Jornal Estado de Minas

Frio aumenta risco de doenças respiratórias em Minas Gerais

- Foto: Arte/Diário
Com mais dois meses de inverno pela frente, a população deve redobrar os cuidados com as doenças respiratórias. Belo Horizonte e outras cidades de Minas têm registrado temperaturas mais baixas que nos últimos anos, o que leva médicos a alertar para problemas como gripe, resfriado, sinusite e bronquite, especialmente entre crianças e idosos. Quem tem doenças crônicas como asma e rinite alérgica também deve se cuidar para evitar piora.  Só na capital, a Secretaria Municipal de Saúde recebeu este ano quase 1 mil notificações relacionadas a quadros clínicos caracterizados por febre, tosse ou desconforto respiratório.

“Quando chega o frio, tudo piora: o nariz do meu filho escorre, o pulmão fica cheio e a tosse seca”, afirma Greyci Kelly Jesus Oliveira, de 30 anos, mãe do pequeno Matheus, de 2. Ela conta que a criança tem demorado a apresentar melhora significativa, mesmo com o uso de três tipos de antibiótico e de um umidificador de ambiente – comidas quentes feitas pela avó têm aliviado os sintomas. O médico Marcos Aurélio Cota Teixeira Júnior, diretor do Hospital na Residência, diz que casos como o de Matheus são comuns nesta época, diante da combinação de mudanças repentinas de temperatura, aumento da poluição no ar e baixa umidade.

“A nossa taxa de internação por causa de doenças relacionadas ao frio aumentam cerca de 80% neste período. As pessoas, principalmente idosos e crianças, ficam mais vulneráveis”, afirma. O médico lembra que o atual inverno tem apresentado temperaturas mais baixas que o comum para a capital mineira e dias com a umidade relativa do ar variável – com 6,1ºC marcados em 4 de julho, a capital mineira teve sua menor temperatura desde 1975. “O frio diminui a imunidade, que fica um pouco mais baixa, e deixa todos mais vulneráveis para contrair algum tipo de vírus.
As baixas temperaturas também provocam um ‘ressecamento interno’, que faz com que diminua a proteção natural, facilitando a contaminação”, acrescenta.

Uma das medidas importantes de prevenção é a vacinação antigripal. Quanto mais pessoas forem vacinadas, dizem os especialistas, menos o vírus influenza será propagado e mais pessoas dos grupos prioritários e de risco, que podem ser afetados com maior gravidade, estarão protegidas. “Muitas pessoas acreditam que a vacina causa gripe, mas essa afirmação é falsa. É importante se vacinar todos os anos porque os vírus sofrem diversas mutações”, defende Marcos Aurélio Cota Júnior.

Secura A baixa umidade do ar também provoca problemas. Cota Júnior explica que o clima seco provoca desidratação e ressecamento das vias aéreas, afetando o sistema de defesa que evita a entrada de poeira e vírus. “O revestimento interno do nariz, dos olhos, da parte interna respiratória, fica ressecado, facilitando muito o surgimento de rinites, faringites, e até bronquites”, afirma. Fenômeno provocado pela baixa umidade relativa do ar, típica do inverno, a inversão térmica também agrava a situação – o ar frio, mais denso, é impedido de circular por uma camada de ar quente.

Nesses casos, é possível observar uma camada de poluentes que não conseguem se dispersar e formam uma nuvem de partículas.
“Como as poeiras dos carros, as partículas de poluição estão mais próximas do solo, as pessoas respiram um ar mais ‘poluído’. Isso é um problema ainda maior para as pessoas com quadros alérgicos”, pontua o médico. Segundo Heriberto dos Anjos, do Centro de Meteorologia PUC Minas/Tempo Clima, a inversão térmica é mais comum no inverno. “Na capital mineira, isso é favorecido porque a cidade é cercada de montanhas”, diz.

As principais recomendações em dias secos é beber muito líquido. O médico Marcos Aurélio Cota Júnior também sugere que as pessoas evitem ficar em locais fechados, com aglomeração de pessoas, que não fumem, principalmente perto de crianças e idosos, e que façam manutenção nos aparelhos de ar-condicionado (veja quadro). Nos dias mais frios, usar lenços com álcool e separar copos e talheres em casa, por exemplo, também ajudam a não proliferar a doença. “Importante frisar que, caso a pessoa vá praticar esportes na academia, não deve deixar o agasalho em casa. As pessoas pensam que, como vão transpirar com a atividade, não precisam do agasalho.
Mas é essencial para evitar o choque térmico”, diz o médico..