A cuidadora de idosos Rosamélia Pereira, de 57 anos, e a enfermeira e estudante de direito Joelma Celestino Pereira Souza, de 35, foram protagonistas de uma revolta, nesta quinta-feira, num dos pontos de ônibus da Avenida dos Andradas, em frente ao Parque Municipal Américo Renée Gianetti, no Centro de Belo Horizonte.
Sentindo-se subjugadas e humilhadas, ao serem impedidas de entrar num coletivo que faz a linha 503H (Nova Pampulha), elas saltaram na frente do ônibus e iniciaram um escândalo, que não só impediu a continuidade da circulação do veículo, dirigido por Anderson Oliveira, de 39 anos, como também atraiu um grande número de pessoas que se manifestaram a favor e contra as duas, sendo necessária a presença de policiais militares e da guarda metropolitana para solucionar o caso.
Eram 15h, quando Rosamélia e Joelma deram sinal para que o coletivo parasse no ponto. No entanto, a porta da frente, usada para dar acesso aos passageiros, não foi aberta pelo motorista, que alegava que aquele local era apenas para desembarque.
Foi o bastante para se revoltarem e imediatamente, saltaram à frente do mesmo. Joelma encostou as costas na dianteira do ônibus, cruzando os braços, enquanto gritava: “Quero ver me tirar daqui. Se quiser, que passe por cima.” Logo Rosamélia se juntou a ela na frente do ônibus e reclamava em altos brados: “Nós descemos aqui. Por que não podemos tomar o ônibus aqui? Ele tem de abrir a porta pra gente. Isso é discriminação.”
O motorista se recusava a abrir a porta, explicando depois, que se o fizesse, estaria sujeito a multa. “E eu é quem tenho de pagar.
Formou-se um tumulto. Logo, dezenas de pessoas se aproximaram, formando uma rodinha, para ver do que se tratava. Joelma não se conformava. “Tenho prova na faculdade às 19h e vou perdê-la só porque esse motorista não quer abrir a porta.” A cada minuto se enervava mais e mais. “Podem chamar a polícia.
A multidão logo começou a tomar partido, alguns, das duas mulheres e outros, do motorista. “Aqui elas não podem entrar. É proibido. É só para desembarque”, dizia Maria de Fátima Santos, de 34 anos, doméstica. Mas falou alto e Joelma ouvir, retrucando: “Quem disse que não? Não tem lei que fale disso. Vá você fazer o que eles querem. Eu não.
E logo chegaram duas viaturas, uma da guarda municipal e outra da Polícia Militar. Foram todos falar com as mulheres. Ouviram também o motorista. Já eram 15h30, e não havia solução. Os policiais tentaram fazer com que o motorista permitisse que as duas mulheres entrassem no ônibus ali. Queriam que ele abrisse uma exceção.
Solução
Os policiais tentaram convencê-lo, dizendo que se fosse registrada uma queixa, todos iriam para a delegacia. “Não tem importância. Vou. Deixo o ônibus aqui e vamos todos juntos”, dizia.
Depois de quase 40 minutos de discussão, enfim, a solução. Convencidas pela polícia, as duas mulheres concordaram em atravessar a avenida para o outro lado e ir para o ponto de embarque. Foram escoltadas pela Guarda Municipal e o ônibus pôde, enfim, seguir seu trajeto.
Pouco tempo depois, as duas embarcavam, falantes e reclamando, mas com a recomendação dos policiais para não importunarem o motorista..