Homem que pichou Igrejinha da Pampulha completa um ano preso

Ato ocor­reu em 21 de mar­ço do ano pas­sa­do e Maru foi pre­so pre­ven­ti­va­men­te em 7 de abril. A de­fe­sa de­le já ajui­zou cin­co ha­be­as cor­pus, to­dos ne­ga­dos pe­la Justiça. Mãe cobra definição

Mário Augusto está preso preventivamente pela pichação na Igrejinha da Pampulha - Foto: Divulgação/PMMG

A de­ci­são de Má­rio Au­gus­to Fa­lei­ro Ne­to, o Ma­ru, de 25 anos, de pi­char um dos mo­nu­men­tos mais im­por­tan­tes da ca­pi­tal mi­nei­ra, a Igre­ja de São Fran­cis­co de As­sis, mais co­nhe­ci­da co­mo Ig­re­ji­nha da Pam­pu­lha, cus­tou a ele um ano de pri­são na Pe­ni­ten­ci­á­ria São Jo­a­quim de Bi­cas II, na Gran­de BH, com­ple­ta­do hoje. Os ou­tros dois acu­sa­dos de par­ti­ci­par do ato de van­da­lis­mo que re­vol­tou mo­ra­do­res e vi­si­tan­tes, Mar­ce­lo Au­gus­to de Frei­tas, de 20, co­nhe­ci­do pe­lo co­di­no­me Frek, e Jo­ão Mar­ce­lo Fer­rei­ra Ca­pe­lão, de 33, o Go­ma, aguar­dam jul­ga­men­to em li­ber­da­de, mo­ni­to­ra­dos por meio de tor­no­ze­lei­ras eletrônicas. O tem­plo ca­tó­li­co é tom­ba­do pe­lo Ins­ti­tu­to do Pa­tri­mô­nio His­tó­ri­co e Ar­tís­ti­co Na­ci­o­nal (Iphan) e in­te­gra o con­jun­to mo­der­no re­co­nhe­ci­do co­mo Pa­tri­mô­nio e Pai­sa­gem Cul­tu­ral da Hu­ma­ni­da­de pe­la Or­ga­ni­za­ção das Na­çõ­es Uni­das pa­ra a Edu­ca­ção, a Ci­ên­cia e a Cul­tu­ral (Unes­co).

O ato de van­da­lis­mo ocor­reu em 21 de mar­ço do ano pas­sa­do e Má­rio Au­gus­to foi pre­so pre­ven­ti­va­men­te em 7 de abril, em Ibi­ri­té, na Gran­de BH. A de­fe­sa de­le já ajui­zou cin­co ha­be­as cor­pus, to­dos ne­ga­dos pe­la Justiça. O ad­vo­ga­do  de Má­rio Au­gus­to Fe­li­pe So­a­res sus­ten­ta que o pro­ces­so de­ve­ria ser mais ágil. “Dos três que fo­ram de­nun­ci­a­dos, o Ma­ru é o úni­co que es­tá pre­so em re­gi­me fechado. Os ou­tros dois fo­ram be­ne­fi­ci­a­dos por ha­be­as cor­pus, em de­zem­bro de 2016, e aguar­dam o jul­ga­men­to em li­ber­da­de, com o uso de tor­no­ze­lei­ras ele­trô­ni­cas”, afirma. Ma­ru po­de ser con­de­na­do por for­ma­ção de qua­dri­lha (re­clu­são, de 4 a 8 anos), pi­cha­ção em pa­tri­mô­nio (6 me­ses a 1 ano) e apo­lo­gia ao cri­me (três a seis me­ses ou mul­ta).
O ad­vo­ga­do acre­di­ta que a sen­ten­ça im­pos­ta pe­lo juiz após sua de­ci­são de­ve re­sul­tar, no má­xi­mo, em re­gi­me aber­to ou semiaberto.

A mãe do acu­sa­do de pi­cha­ção, Be­a­triz Sil­va Fa­lei­ro, de 59, co­bra uma de­fi­ni­ção so­bre a si­tu­a­ção do filho. “Ele co­me­teu um cri­me, sim. Mas es­tá pre­so há um ano, já pa­gou por isso. É mui­to di­fí­cil vi­ver sem meu filho. Fi­co me per­gun­tan­do: Até quan­do vou con­vi­ver com a au­sên­cia de­le?”.

No ano pas­sa­do, após a pi­cha­ção, o Mi­nis­té­rio Pú­bli­co de Mi­nas Ge­rais (MPMG) re­cru­des­ceu a lu­ta con­tra os pi­cha­do­res, que em­por­ca­lham as ru­as e ave­ni­das da capital. Lo­go após a agres­são ao pa­tri­mô­nio pro­je­ta­do pe­lo ar­qui­te­to Os­car Ni­e­meyer (1907-2012), a Co­or­de­na­do­ria Es­ta­du­al das Pro­mo­to­ri­as de De­fe­sa do Pa­tri­mô­nio Cul­tu­ral e Tu­rís­ti­co de Mi­nas Ge­rais for­ta­le­ceu a in­ves­ti­ga­ção e ado­tou uma sé­rie de me­di­das pa­ra evi­tar no­vos abusos.

On­tem, em no­ta, o MPMG in­for­mou que “com­pe­te ao Ju­di­ci­á­rio ana­li­sar se ain­da sub­sis­tem os mo­ti­vos en­se­ja­do­res da pri­são pre­ven­ti­va, o que po­de ser fei­to me­di­an­te pe­di­do da de­fe­sa”. E acres­cen­tou que “tem se ma­ni­fes­ta­do nos au­tos do pro­ces­so a tem­po e mo­do, não po­den­do lhe ser im­pu­ta­dos even­tu­ais atrasos.” O Tri­bu­nal de Jus­ti­ça de Mi­nas Ge­rais (TJMG) in­for­mou que o juiz Lu­ís Au­gus­to Bar­re­to Fon­se­ca re­ce­beu o pro­ces­so em 27 de mar­ço e que o jul­ga­men­to ain­da se­rá marcado.

Conclusão sem data

Ainda sem data de conclusão a limpeza da pichação na Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em Belo Horizonte – o serviço estava previsto para terminar anteontem. Segundo informações do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), que cedeu a mão de obra especializada para a tarefa, o trabalho é muito delicado, daí requerer mais tempo. Com material (aguarrás) disponibilizado pela Arquidiocese de BH, à qual pertence o templo moderno, estão no local as técnicas em restauração do Iepha Amanda Cordeiro, Flávia Alcântara, Daniela Ayala e Ana Elisa Souza.
Pichação do ano passado foi feita em painel de Cândido Portinari e na parede lateral - Foto: Divulgação/PMMG

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