Jornal Estado de Minas

Investigação aponta que fisiculturista foi vítima de homicídio em boate de BH

Allan Guimarães Pontelo foi encontrado sem vida pela Polícia Militar mês passado na boate Hangar 677 - Foto: Reprodução da internet/FacebookNovos passos da investigação conduzida pela Polícia Civil para esclarecer as circunstâncias da morte do fisiculturista e estudante de educação física Allan Guimarães Pontelo, de 25 anos, encontrado sem vida pela Polícia Militar mês passado na boate Hangar 677, em Belo Horizonte, indicam que o jovem foi vítima de homicídio. A corporação não se manifesta oficialmente sobre o caso, mas ontem prendeu três acusados de envolvimento no episódio, com base em mandados de prisão temporária expedidos pela Justiça. Advogados que representam investigados e a família da vítima já tiveram acesso ao laudo com a causa da morte e apontam lesões causadas por agressões. De um lado, Geraldo Magela, representante do pai de Allan, diz que os ferimentos descritos foram causados por golpes desferidos contra o rapaz. De outro, Ércio Quaresma, representante da empresa CY Security, responsável pela segurança no dia da festa em que Allan morreu, confirma que a vítima teve uma lesão no pescoço em decorrência de uma imobilização, mas quer saber detalhes das reações de Allan após o fato.

De acordo com a assessoria de comunicação do Fórum Lafayette, em 11 de outubro a Justiça expediu mandados de prisão temporária contra quatro investigados no inquérito que é conduzido pelo delegado Magno Machado, do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Dois deles atuavam diretamente como seguranças contratados pela CY Security, e se envolveram na abordagem ao jovem. Carlos Felipe Soares teve o mandado de prisão cumprido, mas William da Cruz Leal não foi encontrado.
Segundo Ércio Quaresma, ele será apresentado assim que a Justiça se manifestar sobre pedido de habeas corpus. O terceiro funcionário da CY detido é Delmir de Araújo Dutra, que trabalhava como coordenador da segurança na noite do incidente.

Além de dois dos três funcionários da empresa, foi preso Paulo Henrique Pardin de Oliveira, de 29 anos. Parentes  confirmam que ele já trabalhou como segurança em duas grandes empresas e que atualmente fazia bicos na área. Segundo a mãe de Paulo, a dona de casa Anita Pardin, de 51 anos, os policiais chegaram por volta das 6h à casa da família no Bairro Saudade, Leste de BH.



A ela, o filho disse que estava a passeio no dia da festa. “Ele contou que estava lá, viu a confusão de longe e foi pedir ajuda.
Foi só isso”, diz a mãe. Segundo ela, a policiais civis já estiveram na casa da família anteriormente, procurando por uma arma que não foi encontrada. Paulo Henrique seria o homem apontado por Daniel Phillipe Gonçalves Castanheira, 24 anos, amigo de Allan, como a pessoa que bateu com o cabo de um revólver em seu peito. Segundo Daniel, que também estava na festa, esse homem proibiu que ele se aproximasse da sala para onde disse que os seguranças tinham levado Allan.


VERSÕES
Inicialmente, tanto a boate Hangar quanto o advogado Ércio Quaresma, que representa a CY, disseram que Allan teve um mal súbito após fugir da abordagem de seguranças por estar portando drogas. Ontem, Quaresma admitiu que os seguranças chegaram a imobilizá-lo. O advogado não quis adiantar qual foi a causa morte descrita no laudo de necrópsia, mas afirmou que contratou uma empresa para analisar o documento e subsidiá-lo com informações mais detalhadas sobre as ações de cada um dos envolvidos. Quaresma diz que a abordagem se deu quando os seguranças perceberam que Allan estava com ecstasy, totalizando 68 comprimidos, e cocaína. “Houve uma ação de imobilização que provocou uma lesão no pescoço.
O que eu quero saber é se o quantitativo de reação do Allan potencializou a ação de conter o jovem”, diz Quaresma.

O advogado da família de Allan, Geraldo Magela, disse que também teve acesso ao laudo, mas não quis adiantar o teor do documento, por orientação do delegado, segundo ele. “A conclusão de que houve homicídio é indiscutível. Houve lesões que combinam com agressões, mas ainda vou analisar o laudo completo. A família desde o início defende que ele foi vítima de um crime de homicídio, e essas prisões confirmam isso”, afirma.

O pai de Allan, Dênio Luiz Pontelo, de 47 anos, espera que todos os envolvidos na morte sejam punidos. “Meu filho era um fisiculturista e trabalhava, estudava, ia se formar. Não tinha necessidade alguma de vender drogas. Ele não está mais aqui, então eles podem falar o que quiserem. Infelizmente, não conseguirei ter meu filho de volta.
Que isso sirva para que casos desse tipo não se repitam”, afirma. Em nota, a Polícia Civil informou que só vai se manifestar sobre o caso ao fim das investigações.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a casa de eventos Hangar informou que não iria se posicionar sobre as prisões, porque não tem relação com o fato, que se deu com funcionários da empresa de segurança. Após a morte de Allan, a Hangar encerrou o contrato com a firma até que “os fatos sejam esclarecidos”, informou a assessoria. A casa, entretanto, defendeu a CY Security. “É líder de mercado em BH, credenciada pela Polícia Federal e apresentou todos os documentos relativos à capacitação de seus seguranças. Ela é responsável pela maioria dos eventos em BH.”.