Trio preso por morte de estudante de veterinária da UFMG tem extensa ficha criminal

Um dos presos cumpria pena de nove anos por roubo, mas não voltou para a cadeia depois de uma saída temporária de Natal. Adolescente foi preso logo após outro assalto

Guilherme Paranaiba
Roberth (esquerda) e Marcos Flávio agiam sempre juntos com o adolescente que também foi apreendido - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS
Os três homens, sendo dois maiores e um menor de idade, apontados pela morte do estudante de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gabriel Araújo de Oliveira, de 21 anos, assassinado com um tiro no peito em 6 de fevereiro, no Bairro São Gabriel, Nordeste de BH, estavam amplamente envolvidos no mundo do crime.

Um dos dois maiores, Roberth Martins da Silva, de 20 anos, era, inclusive, foragido da Justiça após uma saída temporária para passar o Natal em casa enquanto cumpria pena de nove anos por um roubo em 2015. Na ocasião, ele desceu de um carro em um ponto de ônibus e roubou objetos de vários passageiros aguardando coletivo.

Como não voltou após o benefício, passou a ser procurado. Já Marcos Flávio de Oliveira Souza, de 18, também participou do mesmo assalto em 2015, mas como era menor na época, acabou escapando de punição mais rígida.

O terceiro envolvido no caso tem apenas 17 anos e foi apreendido logo depois de roubar, a mão armada, uma carga de carne suína no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Os três ostentavam roupas de marca e festas de luxo com o dinheiro proveniente de roubos.

ENTENDA O CASO Segundo a Polícia Civil, o trio nem chegou a levar o celular de Gabriel, objeto cobiçado pelo trio que acabou causando a morte do jovem com uma vida promissora pela frente. De acordo com o delegado Emerson Morais, responsável pelo inquérito, os três se dividiram em duas motos, sendo o menor sozinho em uma delas dando cobertura, e os outros dois em outra. Eles seguiram em 6 de fevereiro pela Rua Ilha da Malta a procura de uma oportunidade de assalto.

Roberth e Marcos Flávio observaram Gabriel andando pela rua e mexendo no celular, quando o abordaram. Ele tinha saído de uma quadra de futebol e se dirigia a casa de um amigo para jogar truco.
“Uma testemunha disse que a vítima teria resistido a entregar o aparelho celular, ocasião que entrou em luta corporal com um dos autores e o Roberth, que estaria pilotando a motocicleta, desceu e efetuou um disparo de arma de fogo no tórax do Gabriel”, diz o policial. Delegado Emerson Morais disse que as denúncias da população via 181 foram muito importantes para ajudar a Polícia Civil no caso - Foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS

O tiro acertou a veia cava de Gabriel e perfurou seus dois pulmões. A vítima ainda foi socorrida por policiais militares ao Hospital Risoleta Tolentino Neves, na Região de Venda Nova, mas não sobreviveu. O celular nem chegou a ser levado e os bandidos fugiram.

Graças a informações repassadas pela população via Disque Denúncia (181), a polícia conseguiu localizar os suspeitos e começou a remontar o caso. “O menor apontou os dois como autores do disparo e os dois jogaram a responsabilidade no menor. Mas os álibis que eles construíram foram derrubados pela investigação”, afirma o delegado.

Um segundo menor disse à Polícia Civil que o adolescente envolvido diretamente no caso levou ao amigo a arma do crime para ser escondida, mas ela não foi encontrada. “Ele falou ao colega que o assalto 'deu ruim', na gíria usada por eles”, acrescenta Emerson Morais. O adolescente, inclusive, teria participado de outro roubo na Estação São Gabriel quatro dias depois e foi apreendido em 8 de março logo após cometer outro roubo, dessa vez armado.

Na manhã desta terça-feira, Roberth e Marcos Flávio foram apresentados, mas negaram envolvimento. Os dois podem pegar de 20 a 30 anos de cadeia pelo crime de latrocínio, que é o roubo seguido de morte, e o adolescente pode ficar até três anos internado.

Gabriel foi vítima de latrocínio, que é o roubo seguido de morte - Foto: Reprodução/Facebook.