Jornal Estado de Minas

De origem humilde, Clara Nunes conquistou legião de fãs


Caçula de sete irmãos, Clara Francisca nasceu em 12 de agosto de 1942, em Cedro, distrito de Paraopeba, hoje Caetanópolis, na Região Central. O pai, violeiro conhecido como Mané Serrador, exercia papel cultural importante na comunidade, sobretudo na folia de reis. Órfã de pai em 1944, e pouco depois de mãe, a futura cantora foi criada pelos irmãos José e Maria Gonçalves, a Mariquita, chamada por Clara de Dindinha.

A partir dos 10 anos, Clara ganhou concursos de calouros e, aos 14, começou a trabalhar como tecelã, profissão que continuou a exercer quando se mudou, em 1958, para Belo Horizonte. Nas quermesses do Bairro Renascença, onde morava em BH, Clara, com seu canto, chamou a atenção do violonista Jadir Ambrósio, que se tornou uma espécie de primeiro “empresário” e passou a abrir espaços, principalmente em programas de rádio.

Em 1960, a jovem ganhou a fase mineira do concurso A Voz de Ouro ABC e se classificou em terceiro lugar na versão nacional. Na final da fase mineira, cantou Serenata do adeus, de Vinícius de Moraes e, na nacional, em São Paulo, o samba-canção Só Deus, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Com os resultados alcançados, assinou contrato com a Rádio Inconfidência e, em 1961, recebeu o troféu Ari Barroso de melhor cantora do rádio mineiro.

Em 1965, assinou contrato com a gravadora Odeon, mudou-se para o Rio de Janeiro e gravou o seu primeiro LP, A voz adorável de Clara Nunes, lançado em 1966. A carreira deslanchou quando a gravadora Odeon convidou o radialista Adelzon Alves para produzi-la e o que passou a lhe conferir uma linha de atuação artística. “Para ele não bastava que ela gravasse sambas, era preciso que construísse uma imagem de cantora ligada às raízes da cultura brasileira”, revela a pesquisa do Memorial Clara Nunes, de Caetanópolis.

Nessa etapa, deixa a fase romântica e grava sambas, frevos, forrós e jongos.
Em 1975, a mineira se casa com o poeta e compositor Paulo César Pinheiro, que passa a produzir seus discos no ano seguinte. A marca fundamental de sua carreira estava construída: a relação com os gêneros populares e a busca de ser uma “cantora popular brasileira”. A dona de sucessos como O mar serenou, Canto das três raças e Morena de Angola morreu em um “sábado de aleluia”, em 1983, deixando uma legião de fãs e admiradores..