Perícia em celular é primeiro passo para desvendar morte de mineiro no Baleia Azul

Gabriel, que se matou, participava de um grupo no aplicativo WhatsApp do jogo que incentiva o suicídio

Guilherme Paranaiba
A principal prova que a Polícia Civil tem em mãos para detalhar as circunstâncias da morte do jovem Gabriel Antônio dos Santos Cabral, de 19 anos, encontrado sem vida em casa na manhã de quarta-feira em Pará de Minas, na Região Central do estado, é o telefone celular do adolescente, que passará por perícia.
É por ele que Gabriel, que era carpinteiro e pai de um bebê de 40 dias, participava de um grupo no aplicativo WhatsApp do jogo Baleia Azul, prática que incentiva as pessoas a tirarem a própria vida. Gabriel foi encontrado na cama de casa pela mulher, de 16 anos, que tinha passado a noite anterior na residência da mãe. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram acionados e os socorristas localizaram cinco cartelas vazias do antidepressivo e calmante Cloridrato de Amitriptilina. A suspeita é que ele tenha ingerido dezenas de comprimidos do medicamento na noite anterior.

Pelo celular de Gabriel, a polícia terá acesso ao grupo em que ele certamente recebia tarefas, já que o Baleia Azul consiste em cumprir 50 ações de extremo perigo, sempre determinadas por pessoas conhecidas como “mentoras”. A mãe de Gabriel, Maria de Fátima Santos, 37, disse que no domingo ouviu do filho que ele estava participando do grupo e queria sair, mas estava sendo pressionado a ficar. Ele teria cumprido tarefas como assistir a um filme de terror, tirando uma fotografia, inclusive, para provar e também filmou a si próprio no alto de um prédio. Porém, como ele trabalhava com construção civil, essa atitude não gerou desconfiança.
Ainda segundo a mãe, ele começou a se cortar com uma lâmina de barbear para desenhar uma baleia no braço, mas desistiu porque sentiu muita dor. O remédio que ele tomava era uma prescrição médica, conforme a mãe, para tentar conviver melhor com um problema de insônia e enxaqueca.

A Polícia Civil identificou no grupo de WhatsApp em questão pessoas de diferentes estados do Brasil, entre 10 e 20 anos de idade, inclusive com o DDD 37, que é de telefones cadastrados no Centro-Oeste de Minas Gerais. Esse será o primeiro caso de morte que pode estar ligada ao jogo Baleia Azul investigado no estado, mas outra morte já foi registrada, no Mato Grosso. Na terça-feira, uma jovem de 16 anos morreu ao pular em um reservatório da cidade de Vila Rica. A polícia informou que no celular da vítima constava a participação no grupo da Baleia Azul e essa será a principal ferramenta para tentar identificar possíveis responsáveis por incentivar outras pessoas a cometerem suicídio. Na Rússia, local de origem da brincadeira extremamente perigosa, há estimativas de que o jogo tenha matado cerca de 130 jovens. (GP).