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Bombeiros monitoram obra da CSN na Barragem Casa de Pedra, em Congonhas'Essa barragem é propensa ao rompimento', diz oficial dos bombeiros sobre CongonhasMinistério do Trabalho determina interdição da Barragem Casa de Pedra, em CongonhasBombeiro que considerou barragem da CSN propensa a rompimento é transferidoCSN testa sirenes para alertar vizinhos em caso de rompimento de barragemCongonhas busca recursos para bancar réplicas dos profetas de AleijadinhoFamílias querem filhos em escolas longe de barragem de CongonhasAtivistas marcam manifestação por capitão que falou sobre risco em barragem de CongonhasA transferência do oficial que respondia por Congonhas consta de documento assinado ontem, ao qual o Estado de Minas teve acesso. O ofício anuncia a troca do comando do Batalhão de Conselheiro Lafaiete, unidade que responde pelo município vizinho. O ato ainda não foi publicado oficialmente, mas seu conteúdo revela o afastamento do capitão Ronaldo Rosa de Lima, designando-o para trocar de posto com o também capitão Rodrigo Paiva de Castro, que chefia a unidade dos Bombeiros em Barbacena, na mesma região (veja reprodução). Na véspera, o oficial havia relatado preocupação com a segurança de moradores que vivem abaixo da barragem de rejeitos da CSN, considerada “propensa a rompimento”. Como revelou o EM, a estrutura se ergue em um maciço de 80 metros de altura com 9,2 milhões de metros cúbicos de rejeito de minério, a apenas 250 metros das primeiras moradias vizinhas.
Sobre a remoção do capitão, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros em Minas, coronel Cláudio Roberto de Souza, que assina o documento, disse por telefone que a decisão é “assunto interno”. Segundo ele, as transferências na corporação são feitas semanalmente. “Esse rodízio é normal, natural e corriqueiro”, sustenta. O coronel completou: “No caso específico, não foi publicado nada ainda. O ato precisa de publicação”, afirmou. O oficial, porém, nega que a decisão tenha relação com comentários do capitão Ronaldo de Lima sobre a Barragem Casa de Pedra. “Não tem nenhuma relação.
Desde a quinta-feira, reportagens do EM mostram que a estabilidade da Barragem de Casa de Pedra preocupa tanto que o governo de Minas chegou a formar reservadamente um grupo de ação emergencial para elaborar saídas para o socorro das pessoas ameaçadas, independentemente de ações da empresa. Já a CSN afirma sempre ter seguido a legislação e admite que passou a tomar atitudes mais efetivas de garantia da segurança das populações suscetíveis após o endurecimento da legislação federal de segurança de barragens, em maio deste ano.
Comunidade está despreparada
Em meio à polêmica sobre o comando dos Bombeiros na região, nas comunidades que vivem abaixo da barragem de rejeitos de minério da CSN em Congonhas o clima segue sendo de desinformação e apreensão. Os dois sistemas de alerta por sinalização sonora que a mineradora informou ter instalado em bairros que estão logo abaixo das zonas de devastação em caso de rompimento da Barragem Casa de Pedra, na realidade estão sendo montados e ainda não estão operantes. A constatação foi feita pela reportagem Estado de Minas, que esteve ontem nos locais onde os equipamentos são preparados por operários. Parte das 4.688 pessoas que de acordo com o cadastramento da Prefeitura de Congonhas podem ser afetadas, direta ou indiretamente, nos bairros Cristo Rei, Eldorado, Gran Park e Residencial, nem sequer sabia que a aparelhagem estava sendo implantada. Rotas de fuga em caso de emergência, pontos de encontro ainda não foram divulgadas, segundo integrantes da comunidade.
As duas sirenes que a empresa informou ter instalado – parte de cinco equipamentos do tipo que integram acordo feito com o Ministério Público – estão separadas por uma distância de 850 metros. A primeira fica no final da linha de eucaliptos que desponta do alto da barragem, e servirá para alertar funcionários da companhia sobre a necessidade de evacuação de seus postos de trabalho em caso de emergência. A segunda foi colocada no alto de um morro íngreme no Bairro Lucas Monteiro.
A dona de casa Márcia Regina Silva dos Santos, de 30 anos, mora em frente ao aparelho e, ao olhar uma enormidade de cabos desconectados, peças ainda soltas e ferros de solda, afirma ter um misto de alívio e preocupação. “Bom, se a sirene está aqui, é porque a minha casa não tem risco. Mas, ainda assim, fico muito preocupada com as pessoas que moram na parte baixa do bairro, perto do rio (Maranhão). Porque o morro que teriam de subir para se salvar é alto demais. Acho que poucos conseguiriam”, afirma.
A mineradora também afirma que tem feito recadastramento nas comunidades, processo durante o qual seriam transmitidas noções básicas de abandono da área aos moradores. Mas a cozinheira Maria Auxiliadora Marciano de Oliveira, de 50 anos, nem sabia da existência das sirenes. Menos ainda de pontos de encontro em caso de emergência. “Só sei que refizeram o nosso cadastro. Acho que fizeram pouco e levaram muito tempo. A vida das pessoas deve ser as prioridade, não pode esperar tanto assim”, reclama.
SIRENES Consultada sobre a situação das sirenes, a CSN reiterou que dois equipamentos estão instalados e três em fase de instalação, assim como 400 placas de orientação e sinalização. As sirenes, segundo a mineradora, serão ligadas e os testes serão feitos assim que a população for devidamente informada sobre a ação, processo que está em andamento. “A empresa preza pelo cuidado no procedimento, para evitar alarmar os moradores, causando pânico desnecessário”, informa nota da mineradora. A instalação dos equipamentos, de acordo com a CSN, está prevista para ser concluída até 15 de dezembro e os testes serão iniciados no dia 26, como parte da série de treinamentos que ocorrerão com a população.
Para Defesa Civil, há estabilidade
Coordenador-adjunto da Defesa Civil estadual, o major Rodrigo de Faria sustenta que o grupo que atualmente trata de ações emergenciais para se antecipar a situações de risco na Barragem Casa de Pedra foi criado em dezembro de 2016, para dar resposta a qualquer tipo de ocorrência relacionada a consequências das chuvas. A Defesa Civil, afirma, é porta-voz da força-tarefa que integra outros órgãos, como Bombeiros, Polícia Militar e diversas secretarias e órgãos estaduais, entre outros. Segundo o major, os membros se reúnem semanalmente e, diante das notícias veiculadas sobre situação de risco no empreendimento, colocou o assunto em pauta para avaliar quais poderiam ser os efeitos da temporada chuvosa na barragem.
O oficial comentou a atual situação do barramento que, segundo ele, é estável.