Jornal Estado de Minas

Com chuva, córregos levam mais lixo para a Lagoa da Pampulha

Capivaras aproveitam a temperatura amena e a vegetação renovada depois de uma manhã de chuva - Foto: Leandro Couri/EM/DA Press

A chuva dos últimos dias expôs a fragilidade da Lagoa da Pampulha diante do lixo carreado pelos córregos Sarandi e Ressaca. No trecho atrás do Parque Ecológico, resíduos sólidos, como garrafas PET, pedaços de plástico e restos de vegetação, faziam pressão, formando uma linha exata que separava a água turva da esverdeada. A balsa com equipe de limpeza retirava o material, enquanto, em outro ponto, um bando de capivaras chamava a atenção de turistas na orla, na vegetação renovada pela chuva.

Por dia, são recolhidos cerca de 20 toneladas de resíduos no período chuvoso, de acordo com a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap). Em tempo de estiagem, esse volume é reduzido pela metade. A Sudecap informou que faz a limpeza do espelho d’água diariamente. São usados dois barcos e uma balsa e, no total, cerca de 30 homens trabalham no serviço de manutenção. Por meio de nota, acrescentou que o canal do Ressaca/Sarandi é limpo anualmente, para evitar que sedimentos sejam carregados para a Lagoa.

A bacia é composta por oito cursos d’água: córregos Mergulhão, Tijuco, Ressaca, Sarandi, Água Funda, Braúna, Olhos D’água e AABB. A intervenção complementa as ações de saneamento integrado, em implementação pela Prefeitura de Belo Horizonte e pela Companhia de Saneamento do estado (Copasa), no âmbito do Programa Pampulha Viva, que integra o Programa de Recuperação e Desenvolvimento Ambiental da Bacia Hidrográfica da Pampulha.

CAPIVARAS Nem febre maculosa nem carrapato-estrela afastaram das capivaras o status de celebridades da orla da lagoa, mesmo com casos recentes na capital de mortes provocadas pela doença.
A aposentada Josefa de Fátima Gonçalves, de 62 anos, mora em Jaru (RO) e está em Belo Horizonte a passeio. Com o celular em punho, chegou perto das capivaras, que nem se importaram de serem fotografadas. Ela disse não temer a febre maculosa. “Em Rondônia, vivemos em meio a muitos bichos, como a própria capivara, onça e sucuri”, disse. O casal Eros Soares Ferreira, de 39, Geovana Quínamo, de 33, não sabiam das contaminações. “Estávamos andando, vimos, achamos interessante e paramos para olhar”, contou Geovana.

A capivara é um dos hospedeiros do carrapato-estrela. No fim de outubro, foi confirmada a morte, por causa da febre maculosa, de um homem de 42 anos, morador de Contagem, na região metropolitana, visitou a Pampulha antes de manifestar os sintomas.
Treze meses antes, um menino de 10, que esteve numa excursão no Parque Ecológico, também foi vítima da doença. Também no fim do mês passado, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente firmou contrato de manejo das capivaras. Está prevista a esterilização das cerca de 100 mamíferos existentes na orla.

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