Ontem a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos fez a abertura de envelopes dos que se inscreveram. Foram confirmadas as empresas Uai Centro, na Rua Saturnino de Brito, Hipercentro de BH, e a Uai O Ponto, na Rua Padre Pedro Pinto, em Venda Nova, que são do mesmo dono e juntas vão oferecer as 1.547 vagas. O sorteio das colocações será feito hoje, às 13h, no auditório da Belotur, na Rua da Bahia, 888, 2º andar, Centro de BH. Como o recebimento de propostas continua aberto, pode aumentar o número de estabelecimentos que vão aderir.
No sorteio de hoje, a prioridade é para os 1.137 camelôs que já se cadastraram na prefeitura.
Entre administradores de seis shoppings populares de BH ouvidos pelo EM, quatro negaram interesse pela oferta da prefeitura. O dono dos shoppings Tupinambas e Oiapoque, Mário Valadares, justificou a não adesão devido ao perfil dos camelôs. Segundo ele, se há 14 anos os informais de BH eram “profissionais”, hoje a maioria está nas ruas por ter perdido o emprego. “Não vejo essa medida da prefeitura como solução e ela torna a concorrência desleal. O Shopping Tupinambás, por exemplo, é um espaço em que o logista compra direto do vendedor primário ou da fábrica ou faz o próprio produto”, afirma Mário. As administrações do Shopping Popular Oi Barreiro e do Shopping Xingu, no Bairro Alípio de Melo, na Região Noroeste de BH, informaram que decidiram não participar por falta de vagas.
CONTRAPARTIDA Parte dos camelôs considera insuficiente a proposta da prefeitura de antecipar o sorteio para a ocupação de shoppings populares. Segundo eles, o modelo não atende aos trabalhadores que vendem itens como frutas, água e alimentos nas calçadas e no trânsito. Na tarde de ontem, manifestantes foram para a Praça Sete para protestar contra as medidas. O cruzamento das avenidas Afonso Pena e Amazonas foi fechado por ambulantes, que deram as mãos e fizeram um círculo em torno do obelisco da Praça Sete. Depois, o grupo seguiu pela Avenida dos Andradas até a Câmara de Belo Horizonte, onde houve nova manifestação.
“Nós vamos voltar para as ruas. Não é questão de querer, é questão de sobrevivência. Um tiro de borracha dói menos do quer ver seu neto em casa sem mamadeira”, disse Vânia Lúcia dos Santos Rosa, de 52. Ela foi uma das cinco representantes dos camelôs que participaram de reunião com vereadores na Câmara, onde enfrentaram resistência ao chegar. Todos foram revistados e vários foram impedidos de entrar no saguão, com segurança reforçada por guardas municipais. A intenção dos trabalhadores era assistir à reunião plenária, mas ela foi suspensa com três minutos, por falta de quórum. De acordo com o presidente da Câmara, Henrique Braga (PSDB), o término precoce da reunião não teve relação com a presença dos camelôs.