Jornal Estado de Minas

Atraso de obras para conter rejeitos da tragédia de Mariana preocupa Ibama

Presidente do Ibama, Suely Araújo (centro), disse que órgão trabalha com o pior cenário possível, onde existe a possibilidade de novos lançamentos de rejeitos no Rio Doce à jusante da represa de Candonga - Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A PRESSO Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) demonstrou preocupação na manhã desta terça-feira com o andamento das ações desenvolvidas pela Samarco para conter os rejeitos remanescentes do rompimento da barragem de Fundão. O desastre ambiental que varreu Bento Rodrigues, distrito de Mariana, na Região Central do estado, do mapa, completa um ano no próximo dia 5, o que motivou a apresentação de um relatório pelo Ibama.

Segundo a presidente do órgão, Suely Araújo, as obras necessárias para confinar os rejeitos que ainda estão na área da tragédia e impedir que mais lama chegue ao Rio Doce estão atrasadas. Além disso, o trabalho de recomposição do solo tem apresentado falhas, causando erosão. O processo erosivo dificulta a absorção da lama pelas encostas dos rios e facilita o carreamento dos sedimentos.

Tudo isso foi levado em consideração para construir um cenário pessimista com a chegada das chuvas. O órgão estima que, na pior das situações, com chuvas acima da média histórica, cerca de 4,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos podem chegar até o reservatório da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, conhecida como Candonga.

Nessa hipótese, pelo menos 2 milhões de metros cúbicos extravasariam a represa e seriam jogados ao longo do Rio Doce, podendo representar nova carga de poluição no manancial e novas dificuldades principalmente para os municípios que captam água para abastecimento humano diretamente no Rio Doce.
"Com a chuva você não sabe o que vai ocorrer entre Fundão e Candonga", diz a presidente do Ibama.


Suely Araújo afirmou que as obras previstas entre Fundão e Candonga serão suficientes para resolver o problema, mas não estão concluídas neste momento, quando já foi iniciada a temporada chuvosa. “A dragagem dos sedimentos em Candonga, por exemplo, era para ter começado em março e só teve início em julho”, afirma.

Segundo o Ibama, a Samarco trabalha com um cenário diferente, cuja estimativa de chegada de sedimentos em Candonga chega a 2,3 milhões de metros cúbicos. Essa perspectiva leva em consideração a média histórica de chuva para a região da tragédia ambiental e o cenário de dragagem e de obras do momento. De acordo com o superintendente do Ibama em Minas Gerais, Marcelo Belisário, no cenário da Samarco não haveria novo lançamento de rejeitos da represa de Candonga à jusante do Rio Doce.

Em nota, a Samarco informou que as obras de reforço de segurança das estruturas remanescentes estão cem por cento concluídas. Disse, ainda, que todas as obras no Complexo de Germano consideradas emergenciais e acordadas com os órgãos ambientais estão dentro do cronograma previsto.
“A construção do dique S3 já foi concluída. Esta estrutura está sendo alteada em 800 mil metros cúbicos. A construção da barragem de Nova Santarém será finalizada até dezembro deste ano. O dique S4 teve suas obras iniciadas no final de setembro e deve ser concluído em janeiro de 2017. Todas as estruturas planejadas e em construção terão capacidade de reter o rejeito remanescente da barragem de Fundão”, completou.

A mineradora informou, também, que recuperou cerca de 800 hectares de vegetação até a Usina Risoleta Neves em Minas Gerais. “O trabalho foi realizado em mais de cem quilômetros de extensão visando reduzir as erosões às margens dos rios. Esta recuperação representa 100% do volume acertado pela empresa com os órgãos ambientais conforme cláusula 158 do Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC) assinado em março deste ano”, disse.


Por último, esclareceu que o trabalho de revegetação já está sendo reforçado e novas ações estão sendo implementadas até o rio Gualaxo. .