Jornal Estado de Minas

Aberto em capacidade plena, Hospital do Barreiro conta com repasses

- Foto: Arte EM

Após dois anos de sua inauguração parcial, em 2015, o Hospital Metropolitano Doutor Célio de Castro, no Barreiro, foi aberto com capacidade total na manhã de ontem. Com 460 leitos, o segundo maior hospital de Belo Horizonte tem capacidade de atendimento mensal de 2 mil internações. Um dos maiores desafios é racionalizar os recursos para manter a unidade. A prefeitura estipula que para o funcionamento total são necessários mais de R$ 20 milhões em repasses divididos entre o governo federal, estadual e o município. No mês passado, os gastos foram custeados pela União e pela prefeitura da capital. Autoridades de saúde presentes na solenidade ontem garantiram que o hospital vai continuar funcionando e que a questão financeira será equacionada gradualmente.

Para o funcionamento total do Hospital Célio de Castro, devem ser gastos R$ 21,8 milhões. Agora, a expectativa é de que cerca de 50% dos recursos venham do governo federal, o equivalente a R$ 11.995.418,40. As portarias publicadas pelo Ministério da Saúde até agora garantem R$ 3.227.800,86 por mês.
A outra metade será divida entre a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) e o governo de Minas. No dia 11, o Estado publicou a Resolução 5.991, que inclui o hospital no Programa Pro-hosp, garantindo um repasse mensal de R$ 5.319.587,50. Assim, a prefeitura e o governo de Minas ficariam, cada um, responsáveis por uma fatia de 25%.

Em novembro, ainda sem operar com capacidade total, o gasto do Célio de Castro foi de R$ 14.473.192,93. Segundo a prefeitura, deste valor, R$ 2.199.821,87 foram repassados pelo Ministério da Saúde e, o restante pago pelo Executivo municipal. “Aguardamos mais publicações, mais liberações de recursos por parte da União, até chegarmos ao R$ 11 milhões mensais que foram solicitados ao Ministério da Saúde”, disse a diretora-executiva do Hospital do Barreiro, Maria do Carmo.

Participaram da solenidade de abertura o prefeito Alexandre Kalil (PHS), o governador Fernando Pimentel (PT), o secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo, além de gestores do hospital, representantes do Conselho Municipal de Saúde e da comunidade do Barreiro.

Após citar, em uma entrevista à Rádio Itatiaia veiculada em 12 de dezembro, a falta e repasses do governo do estado ao Hospital do Barreiro, Alexandre Kalil agradeceu a Fernando Pimentel pela resolução publicada um dia antes da divulgação da entrevista. “Vou agradecer ao governador por ter publicado a portaria do comprometimento tripartite desse hospital, o que para nós é muito importante”, disse em seu pronunciamento durante a solenidade. O prefeito encerrou sua participação de forma enfática.
“Acabo com todos os agradecimentos e começo meu discurso. Prometi que ia abrir o Hospital do Barreiro na campanha para prefeito de BH, e está aberto. Muito obrigado a todos”.

O governador de Minas definiu a abertura completa do hospital como “um dia de alegria”, e elogiou Kalil. “Conseguimos, e aí se deve, sem sombra de dúvidas, à determinação do Kalil. Como ele mesmo disse, prometeu e cumpriu. Disse na campanha que ia ocupar o hospital e que ia abrir 100% e agora está fazendo com o apoio de todos. É importante ressaltar isso: que todos se envolveram e não é um esforço individual, ele sabe disso”, afirmou Pimentel.

Ele lembrou o apoio do secretário de Atenção à Saúde e indicou dificuldades financeiras ao comentar a questão dos repasses do estado ao hospital. “Foi fundamental o apoio do ‘Chico’ (Francisco de Assis Figueiredo) no Ministério da Saúde.
O governo do estado tentando de todos os jeitos ajudar e, só agora, no finalzinho, conseguimos publicar a resolução, que é difícil, porque estamos com uma situação financeira apertada. Mas, isso não vem ao caso. O que importa aqui é que estamos entregando para a população de Belo Horizonte um hospital de primeiro mundo, de primeira qualidade e dirigido pela Maria do Carmo, que é a melhor gestora de saúde pública deste país”, declarou Fernando Pimentel na cerimônia.

Representando a União, Francisco de Assis Figueiredo também garantiu que, da parte do governo federal, os repasses virão aos poucos. “Já estamos conversando há um bom tempo e todas as habilitações, tudo aquilo que é necessário de documentações, estão sendo encaminhados para o Ministério da Saúde. Os recursos já caem no mês subsequente às habilitações feitas. Estamos totalmente em dia. Tudo aquilo que o Ministério vem programando está caindo regularmente na prefeitura de Belo Horizonte”.

Questionado se há um prazo para que os repasses do Ministério da Saúde cheguem a 50%, Figueiredo não falou em datas. “À medida em que vai crescendo sua produção (do hospital), imediatamente a prefeitura manda a documentação, nós habilitamos, como também já demos um certificado de filantropia para este hospital que foi fundamental”, explicou. As entidades que têm certificado de filantropia contam com isenção de contribuições sociais, o que representa uma economia de R$ 2,2 milhões por mês à unidade. *Estagiário sob supervisão do editor Roney Garcia


Internações apenas com encaminhamento

 

Operando em escala parcial desde dezembro de 2015, a unidade, agora, terá capacidade para realizar, mensalmente, 2 mil internações, 1 mil cirurgias, 3,4 mil consultas de pré e pós-operatório, além de cerca de 20 mil exames por mês. Para que estes procedimentos sejam feitos, o hospital é estruturado com 460 leitos para atendimentos clínicos e cirúrgicos, 16 blocos cirúrgicos e salas de exames de média e alta complexidade para diferentes especialidades médicas.

A diretora-executiva da instituição, Maria do Carmo, explicou que não haverá atendimento de pronto-socorro na unidade.

“A população não deve procurar diretamente o hospital. As internações serão feitas e encaminhadas pela Central de Internação da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, os exames, pela Central de Marcação de Consultas e Exames e o resultado disso é que potencializa mais a capacidade do hospital”, detalhou. “A partir do momento que a central faz a avaliação prévia dos casos, ela consegue tirar de outros hospitais, como pronto-socorro e das nove unidades de pronto-atendimento (UPAs) de BH, além de municípios do entorno aqueles casos mais graves, que as vezes os pacientes ficavam dias em macas aguardando internação para mandar para o hospital”, disse.

Tratado como referência para pacientes de clínica médica, ortopedia, cirurgia geral, cirurgia vascular, neurocirurgia, neurologia e urologia, o hospital oferece 35 leitos destinados a pessoas que apresentarem diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC), explicou Maria do Carmo.

“Esse hospital é extremamente sofisticado em sua construção. Não há trânsito de material biológico, não há trânsito de medicamentos fisicamente, é tudo feito por ar comprimido. É um hospital que não tem papel, é tudo eletrônico. Por exemplo, no CTI, os leitos são isolados e apresentam circulação de ar independente do resto do hospital para que uma pessoa que esteja internada com uma doença infecciosa não sirva como fonte (para contaminar outros doentes)”, detalhou o secretário municipal de Saúde de Belo Horizonte, Jackson Machado Pinto.

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