As consequências do incêndio que devastou o pavilhão de 3,5 mil metros quadrados das Centrais de Abastecimento de Minas Gerais (CeasaMinas), em Contagem, na Grande BH, podem ultrapassar as perdas materiais. Nessa sexta-feira, técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) confirmaram a presença de uma mancha de fuligem na Lagoa da Pampulha e também no Córrego Sarandi, que deságua no manancial. A mancha é resultado da chegada da água usada no combate ao fogo que destruiu o pavilhão G1 do complexo de abastecimento. O que os funcionários do Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) da secretaria agora avaliam é se a água, que escoou pela rede de drenagem da Ceasa e das vias públicas no entorno, também está contaminada por agrotóxicos, já que uma das lojas que ainda era alvo do trabalho de rescaldo e monitoramento dos bombeiros no local até o fechamento desta edição continha defensivos agrícolas.
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Água usada no combate a incêndio na Ceasa contamina Lagoa da PampulhaComo um bombeiro impediu a explosão de caminhões no incêndio da CeasaIncêndio na Ceasa Minas é controlado por Bombeiros depois de cinco horas de trabalhoBombeiros combatem incêndio no pavilhão G1 da Ceasa Minas, em ContagemProdutos químicos atingem afluente do Rio Jequitinhonha após acidente com carretaEntulho gerado por incêndio em pavilhão da Ceasa começa a ser retirado“Foi usada uma quantidade muito grande de água no combate.
Segundo ele, não foi confirmada mortandade de peixes no lago, o que é um indicativo positivo, mas ainda é preciso manter o monitoramento para confirmar ou descartar a contaminação pelo produto tóxico. Um técnico da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) fez ontem uma análise de rotina da água na altura da estação de tratamento de esgoto que fica na confluência dos córregos Sarandi e Ressaca, na chegada desses cursos d’água à lagoa. “A análise não revelou nada de anormal. Quando há uma contaminação muito grande na água, a morte de peixes é quase imediata e isso não ocorreu. Mas, como chegou água com fuligem na Lagoa, vindo pelo córrego, essa é uma situação de risco e, por isso, vamos continuar monitorando”, afirmou Newton. Uma possibilidade, segundo ele, é que possa ter havido contaminação por agrotóxico, mas, como a quantidade de água no lago é enorme e o grau de diluição é muito grande, a presença do produto pode ser imperceptível.
Entre as próximas ações está também a retirada dos agrotóxicos de dentro do pavilhão. Ontem, a Defesa Civil ainda avaliava a situação de risco no local, que ficou completamente destruído. Depois de liberado o acesso, equipes da Semad vão fazer a remoção segura dos produtos usados para o controle de pragas na agricultura.
No primeiro dia de combate às chamas, foi necessário o emprego de 13 viaturas, incluindo caminhões-bomba do Corpo de Bombeiros e 50 militares. Ontem, o trabalho na loja de agrotóxicos, única ainda em chamas, foi feito por 42 bombeiros, com uso de 14 viaturas nas primeiras 11 horas de combate. As causas do incêndio ainda não foram identificadas e dependem do trabalho da perícia da Polícia Civil.
Monitoramento
De acordo com o coronel Erlon Botelho, do comando operacional dos Bombeiros, o início do combate ocorreu com uso de água em uma área com lojas de frutas, plásticos, bebidas e outros produtos. Mas, quando os bombeiros foram informados sobre a presença de agrotóxicos, que inclusive reagem com água, o trabalho foi suspenso (na noite de quinta-feira). “É possível que a água tenha atingido esse material, porque o combate é feito de uma forma geral e essa loja fica justamente no meio do pavilhão. Então, também é possível que a água tenha sido coletada pela rede de drenagem e chegado a algum curso d’água, neste caso, o Sarandi”, afirmou o coronel.
De acordo com a CeasaMinas, o local atingido era um depósito de mercadorias variadas, como artigos de plástico, produtos químicos, defensivos agrícolas, pneus, frutas, bebidas e embalagens. As causas do fogo ainda não foram esclarecidas, mas os proprietários dos galpões informaram dispor de seguro contra incêndio. Ninguém ficou ferido na ocorrência, mas a coluna de fumaça preta que se elevou do complexo de lojas e galpões pôde ser vista de vários pontos da capital mineira, inclusive do Anel Rodoviário e da BR-356, a quase 15 quilômetros de distância..