Funerária de Montes Claros procura parentes de andarilho misterioso

Homem identificado como Paulo César da Silva Santos Costa, de 65 anos, ex-motociclista estradeiro, que participou de longa-metragem na década de 1960, morreu no domingo

Luiz Ribeiro

Imagens de fotos em arquivo de pen-drive mostram Paulo César em viagens - Foto: Reprodução/Luiz Ribeiro/EM/D.A.News

Uma funerária de Montes Claros, Norte de Minas, está à procura dos parentes de um homem identificado como Paulo César da Silva Santos Costa, de 65 anos, que morreu nesse domingo na cidade. Ele, que nasceu no Rio de Janeiro, era um andarilho, aventureiro e teria chegado havia 11 dias no município. Ele tinha sido considerado inicialmente como indigente, mas durante a preparação de seu corpo um funcionário da funerária encontrou seus documentos e constou que o homem teria até participado de um longa-metragem nacional do começo da década de 1970, do diretor Carlos Bini.

O corpo de Paulo César está no Instituto Médico-Legal (IML) de Montes Claros. Até o fim da tarde desta terça-feira, nenhum parente havia feito contato para a liberação e para providenciar o enterro. Embora conste em sua carteira de identidade que nasceu no Rio de Janeiro, seu título de eleitor foi emitido na cidade de Prudentópolis (PR).

No dia 8 deste mês, quatro dias depois de chegar a Montes Claros, foi internado no Hospital Aroldo Tourinho, com o quadro de pneumonia. No domingo morreu e, como não havia sido identificado, seu corpo foi encaminhado a uma funerária, para ser preparado e sepultado como indigente.
Porém, o gerente da funerária, Luciano Santana de Souza, ao verificar uma bolsa que estava junto ao corpo, encontrou uma série de objetos pessoais, entre os quais, uma espécie de diário de viagem e um caderno de anotações. Também havia uma cópia de um extrato bancário, de 2013, em nome de Paulo César, com saldo de R$ 80 mil.

Havia ainda alguns pen-drives, com músicas e fotos gravadas, em que Paulo aparece em motocicletas nas estradas.
Em outro dispositivo, imagens do filme O Guru das sete cidades, de 1972, gravado no Piauí, em Teresina, e na Parnaíba. A temática do longa-metragem, onde Paulo César aparece nos créditos como participante, envolve uma gangue de motociclistas, hippies e um guru místico, numa mistura que divulga o turismo piauiense. Nos arquivos, constam fotos dele em várias situações numa fazenda, que sugere ser de sua propriedade, mas sem qualquer pista da época ou localização do imóvel.

Nas anotações de diário de viagem, Paulo César descreve que nos últimos cinco meses percorreu cidades litorâneas como Paraty e Angra dos Reis (RJ) e Santos (SP), além de passagens pelo interior paulista, como Guaratinguetá e São José dos Campos. Pelos escritos, consta que viajou de carona em um caminhão de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, para Montes Claros, onde chegou em 4 de maio. Sua última nota no diário é de 7 de maio, um dia antes de passar mal na Praça Doutor Carlos, no Centro da cidade, quando foi encaminhado ao hospital.

Em um blog sobre motociclismo, consta que Paulo César morou no Bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro. E, em 1976, foi para os Estados Unidos, movido pelo "sonho americano”. Mas que retornou ao Brasil pouco tempo depois, iniciando uma viagem pelo país numa bicicleta. Pessoas que o conheceram e têm contatos dos parentes podem ligar para funerária, no (38) 3221 2234.

RB

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