Fim das mar­cas de pichação na Igrejinha da Pampulha

Iepha faz hoje o "ajuste fino" na limpeza da Igreja de São Francisco, alvo de vândalos no dia 15. As marcas de spray deixadas por eles já não são visíveis

Gustavo Werneck
Guardas observam a São Francisco, já praticamente limpa - Foto: Beto Novaes/EM/DA Press
Mais um fim de pi­cha­ção. De­ve­rá ter­mi­nar, ho­je, a lim­pe­za na Igre­ja de São Fran­cis­co de As­sis, co­nhe­ci­da co­mo Ig­re­ji­nha da Pam­pu­lha, em Be­lo Ho­ri­zon­te, al­vo de van­da­lis­mo na noi­te do dia 15, quan­do guar­das mu­ni­ci­pais de plan­tão no lo­cal ti­nham saí­do pa­ra fa­zer uma ron­da, se­gun­do a cor­po­ra­ção. De acor­do com in­for­ma­ções do Ins­ti­tu­to Es­ta­dual do Pa­tri­mô­nio His­tó­ri­co e Ar­tís­ti­co (Ie­pha-MG), que ce­deu a mão de obra pa­ra a fa­xi­na, não há pre­vi­são de ho­rá­rio pa­ra con­clu­são do cha­ma­do “ajus­te fi­no”, que sig­ni­fi­ca a úl­ti­ma eta­pa na re­ti­ra­da de to­das as man­cha dei­xa­das pe­lo spray. Foi a se­gun­da vez, em me­nos de um ano, que o tem­plo in­te­gran­te do con­jun­to mo­der­no, re­co­nhe­ci­do co­mo Pa­tri­mô­nio Cul­tu­ral da Hu­ma­ni­da­de, so­freu es­se ti­po de agres­são.

Com su­per­vi­são do Ins­ti­tu­to do Pa­tri­mô­nio His­tó­ri­co e Ar­tís­ti­co Na­cio­nal (Iphan), a ta­re­fa de lim­pe­za da su­per­fí­cie de pas­ti­lhas es­tá a car­go das téc­ni­cas em res­tau­ra­ção do Ie­pha Aman­da Cor­dei­ro, Flá­via Al­cân­ta­ra, Da­nie­la Aya­la e Ana Eli­sa Sou­za. Já o ma­te­rial pa­ra re­mo­ção, ce­di­do pe­la Ar­qui­dio­ce­se de Be­lo Ho­ri­zon­te, à qual a igre­ja da Pam­pu­lha es­tá vin­cu­la­da, não te­ve cus­tos pa­ra a ins­ti­tui­ção, que o ti­nha em es­to­que. A in­ter­ven­ção co­me­çou na quin­ta-fei­ra e foi in­ter­rom­pi­da no fim de se­ma­na e se­gun­da-fei­ra, dia em que o tem­plo fi­ca fe­cha­do pa­ra vi­si­ta­ção.

De­pois do ata­que em mar­ço do ano pas­sa­do, com su­jei­ra do pai­nel cria­do por Cân­di­do Por­ti­na­ri (1903-1962), des­sa vez a pa­la­vra “per­fei­taís­mo” foi pi­cha­da duas ve­zes na la­te­ral da obra pro­je­ta­da pe­lo ar­qui­te­to Os­car Nie­meyer (1907-2012). Guar­das mu­ni­ci­pais que tra­ba­lha­vam na re­gião dis­se­ram que a agres­são ocor­reu en­tre as 22h30 e as 23h30. Mo­ra­do­res e tu­ris­tas que vi­si­tam o lo­cal dia­ria­men­te hor­ro­ri­za­ram ao ver as pi­cha­ções que ocu­pa­ram uma área da la­te­ral da igre­ja, que es­tá vi­ra­da pa­ra os es­tá­dios do Mi­nei­rão e do Mi­nei­ri­nho.

SEM PE­RI­GO
Em en­tre­vis­ta ao Es­ta­do de Mi­nas, em se­gui­da à no­va pi­cha­ção, o coor­de­na­dor do Me­mo­rial da Ar­qui­dio­ce­se de BH, Már­cio Viei­ra, dis­se ser im­pos­sí­vel que a Ig­re­ji­nha per­ca o tí­tu­lo de Pa­tri­mô­nio Cul­tu­ral da Hu­ma­ni­da­de, con­quis­ta­do em ju­lho de­vi­do aos epi­só­dios de van­da­lis­mo re­gis­tra­dos.
“Acre­di­to que é im­pos­sí­vel per­der o tí­tu­lo. Não só a Ar­qui­dio­ce­se, mas o Ie­pha e o Iphan es­tão aten­tos a es­te ti­po de des­con­for­to e van­da­lis­mo, pa­ra que não ocor­ra de ma­nei­ra al­gu­ma a chan­ce de per­der o tí­tu­lo.” A lim­pe­za es­tá sen­do fei­ra com aguar­rás, um pro­du­to de­ri­va­do do pe­tró­leo e ca­paz de lim­par as pas­ti­lhas sem da­ni­fi­car a es­tru­tu­ra da Ig­re­ji­nha. (Com in­for­ma­ções de Edé­sio Fer­rei­ra e Cris­tia­ne Sil­va).