Rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce têm turbidez acima do limite

Último relatório da Fundação Renova mostrou que as análises de março feitas nos três rios apresentaram 10 resultados acima do limite

Mateus Parreiras
Enquanto ainda são aguardadas ações não definidas para tratar da lama que se acumulou no fundo dos rios e nas margens dos mananciais atingidos pelo rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, a Fundação Renova, instituída pela Samarco em acordo com o poder público, realiza monitoramentos periódicos da qualidade da água.
De acordo com o último relatório da fundação, as 35 análises de março feitas nos três rios (Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce), apresentaram 10 resultados acima do limite de turbidez – transparência da água devido à dissolução de sólidos –, todos em Minas Gerais. A legislação estabelecida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), determina a unidade NTU como parâmetro para avaliação da turbidez, sendo 100 o limite tolerado nos corpos d’água como os da Bacia do Rio Doce, que eram considerados de classe 2 antes do acidente.

O pior índice de turbidez do Rio Gualaxo do Norte estava na chamada Ponte do Bucão, em Mariana, onde o índice era chegou a 241 NTU (141% acima do tolerado) e na Ponte do distrito de Águas Claras, com 203 NTU (%2b103%). O Rio do Carmo apresentou índices abaixo do máximo admitido pela legislação ambiental nas três amostragens realizadas, sendo a maior delas de 63 NTU (-37%). Já o Rio Doce teve os piores níveis de turbidez dentro do estado de Minas Gerais, em Barra do Cuieté, distrito de Conselheiro Pena, onde as águas do manancial apresentaram 225 NTU ( 125%). Também tinham níveis altos os trechos monitorados nos municípios de Sem-Peixe (112), Ipatinga (116), Belo Oriente (122) e Tumiritinga (107). Da aldeia Crenaque, em Resplendor, até a foz, no mar, em Linhares (ES), nenhuma amostra infringiu o índice de tolerância de turbidez.

O rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, ocorreu em 5 de novembro de 2015 e de acordo com o Ibama despejou 40 milhões de metros cúbicos de lama e rejeitos, matando 19 pessoas e produzindo o pior desastre socioambiental do país. Segundo o órgão ambiental, a área total afetada chega a dois mil hectares, sendo que 102 quilômetros dos Córrego Santarém e dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce tiveram suas margens destruídas.
Outros 120 córregos, ribeirões e cursos d’água foram contaminados ou soterrados.

Segundo a Fundação Renova declarou em audiência pública com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce (CBH-Doce), a recuperação de 5 mil nascentes já foi iniciada, prevista para os próximos 10 anos. Serão 500 nascentes recuperadas a cada ano, por meio de uma parceria com o Instituto Terra e o CBH-Doce. Também foram feitas coletas de amostras de água em 115 pontos do Rio Doce, afluentes e do mar. Diariamente são feitas análises da turbidez do rio em 26 pontos distintos..