A confusão sobre a liberação de tráfego de carros e motos em faixas exclusivas do transporte coletivo em Belo Horizonte – que ocorre apenas em parte das vias, em dias específicos e em horários restritos – vem pesando no bolso de motoristas que trafegam pela capital. Um dos que foram surpreendidos por esses critérios foi Agnaldo Reis Esteves, de 36 anos, trabalhador autônomo que mora em Justinópolis, distrito de Ribeirão das Neves, na Grande BH. Ele alega que não tomava multas havia quatro anos, mas bastaram dois sábados na Avenida Vilarinho, após as 14h, para receber seis autuações, quando ia trabalhar no Bairro Cidade Jardim, na Região Centro-Sul de BH. “A BHTrans anunciou que podia andar na pista de ônibus, mas não sinalizou direito. Em alguns lugares colocou faixas, como na região central, e em outros, não. Na Vilarinho fui pego de surpresa. Caí na bobagem de entrar na pista. Tomei quatro multas no dia 1º de julho e duas no dia 8.
A sinalização com faixas de pano foi colocada na Vilarinho depois dos primeiros fins de semana de testes, segundo a BHTrans, mas para muita gente foi tarde demais. Cada multa custa R$ 293,47 e significa a perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) pela infração, considerada gravíssima. Como o limite para manter a CNH em um ano é de 20 pontos, as seis multas levadas pelo motorista Agnaldo podem significar a abertura de processo administrativo contra ele, que pode perder 42 pontos de uma vez e ter de passar um período sem o documento, caso as infrações, que somam R$ 1,7 mil, sejam mantidas.
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Mesmo com as novas faixas explicativas colocadas na semana passada na Vilarinho, a reportagem flagrou invasão de pistas em um domingo, em frente ao Shopping Norte. O motorista passou em pelo menos um dos 14 radares de invasão de faixa da avenida.
A reportagem do EM também percorreu pontos da cidade em que a BHTrans liberou o trânsito de carros de passeio, motos e caminhões na área de ônibus nos fins de semana, como a Avenida Pedro II, desde o Anel Rodoviário até o Complexo da Lagoinha. No local, quase nenhum carro foi observado trafegando pela faixa de ônibus, exceto naqueles casos em que os motoristas precisavam fazer alguma conversão à direita. Foram vistos até casos em que as conversões à direita na via foram feitas diretamente da faixa do meio, sem passar pela área de ônibus. “Essa medida não está clara. Passo pela Pedro II há muitos anos e nunca soube. Não há uma placa com essa informação”, diz o engenheiro Guilherme de Oliveira Sá, de 28 anos.
BHTrans analisa multas emitidas
Em nota, a BHTrans informa que sinalizou os trechos exclusivos de ônibus liberados ao trânsito de veículos comuns com faixas de pano, além de informar a população pela imprensa e redes sociais. Porém, a empresa também admite que, atualmente, nenhuma das pistas liberadas para o tráfego de carros e motos nos fins de semana está sinalizada com as faixas explicativas.
Segundo a empresa, as multas emitidas na Vilarinho estão sendo analisadas e podem ser revistas.