Minas registra mais um caso que pode ter relação com o jogo Baleia Azul

Adolescente de 13 anos é encontrada desmaiada depois de ingerir cartela de remédio controlado. Ela tinha marcas de cortes no braço. Polícia Civil investiga o caso

João Henrique do Vale

Mais um caso pode ter ligação com o jogo Baleia Azul, brincadeira macabra que incentiva as pessoas a tirarem a própria vida.

Uma adolescente de 13 anos foi encontrada desmaiada dentro de casa em Manhuaçu, da Região da Zona da Mata, depois de ingerir cartelas de um medicamento para o tratamento de epilepsia e outra para dores musculares. A vítima deixou o hospital nesta quarta-feira. Em conversa com o em.com.br, a tia da garota afirmou que ela participava de um grupo do game. A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a situação.

O caso aconteceu na madrugada da última segunda-feira. A mãe da garota ouviu um barulho vindo do quarto dela. Quando foi ao cômodo, a encontrou caída no chão desacordada. “Minha irmã me ligou e como moro perto, fui até a casa dela.
Encontrei minha sobrinha no chão e, a primeira coisa que fiz, foi ver se ela estava respirando. Em seguida, liguei para o Corpo de Bombeiros”, comentou a tia da adolescente, que preferiu não se identificar.

Segundo a familiar da garota, o braço dela estava com arranhados. “Encontrei uma gilete próximo a cama dela, mas não era desenho de baleia”, comentou. A adolescente foi levada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade. “Ela ficou desacordada até essa terça-feira. Hoje (quarta-feira), recebeu alta e vai ser atendida por psicólogos”, afirmou a tia.

A suspeita que a garota participava do jogo Baleia Azul veio por causa do comportamento dela nos últimos dias. “Ela vinha andando meio estranha, falando que estava vendo filmes de terror, ouvindo músicas estranhas, usando somente blusas de mangas cumpridas, vendo séries. Isso desde o início de janeiro. Conversei com uma amiga dela, depois da situação, e ela me informou que minha sobrinha participava de um grupo do jogo, mas que não estava jogando”, explicou.

O celular da garota foi apreendido e será analisado pela Polícia Civil, que abriu inquérito para investigar o caso. Os agentes já estão colhendo o depoimento de familiares da vítima e a amiga dela também deve ser ouvida nos próximos dias. A apuração inicial dá conta que há indícios da participação no jogo.

Outros casos

Minas Gerais já investiga outros possíveis casos de pessoas que tentaram ou retiraram a própria vida por causa do jogo macabro. O primeiro registro foi de um de um jovem de 19 anos que se matou em Pará de Minas, na Região Centro-Oeste do Estado. O corpo do rapaz foi encontrado na quarta-feira, na cama da casa onde morava.
A principal prova do crime pode estar no celular do jovem, que ainda é periciado. A suspeita é que ele tenha ingerido dezenas de comprimidos de um antidepressivo e calmante.

A Polícia Civil de Leopoldina, na Zona da Mata, investiga a participação de um jovem de 18 anos no jogo. Segundo a corporação, a mãe do garoto procurou a polícia em 13 de abril informando que o filho estava participando do jogo e que ele tinha alguns cortes no braço. O boletim de ocorrência gerado pela mulher dá conta de que os cortes reproduzem a imagem de uma baleia e que eles teriam sido feitos com a ajuda de uma colega de sala do filho, que o incentivou a entrar no game.

Em Belo Horizonte, um adolescente de 16 anos foi encontrado morto no último fim de semana no Bairro Ribeiro de Abreu, na Região Nordeste de Belo Horizonte. Apesar de a princípio a Polícia Civil não relacionar o caso com o game, familiares da vítima suspeitam que haja relação.

O jogo prevê o cumprimento de 50 tarefas, que incentivam a automutilação e também colocam a vida em risco, sendo que uma delas é a pessoa desenhar uma baleia no próprio braço com objetos cortantes. O desafio derradeiro é cometer o suicídio.

Prevenção

A Polícia Civil destaca algumas orientações aos pais e responsáveis para evitar que crianças e adolescentes fiquem expostos a crimes virtuais, como o jogo. A corporação orienta manter a proximidade com os filhos, sobrinhos e alunos. Com isso, é possível conhecer mais sobre amigos, lazer e atividades sociais de interesse.

Ter acesso a redes sociais para verificar o tipo de assunto que a criança ou o adolescente aborda ou compartilha entre os amigos; importante se inteirar da rotina e ficar atento a qualquer alteração de comportamento deles. Mudanças de estilo de roupas e hábitos, por exemplo, são um indicativo de alerta; É fundamental que a família e a escola realizem atividades que despertem o interesse no jovem acerca do futuro dele, que estimulem a autoestima e o que planeja para a vida.

Promover sempre um diálogo aberto com orientações e informações sobre os riscos de eventuais crimes pela Internet, ressaltando que podem vir mascarados de entretenimento e sedução para algo interessante e que, na verdade, pode ser uma grande armadilha; A relação de confiança criada com os pais é imprescindível para que o adolescente possa relatar qualquer coisa diferente que tenha ocorrido em sua rotina, sem temer a punição.

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