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Pesquisadores localizam gruta explorada há quase 200 anos por Peter LundGrutas da Rota Lund recebem iluminação e novos investimentos Grutas da Rota Lund terão nova iluminação a partir de segunda-feiraDe acordo com o proprietário, várias pessoas, ao terem notícias dos estudos feitos na Lapa da Forquilha, vão ao local e o depredam, fazendo inscrições ou removendo formações milenares, como as estalactites. Rastros da depredação mais evidentes são pichações, com datas dos anos 1960 em diante. Outra fase do projeto da Newton Paiva tem investido em uma forma de conscientizar a população sobre a importância de se conservar a cavidade natural histórica. “Estamos ensinando às crianças do município sobre o estudo das cavernas e seu valor histórico.
ROTA LUND Uma das saídas seria incluir a gruta em um projeto do governo do estado denominado Rota das Grutas Peter Lund. “Com isso, não apenas se demarcam áreas de proteção, mas um corredor de grutas com interesse histórico e científico. A inclusão da Gruta da Forquilha poderia ser uma opção para sua conservação”, afirma Faria. De acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), o programa pretende estruturar um produto único, o Roteiro Turístico Ambiental Rota das Grutas de Lund, envolvendo o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas (Belo Horizonte), as Grutas Lapinha (Lagoa Santa), Maquiné (Cordisburgo), Rei do Mato (Sete Lagoas) e Parque Estadual do Sumidouro (Lagoa Santa/Pedro Leopoldo).
“O projeto não é específico para preservação de grutas, mas tem a finalidade de promover o desenvolvimento regional por meio do turismo, com a estruturação de um roteiro turístico nacional e internacional, único e singular, pautado em elementos naturais e culturais da região cárstica nos municípios que englobam a Rota das Grutas Peter Lund (Belo Horizonte, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo, Sete Lagoas e Cordisburgo)”, informou a secretaria. Contudo, esse projeto depende ainda de atrair o interesse de investidores, pois o modelo de implantação é por meio de parceria público-privada (PPP).
Se a gruta histórica que estava desaparecida carece de cuidados, outras formações de grande relevância por sua opulência também se encontram desprotegidas. É o caso da Gruta da Morena, em Cordisburgo, na Região Central de Minas. A caverna tem muitos rastros de entradas de pessoas, como lixo espalhado nos acessos e no seu interior.
Descrição da Lapa da Forquilha por Lund
“A meio caminho de Sumidouro, uma grande roça de milho da fazenda. Tem-se do lado direito do caminho vista para uma alta cadeia de montanhas, que se estende para longe da plantação e deve ser a Serra da Lapa. A gruta perto de Forquilha tem sua entrada na direção N (Norte) e constitui-se de um corredor que depois se divide em vários braços ramificados, alguns dos quais sem dúvida se encontram com uma abertura em um monte de terra de enxurrada com crescimento de árvores junto com cupinzeiros com canais cobertos que levam para o exterior. Esses canais estavam todos esfarelados, de maneira que se desintegravam ao simples toque.
Os passos do pioneiro
O naturalista e médico dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) seguiu pela primeira vez para o Brasil para estudar botânica e zoologia, entre 1825 e 1829, nas cercanias do Rio de Janeiro. Em 1833, Lund retorna para uma expedição pelo Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Em Curvelo, na Região Central Mineira, encontrou outro dinamarquês, Peter Claussen, que o apresentou às grutas da região cárstica do Vale do Rio das Velhas. Intrigado com a grande variedade dessas formações praticamente inexploradas, decidiu estabelecer residência em Lagoa Santa e estudou uma grande variedade de fósseis encontrados nas cavernas entre Sabará e Curvelo. Grande parte de seus achados que ficaram no Brasil se perderam, mas a maioria do material que foi enviado para museus dinamarqueses permanece conservada.
Joia sem cuidado oficial
O Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) informou que o licenciamento e o trânsito de pessoas em cavernas é de controle do município onde está a formação e do estado. “O instituto só regula as cavernas que estão em unidades de conservação federais e os trabalhos científicos que serão realizados no seu interior”, afirma o chefe do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas (Cecav) do ICMBio, Jocy Brandão Cruz. De acordo com ele, sempre que uma caverna sofre impactos, outras duas devem ser conservadas como compensação.
Cavernas de relevância baixa, média e alta podem ser objeto de licenciamento ambiental estadual, mas não as de relevância máxima. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) tem outro entendimento sobre o tema, e sustenta que apenas as cavernas que se encontram em unidades estaduais de proteção ambiental estão sujeitas à sua guarda. “São elas: a Gruta Rei do Mato, Gruta de Maquiné, as quatro cavernas da Lapa Vermelha (inclusive a gruta onde foi encontrado o crânio de “Luzia”, hominídeo mais antigo das Américas), as que se encontram nos monumentos naturais de Santo Antônio, Vargem da Pedra, Várzea da Lapa, Experiência da Jaguara, Lapa Nova de Vazante, Sumidouro (gruta da Lapinha e outras cavidades) e nos parques estaduais da Lapa Grande e Cerca Grande”, informou..