Tempo seco aumenta atendimentos no Hospital Infantil João Paulo II

Número de atendimentos aumentou 20% entre abril e junho. Defesa Civil emite alerta para Belo Horizonte e faz recomendações à população

Cristiane Silva

Umidade relativa do ar ontem chegou a 29% em BH, menor valor desde o início deste mês, segundo a Defesa Civil - Foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press

A chegada de junho marca o início de dias mais secos e com temperaturas mais baixas em Minas Gerais. A umidade relativa do ar começou a diminuir nas últimas semanas em Belo Horizonte, e as crianças estão entre os que mais sofrem com a mudança no clima. O número de atendimentos no Hospital Infantil João Paulo II, no Centro da capital, vem aumentando diariamente.

De acordo com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), responsável pela unidade, além do tempo seco, estamos em um período sazonal de doenças respiratórias. A Fundação encaminhou ao em.com.br um comparativo das primeiras semanas dos últimos três meses. De 1º a 5 de abril de 2017, foram realizados 781 atendimentos no Hospital João Paulo II. No mesmo período de maio, 812. Já de 1º a 5 de junho, 935 atendimentos foram realizados, sendo 246 somente na última segunda-feira.
No comparativo das primeiras semanas de abril e junho, o aumento é de 20%.

O médico Alberto Andrade Vergara, pneumologista pediatra do Hospital João Paulo II, lista as principais queixas de familiares e pacientes no consultório. “Primeiro, infecções virais, elas aumentaram muito, gripes. Tem as consequências das infecções virais, podem ter secundariamente laringite, crises de asma, amigdalites, otites, sinusites, pneumonias. No caso dos bebês, podem ter bronquiolite, que se assemelha às crises asmáticas. Quem tem doenças crônicas sofre mais”, detalha. “No caso das pessoas com sintomas como febre, coriza, à princípio procurar o atendimento médico para fazer uma avaliação. A maior parte dos quadros é virais, e o tratamento é mais sintomático mesmo, com soro, remédio para febre. Em alguns casos as infecções virais podem predispor para secundária, pode ter que tomar antibiótico”, informa o médico. .

Vergara explica que o ressecamento das vias aéreas afeta o sistema de defesa mucociliar, que evita a entrada de poeira e vírus que podem estar presentes no ar. Por isso é importante beber muito líquido em dias mais secos. O médico também recomenda que as pessoas evitem ficar em locais fechados, com aglomeração de pessoas; que não fumem, principalmente perto de crianças e idosos; que façam manutenção e limpeza em aparelhos de ar condicionado, que podem abrigar vírus, bactérias e fungos.
Em dias mais secos, colocar uma bacia com água no quarto pode melhorar a umidade do ar do ambiente.

Em relação às crianças, o pneumologista recomenda a amamentação exclusiva até os 6 meses de idade, para oferecer reistência às infecções, e destaca também a importância da vacinação contra a gripe, oferecida para os pequenos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até os 5 anos. Uma alimentação variada, com legumes, verduras e outros alimentos, sono regular, e atividades físicas também contribuem para manter o sistema imunológico íntegro. Além disso, o especialista faz um alerta sobre a vitamina D. “A gente tem visto ultimamente cada vez mais pessoas com hipovitaminose D - vitamina D baixa no organismo. As pessoas têm evitado muito tomar sol e ficam em ambientes fechados, por hábitos da nossa sociedade, para evitar câncer de pele também. Crianças pequenas têm que tomar de 20 a 30 minutos de sol por dia, evitando horários perigosos (entre 10h e 15h). O sol é importantíssimo, a hipovitaminose D reduz a resistência a infeções”, explica Alberto Vergara.

O médico também alerta que a automediação pode ser perigosa. Antibióticos, por exemplo, só com receita médica.
Medicamentos que parecem inofensivos também podem trazer riscos. “Alguns, usados para desobstrução do nariz, são perigosos por efeitos adversos e intoxicação”, diz. Ele também destaca que algumas mães costumam dar medicação para febre (prescrita em ocasião anterior) antes de recorrer ao centro de saúde ou hospital, mas é importante ter atenção. “Se é uma situação em que a criança está com febre, foi medicada, e a febre não abaixa, ou mesmo se abaixa, ela vê que a criança está prostrada, tem que levar no primeiro dia. Há mães que ficam inseguras, são de primeira viagem. Em caso de dúvida é preciso levar (ao médico)”, enfatiza.

Defesa Civil emite alerta


Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) de BH, a umidade relativa do ar ontem chegou a 29%, menor valor desde o início deste mês. Na manhã desta quinta-feira, o órgão divulgou um alerta de baixa umidade relativa do ar. “Massa de ar quente e seco contribui para os baixos índices de umidade (entre 20% e 30%), principalmente no período da tarde em Belo Horizonte. O alerta vale até às 18h desta sexta-feira (9)”, diz a Comdec, que também divulgou uma série de recomendações para preservar a saúde e também evitar incêndios nos dias mais secos. Confira:

- Evitar atividades ao ar livre e exposição ao sol entre as 10 e 17h, especialmente entre as 14 e 16h, período do dia em que a umidade do ar fica mais baixa

- Beber muita água por dia, água de coco e sucos naturais, para evitar a desidratação

- Preferir alimentos leves e frescos, como saladas, frutas, carnes grelhadas

- Evitar frituras

- Dormir em local arejado e umedecido por aparelhos umidificadores, ou ainda colocar uma bacia com água;

- Evitar atividades físicas ao ar livre e exposição ao sol entre as 10 e 17h

- Evitar banhos com água muito quente, pois ressecam ainda mais a pele

- Em caso de problemas respiratórios procure um especialista

- O tempo seco aumenta o risco de incêndios em matas. Com isso, recomenda-se a população para não fazer fogueiras nas proximidades de matas e florestas. Além disso, os motoristas que trafegarem por regiões sujeitas a incêndios deverão ter atenção redobrada devido à visibilidade reduzida pela fumaça, e em hipótese nenhuma, jogar pontas de cigarros para fora dos veículos.

- Em caso de incêndio em mata ou floresta, avise imediatamente, ao Corpo de Bombeiros, Defesa Civil ou Polícia Militar.

 

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