Ocorreu nesta quinta-feira o retorno às aulas dos alunos da Creche Gente Inocente, em Janaúba, no Norte de Minas. Em 5 de outubro, o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50 anos, ateou fogo a si mesmo e provocou a morte de nove crianças e da professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43, além de ter deixado mais de 40 feridos. As aulas foram reiniciadas em um prédio da Unidade de Atendimento Infanto-Juvenil (UAI), cedida pela Secretaria Municipal de Saúde do Município. Mas, a grande maioria das crianças ainda continua chocada. Apenas 26 compareceram na creche improvisada.
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Andréa conta que o filho dela escapou da tragédia porque foi socorrido por professoras na hora do incêndio. Em seguida, a criança foi levada para a casa de um dos colegas. Mesmo assim, Kaio inalou fumaça e ficou internado durante três dias no Hospital Fundajan em Janaúba.
Andréa disse que, assim como outras vitimas, o menino ficou com trauma e com medo de voltar a sala de aula. “Ele fica perguntando se o homem do fogo não vai voltar", disse. “Para levar o meu filho para a aula de volta, eu disse a ele que ele iria ganhar presente e que a “tia” (a professora) iria ficar com ele”, relatou a doméstica
Ela disse após a tragédia na creche também ficou traumatizada. Saiu do emprego em casa de família e está com dívidas. “Depois do ocorrido, minha vida bagunçou toda”, lamentou Andréa, que é casada e mãe de dois filhos. A família está recebendo assistência psicológica da prefeitura.
A desempregada Joana Darc dos Santos, de 24, mãe da pequena Maísa Barbosa dos Santos, de 6, outra vítima do incêndio da creche, disse que, na quarta-feira, participou de reunião promovida pela Secretaria Municipal de Educaçao com as famílias para explicar como seria o retorno às aulas para as crianças que sobreviveram ao massacre na creche Gente Inocente.
No entanto, não levou a filha a aula nesta quinta-feira. “A Maísa ainda está muito traumatizada, com medo. Vou esperar mais para ela poder ir”, disse Joana Darc, cuja família também recebe apoio psicológico. Maísa ficou estado grave por ter inalado a fumaça tóxica – que afetou suas vias áreas. Chegou a ser internada no Hospital João XXIII e foi a primeira vítima encaminhada para Belo Horizonte. Ela retornou à Janaúba em 10 de outubro.
No entanto, não levou a filha a aula nesta quinta-feira.
Darvina Ferreira da Silva, auxiliar de serviços da creche Gente Inocente, também comemorou o retorno as atividades. “Foi muito bom. Pedimos a Deus para dar força para a gente poder voltar ao trabalho", disse Darvina, que, na manhã de 5 de outubro, pediu folga no serviço para fazer a unha e escapou da tragédia. Ela trabalhava com a professora Heley de Abreu, que morreu ao tentar salvar as crianças.
O prefeito de Janaúba, Carlos Isaildon Mendes (PSDB), disse que a creche Gente Inocente contava com 83 crianças. Neste caso, considerando que nove delas morreram na tragédia, 74 crianças serão atendidas na creche improvisada na UAI até o término do ano letivo. A meta é que as aulas do ano que vem sejam iniciadas na nova creche, que será construída no local do antigo prédio.
Isaildon lembrou ainda que o prédio da UAI conta com extintores de incêndio e rotas de fuga em casos de emergência. O prédio antigo não contava com nenhum equipamento de combate a incêndio, sem nenhuma saída de emergência.
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