Embora admita que os radares fixos em operação em Belo Horizonte não são capazes de garantir a obediência aos limites de velocidade ao longo de todas as vias em que operam, a BHTrans informa que não há planos de se ampliar a curto e médio prazos os atuais 112 aparelhos da rede de monitoramento na capital. A declaração é tida como “perigosa”, especialmente para ciclistas e pedestres, para especialistas como o mestre em engenharia de transportes Márcio Aguiar, professor da Universidade Fumec. “O controle de velocidade por radar é muito importante para o centro urbano, principalmente porque a alta velocidade é a maior causa de atropelamentos e de acidentes com ciclistas. O monitoramento eletrônico é essencial”, destaca.
De acordo com ele, a simples instalação de aparelhos em um trecho da via muda a dinâmica de deslocamento. “Quando se regula a velocidade com radar em um ponto, deve-se monitorar toda a via, porque locais onde não se desenvolvia alta velocidade passam a ter esse tipo de infração, e outras também. O trânsito é dinâmico e dentro do planejamento é necessário ter informações de acidentes e supervisão constante”, disse.
Durante o monitoramento por radar feito pela reportagem do Estado de Minas, a via onde o controle de velocidade melhor ditava o ritmo dos veículos foi a Avenida Carlos Luz, no Bairro Caiçara, Região Noroeste de Belo Horizonte. Isso ocorria, por exemplo, no trecho entre o viaduto sobre o Anel Rodoviário e a entrada para a Faculdade de Veterinária da UFMG, pela grande concentração de dispositivos de controle.
No sentido Pampulha, por exemplo, após o primeiro radar de 60km/h, há outro detector de alta velocidade 650 metros depois e um semáforo a 350 metros do segundo aparelho. Com isso, a média de velocidade no segundo radar era de 45km/h, de 51km/h 50 metros depois do dispositivo e a máxima registrada chegou a 70km/h, ou seja, 17% acima da velocidade-limite.
Para o professor Márcio Aguiar, no entanto, além de mais radares seria necessário reduzir a velocidade máxima ainda mais, de 60km/h para 50km/h. “Acima de 50km/h os danos a pedestres e ciclistas já são grandes. É uma tendência mundial essa diminuição de limite para favorecer as vidas de pedestres e pessoas em bicicletas”, defende. “Só tem uma forma de controlar a alta velocidade e é pelo radar”, considera.
REDE DE MONITORAMENTO
Questionado sobre a situação do controle de velocidade e sobre os abusos flagrados pelo Estado de Minas nas vias sob sua jurisdição, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou apenas o número de aparelhos que monitoram o Anel Rodoviário, sem especificar quantas multas por excesso de velocidade foram emitidas ou se há pretensão de ampliar esse monitoramento. A BHTrans, por meio de nota, informou que dos 112 equipamentos de monitoramento eletrônico em operação, 106 fiscalizam excesso de velocidade e seis são conjugados (monitoram também invasão de faixa exclusiva do transporte coletivo).
Em nota, a empresa afirma serem “os locais de instalação dos equipamentos de fiscalização eletrônica definidos pela equipe técnica da BHTrans com base nos dados de acidentes ocorridos em Belo Horizonte e disponibilizados pela Delegacia de Acidentes de Veículos (Deav)”. Após esse mapeamento de trechos, a equipe técnica monitora cada local identificado, para a elaboração de estudo, conforme modelo definido pelo Contran, diz a empresa municipal.