Galpão que pegou fogo na Pampulha deveria estar interditado; última vistoria é de 2006

Empresa distribuidora de óleos lubrificantes e automotivos não tinha Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento que autoriza funcionamento e, por isso, não poderia funcionar

Valquiria Lopes
Última vistoria dos bombeiros no galpão incendiado ocorreu em 2006 - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESS
A última vistoria feita pelo Corpo de Bombeiros no galpão da empresa de óleos lubrificantes e automotivos que pegou fogo no último domingo no Bairro São Francisco, na Região da Pampulha, ocorreu em 2006 e, desde então, o imóvel, que não foi aprovado na fiscalização, está irregular. De acordo com o chefe da Assessoria de Comunicação Organizacional do 3º Batalhão dos Bombeiros, tenente Ernando Coelho, foi constatado à época que havia um projeto de prevenção e combate a incêndio, mas que ele não era adequado às características da edificação.

Diante da inconformidade, o galpão localizado na Rua Major Delfino de Paiva não deveria funcionar, porque não tinha o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). O documento é uma exigência da Lei Estadual 14.130/2001, que trata sobre as diretrizes da prevenção e combate a incêndios em Minas.

A regra determina que a ausência do AVCB implica em notificação do proprietário do imóvel e estabelecimento de prazo de 60 dias para correção das irregularidades. Após esse prazo, se as medidas não forem cumpridas, é aplicada multa e são feitas novas vistorias, sendo permitidas até o máximo de três. Depois de reiteradas notificações, multas e sendo confirmado o risco iminente de incêndio, o imóvel é interditado.

No caso do galpão da Pampulha, os bombeiros apuram nesta terça-feira o trâmite da fiscalização desde 2006, tendo em vista que a empresa nele instalada estava funcionando normalmente.
Até o fim da tarde, essa informação deve ser divulgada, segundo os Bombeiros.

O incêndio que destruiu o imóvel começou às 13h30 de domingo e só foi controlado por volta das 19h. Mas, até a tarde dessa segunda-feira, bombeiros ainda trabalhavam no resfriamento das paredes da construção, que foi condenada. Outros dois galpões vizinhos foram atingidos. Segundo a corporação, as chamas ressurgiram na manhã de hoje e foram novamente extintas com o uso de 500 litros de água.

No domingo, até o fim da tarde, foram usados cerca de 200 mil litros de água e 600 litros de líquido gerador de espuma, concentrado específico para conter a queima de combustíveis. Por causa da intensidade das chamas, famílias desesperadas tiveram que ser retiradas às pressas de suas casas, levando para a rua móveis, eletrodomésticos, documentos, animais de estimação e o que mais fosse possível.

Comerciantes e empresários, donos de lojas e galpões de armazenamento no entorno também chegaram, avisados por vizinhos ou informados pelo noticiário, para conferir se o fogo havia chegado aos seus estabelecimentos. Alguns tiveram que retirar mercadorias às pressas e ainda se proteger de tentativas de saque. .