Desmistificar problemas em torno da doação de órgãos e reiterar a segurança no diagnóstico da morte encefálica, que no Brasil só é confirmada depois da realização de exame médico complementar, podem ajudar a superar a crise que atinge doações e transplantes no país.
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Matheus embarca rumo aos Estados Unidos para fazer transplante de intestinoDemora na liberação de transplantes de intestino curto pode ser fatalCrianças à espera de transplante vivem entre uma internação e outraDoação de cabelos para pacientes com câncer eleva autoestimaDecisão em vida pode reverter baixa na realização de transplantesEm Minas, a queda atingiu 10,81%. De janeiro a junho deste ano, foram feitos 932 transplantes no estado, proporcionalmente menos em relação aos 1.045 realizados no mesmo período de 2015.
“Nos anos anteriores, o crescimento vinha sendo muito bom no setor. É possível que a crise econômica, o desemprego e as questões sociais tenham gerado uma atitude contrária aos atos de bondade”, afirma o presidente da ABTO, o nefrologista Roberto Manfro.
O diretor do MG Transplantes, Omar Lopes, concorda com o colega: “O Brasil está vivendo uma instabilidade grande. Ninguém acredita em mais nada.
Foi o que ocorreu na família do jovem Felipe Augusto Guirado. Desde os 14 anos, ele já conversava com a mãe sobre a sua preocupação em relação ao sofrimento das pessoas que esperavam na fila por um órgão. Em 17 de julho de 2004, com apenas 21 anos, ele sofreu um acidente de carro na Avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte. Chegou a ser socorrido no Hospital João XXIII, mas foi constatada sua morte encefálica.
“Os médicos me deram a notícia e me chamaram para conversar. Como meu filho já tinha pedido para ser doador, não tive dúvida alguma”, contou a bordadeira Rosimeire Guirado, hoje com 62 anos, que se tornou uma das ativistas de uma mobilização que interessa a mais de 3 mil pessoas que aguardavam na fila de espera por um órgão somente em Minas, considerados dados de dezembro de 2015..