Jornal Estado de Minas

Deslizamento de terra atinge linha férrea e casas em Contagem

A Defesa Civil de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, está a caminho da Vila São Paulo para avaliar o deslizamento de terra que atingiu a linha férrea e danificou casas durante a chuva da madrugada desta segunda-feira. 

Segundo as primeiras informações do local, a terra cedeu, deixando os trilhos do trem descobertos. A lama invadiu casas e barracões que ficam na rua abaixo do local. 

A Avenida Tereza Cristina, na divisa da capital mineira com Contagem, também foi atingida pela lama e motoristas enfrentam dificuldades no local. 

Segundo a BHTrans, máquinas foram enviadas à avenida para retirar o restante do entulho da lama do desabamento e também o que foi trazido pelo Córrego Ferrugem, que transbordou na madrugada, quando a via chegou a ficar completamente interditada. Moradores da região também fizeram uma manifestação no trecho. 
Lama atingiu a Avenida Tereza Cristina. Máquinas trabalham na limpeza - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press

“Foi um terror. A gente via terra descendo com moita de capim, muitas pedras, pedaços de pau. E uma água muito forte. O rio começou a encher e a gente ficou com medo do encontro da lama com a água que, com certeza, provocaria um desastre maior ainda. Ficamos com muito medo”. Essas são as palavras da professora Valquíria de Moura, de 37 anos, que passou momentos de pânico na noite passada quando o barraco cedeu e deixou a linha férrea suspensa. 

Na noite anterior, Valquíria viu o muro cair com a primeira descida de lama da linha do trem.
O primeiro deslocamento de terra ocorreu na madrugada de sábado para domingo. Entre a noite de domingo e madrugada de hoje, o problema se agravou. “O perigo maior é que essas coisas acontecem de madrugada e pegam a gente desprevenido”, comentou a professora, que mora com o marido e os filhos de 1 ano e 8 meses e de 5 anos. As últimas noites foram de insônia e alerta.

“A gente queria que a empresa se posicionasse. Inicialmente, só queria o ressarcimento do muro. Mas, como eu estou vendo a quantidade de terra que está descendo e a situação da linha férrea, eu estou com medo de ficar em casa”, disse a mulher, que lamenta não ter para onde ir.

Ontem, a família se uniu na casa da mãe - ao lado da de Valquíria - sem saber o que fazer. “Se ficarmos, ficaríamos ilhados.
Se saíssemos, seríamos pegos pela lama”, contou. Os animais de estimação de perderam durante a confusão: “Já perdemos o gato, o cachorro. Estava cheio de ninho aqui e eles também estão perdidos. Imagina a gente?”, disse.

De acordo com Antônio Fiúza, secretario-adjunto de Defesa Social de Contagem, desde sexta-feira, foram constatados pontos de alagamento na cidade e 200 pessoas foram desabrigadas. “Na Vila São Paulo, 20 famílias foram retiradas de casas. Várias foram para casas de parentes e 15 foram alojadas em uma escola municipal”, disse. Segundo ele, a VLI, empresa responsável pela linha férrea, deve fornecer abrigo às famílias.
“O prefeito conversou com os responsáveis pela concessionária e cobrou que os moradores fossem levadas para local seguro. À princípio a empresa vai levar para hotéis da região”, completou.

Por meio de nota, enviada no início da tarde, a VLI, responsável pela rodovia, informou que o volume de chuvas na região deslocou o aterro que suporta as estruturas da linha. Segundo a empresa, equipes trabalham na limpeza de casas e ruas e a ferrovia permanece interditada. Leia o posicionamento na íntegra: 

"A VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) registrou, no final de semana danos no pátio ferroviário Ferrugem, situado nas proximidades da Vila São Paulo, em Contagem. Devido ao volume atípico de chuvas na região, o aterro que suporta a estrutura das linhas férreas foi deslocado em um trecho da ferrovia. Parte da terra alcançou algumas residências próximas.

A empresa em parceria com o poder público está oferecendo suporte à Defesa Civil na realocação temporária de famílias em hotéis da região, após levantamento feito pelo órgão.
 
Equipes trabalham na limpeza de casas e vias públicas. No momento, 7 caminhões e 2 escavadeiras auxiliam nos serviços. A ferrovia permanece interditada para reparos."
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