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SAGRADO Os olhos atentos notaram o piso de pinho-de-riga, a nobreza do lustre de cristal, os tons das pinturas das paredes e a tela retratando Jerusalém. Com a luz solar filtrada pelas janelas de vidro e o ambiente de silêncio, mesmo no Centro da cidade, a joia do convento transmite aconchego e leva à reflexão. A ideia dos padres era abrir o local para visitação desde 2015 e, na época, foram feitos dois testes com estudantes universitários e do ensino médio para se avaliarem os impactos no local onde não cabem mais que 20 pessoas.
A oportunidade de ver a capela entusiasmou a arquiteta e urbanista Amélia Maria da Costa Silva, moradora do Bairro Serra, na Região Centro-Sul. “Temos aqui uma arte religiosa fabulosa, que deve ser mostrada ao mundo. Um recorte cultural bonito e inusitado. É a chance de admirarmos as pinturas que estavam escondidas, antes do restauro, sob camadas de tinta”, afirmou.
Residente em Congonhas, na Região Central, a professora Maria do Carmo Barreto se sentiu orgulhosa ao participar do grupo. “Os redentoristas abriram, à comunidade, um espaço sagrado deles, o que nos deixa muito felizes”, ressaltou. O tenente da Polícia Militar André Loredo aplaudiu a iniciativa: “Estive aqui há muitos anos, mas não tinha visto depois do restauro. É uma parte da história da cidade”. Até mesmo funcionários de longa data da igreja pisaram na capela pela primeira vez. Entre elas, Valéria Teixeira de Amorim Fernandes, que atua no setor administrativo há 31 anos. “Estou surpresa, é uma maravilha”.
Durante a visita de uma hora, havia muito para ser visto, mesmo sendo o espaço pequeno: pinturas parietais, feitas diretamente sobre o reboco das paredes e grande moda em BH nas primeiras décadas do século 20 – algumas imitam lambris, os revestimentos de madeira, e outras copiam com perfeição cortinas de franjas e arremates rebuscados nas pontas.
Outro destaque, desta vez envolvendo alta tecnologia, está na sequência da via-crúcis, reproduzida digitalmente da existente na Igreja de Santo Afonso, no Rio, pintada por Carlos Oswald. Segundo os redentoristas, foi usada uma técnica sofisticada, com pigmentos minerais, e as gravuras foram postas diretamente sobre a tela e daí na parede. As originais não existiam mais, apenas resquícios, e achamos melhor tomar esta providência. A próxima visita está marcada para 3 de fevereiro (primeiro sábado do mês) e os contatos devem ser feitos pelo telefone (031) 3273-2988.
FACHADAS A recuperação das fachadas principais da Igreja São José chega ao fim depois de três anos de trabalho – somando-se à obra completa, com restauro do interior do templo, são sete. No total, foram gastos cerca de R$ 7 milhões, em sete anos, com dinheiro de doações, barraquinhas, dízimo e da campanha São José é 10. Os serviços foram aprovados pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte, embora não haja emprego de recursos públicos.
A parede lateral concluída agora acompanhou as linhas das partes já prontas (frente, torres e lateral direita), com as cores originais vermelho, laranja e cinza. Todo esse conjunto se torna um atrativo para o patrimônio interior: recebendo a visita diária de tanta gente – no domingo, passam pelo templo cerca de 5 mil fiéis, em cinco missas –, a Igreja São José resgatou a luminosidade interna com um trabalho artístico esmerado. Como nas etapas anteriores, o trabalho, a cargo da especialista Maria Regina Reis Ramos, do Grupo Oficina de Restauro, responsável pela obra desde o início, incluiu a remoção das camadas de pintura e restauração seguindo o modelo do início do século 20. O objetivo foi resgatar a originalidade, requalificar o espaço, que, visto do alto, tem o formato de uma cruz e de um cálice, incluindo aí construção, a escadaria e os jardins.
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