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Caverna no Parque das Mangabeiras foi aberta pelas garras de animal pré-históricoMulher é morta a facadas em ônibus do Move porque falava altoPara explicar a hipótese de ter sido aquele um refúgio de uma preguiça-gigante, o especialista conta um pouco da evolução das espécies no continente. “A América do Sul era uma espécie de ilha, e por milhões de anos as populações de preguiças se desenvolveram nela. Chegamos a encontrar preguiças com até seis metros de comprimento. Não que seja uma dessas que abriu a caverna. Mas, talvez, uma espécie de preguiça de dois metros, ou pouco menor, que em algum momento fez tocas”, disse.
A salvo de tigres e outros predadores
O motivo da escavação de uma toca por um animal tão grande é justamente o fato de não ser esse um exemplar que ocupava o topo da cadeia alimentar na época da megafauna que habitou as montanhas de Belo Horizonte.
Para o espeleólogo Luciano Faria, uma das vantagens de a paleotoca ter sido descoberta no interior do Parque das Mangabeiras é justamente sua conservação. “O que temos aqui, hoje, é apenas o fundo de uma cavidade maior, cuja estrutura entrou em colapso e desabou. Daí a importância de conservar esse tipo de formação. Se não existisse o parque com toda essa cobertura vegetal, os efeitos erosivos poderiam aumentar e a abertura deixar de existir. É muita sorte ter um patrimônio como este dentro de um parque. Caso contrário, a construção de estradas, de casas e principalmente a ação das mineradoras poderiam suprimir e destruir completamente a caverna.”
Volta de 10 mil anos no tempo
O arranjo para avaliar se a estrutura do Parque das Mangabeiras era mesmo uma paleotoca envolveu certo nível de apreensão.
A cavidade fica a 50 metros de uma das estradas internas do parque, e a apenas 200 metros das quadras de esportes, em meio a vegetação fechada. Suas pedras escuras são cobertas por musgo e uma árvore tem raízes pendendo, como se fossem franjas sobre a abertura. Logo na base da entrada, a visão de dois sulcos de 15 centímetros de profundidade, riscando paralela e continuamente a rocha maciça por 30 centímetros, já deteve a atenção dos exploradores. E o que havia dentro da caverna era ainda mais impressionante.
Os olhos do biólogo da PUC Minas pareciam brilhar na escuridão, enquanto os fachos de luz das lanternas iluminavam os entalhes simétricos que as garras de um animal de grande porte rasgaram milhares de anos atrás. Com os braços, o especialista simulava os golpes que escavaram aquela toca.
A satisfação de Luciano Faria, o descobridor da paleotoca, também se fez presente na sua expressão, que mudou de tensão, para alívio. “Eu estava certo. Enviei fotografias para muitos especialistas até de outros estados, como do Sul do país, onde fica a maior quantidade de paleotocas descritas no Brasil. Fico muito feliz com essa confirmação e chamo a atenção para uma outra formação que ficou fora do Parque Nacional do Gandarela, e que pode ser consumida por projetos minerários”, disse..