte, Itabira, Ponte Nova, Juiz de Fora e Barbacena. *Estagiário sob supervisão da subeditora Regina Werneck

 

 

UPAs ameaçam parar


 

Somente os casos de urgência e emergência deverão ser atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Belo Horizonte hoje. Os funcionários e médicos prometem uma paralisação de cinco horas durante a manhã. O principal protesto da categoria é em relação à segurança.

Diante da ameaça, a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) recomenda que os usuários só procurem as UPAs em caso de urgência e emergência. Caso contrário, devem procurar atendimento nas unidades básicas do Sistema Único de Saúde (SUS), que estarão abertas. O ato foi convocado pelos sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Belo Horizonte (Sindibel), e Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), e o Conselho Municipal de Saúde. Os órgãos afirmam que de junho de 2017 a janeiro foram registrados 309 episódios de violência. A Prefeitura de Belo Horizonte informou que já negocia com os trabalhadores e que a questão é complexa.

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