O ex-reitor da UFMG professor Eduardo Osório Cisalpino morreu na noite dessa sexta-feira, em Belo Horizonte, aos 88 anos. Tido como conciliador e inovador, Cisalpino dirigiu a universidade durante o regime militar 1974 e 1978. O velório será realizado no Memorial Crematório Colina, a partir de 11h deste sábado, 23; o corpo será cremado às 17h.
Nascido em Barbacena (MG), em 1920, graduou-se em Medicina pela então Universidade de Minas Gerais (UMG), em 1957, quando assumiu a função de bacteriologista do Departamento Nacional de Endemias Rurais. Pouco depois retornou à já UFMG, onde se tornou doutor pela Faculdade de Medicina e lecionou na Faculdade de Odontologia e Farmácia e no Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Em 1968, ocupou o cargo de diretor do Conselho de Pesquisa. Foi também coordenador do Centro Regional de Pós-graduação da Região Centro-Oeste e diretor do ICB, do qual recebeu o título de professor emérito.
Segundo a UFMG, “o nome de Eduardo Cisalpino para assumir a Reitoria foi construído entre os integrantes da comunidade universitária em reuniões discretas, numa época em que a campanha aberta era proibida e poderia resultar em prisão”.
Cisalpino foi protagonista de negociações durante a realização do III Encontro Nacional de Estudantes (ENE) no dia quatro de junho de 1977. A data foi marcada por prisões de caravanas que chegavam a capital para participar do encontro. O reitor à época exerceu papel fundamental para evitar que as tropas militares entrassem na Faculdade de Medicina, no campus da Alfredo Balena.
Coube a ele negociar que as tropas ficasse do lado de fora e ainda acompanhou os estudantes, saindo do Diretório Acadêmico com eles. A cena foi registrada por fotógrafos em uma cena bem representativa do período.