Jornal Estado de Minas

Produtor de bananas é denunciado por manter trabalhador em condições de escravidão

Um produtor rural de Jaíba, na Região Norte de Minas Gerais, foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por manter um trabalhador em condição análoga à de escravo. Ele era submetido a exaustivas jornadas de domingo a domingo. Segundo o processo, o homem também era mantido junto com a esposa e a filha, de 10 meses, em uma casa onde anteriormente eram guardados agrotóxicos. O local não tinha instalação sanitária e, em dias de chuva, permitia a entrada de água. Também não havia água potável. Se condenado, o empresário pode pegar até oito anos de prisão.

De acordo com o MPF, os agentes do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) fizeram uma fiscalização na Fazenda Novo Sítio, em julho. Na propriedade, constataram as irregularidades.
A casa onde o trabalhador era mantido junto com a esposa, de 16 anos, e a filha, foi considerada "completamente inapropriada para habitação humana".

Os fiscais constataram que o imóvel era um casebre de alvenaria com reboco inacabado e sem a porta dos fundos. Era coberto por telhas de amianto do tipo "caletão", com furos e frestas visíveis que, nos períodos de chuva, permitiam a entrada da água. Nos períodos secos, as telhas de amianto retinham o calor, tornando a temperatura alta no interior do imóvel.

Segundo o MPF, a casa não tinha instalação sanitária. Por causa disso, os moradores eram obrigados a utilizar o banheiro de vizinhos para a higiene corporal. Além disso, utilizavam a parte de fora do imóvel para fazer as necessidades fisiológicas. A casa também não tinha água encanada nem dispunha de água potável.

Os fiscais constataram, ainda, que o trabalhador era submetido ao trabalhador em todos dos dias da semana, das 7h às 19h, sem o descanso semanal remunerado.
O homem também manuseava agrotóxicos para combater pragas na lavoura de banana, sem os equipamentos adequados. Inclusive, era responsável por lavar a própria vestimenta usada, o que era feito junto com as roupas da família.

O trabalhador informou aos fiscais que, em maio deste ano, o fazendeiro pediu a carteira de trabalho dele para fazer o devido registro, mas não mais a devolveu. Ele chegou a pedir o documento, pois gostaria de ir embora para sua cidade, mas o pedido foi negado.

Busca pelo emprego

O trabalhador morava em Esperantina, no Piauí, quando soube da vaga de emprego na propriedade rural. Ele entrou em contato com a irmã do produtor, que lhe ofertou o salário de R$ 1,7 mil mais alojamento. O homem contou que pediu demissão de seu emprego, e, junto com a companheira, seguiu para Jaíba em outubro do ano passado. A viagem teve que ser interrompida, pois a criança não tinha a documentação exigida.


Diante disso, o trabalhador seguiu viagem até a propriedade rural, e o restante da família ficou em casa de parentes. Quatro dias depois, o fazendeiro combinou que buscaria a mulher e a criança por R$ 1,5 mil, o que foi aceito. O empresário cumpriu o acordo. .