Jornal Estado de Minas

Professor morto em festa do curso de medicina não teve chance de defesa, diz polícia

O professor André Felipe Vieira Colares, de 24 anos, assassinado durante uma festa dos formandos do curso de medicina da Universidade Estadual de Montes Claros (Norte de Minas), na madrugada do último dia 1º, não teve chance de defesa. Ele foi agarrado por trás e, logo em seguida, golpeado no pescoço pelo adolescente de 17 anos, que confessou o crime. É o que aponta o resultado da perícia, divulgado nesta sexta-feira, em entrevista coletiva pela Polícia Civil de Montes Claros.

André Felipe era homossexual assumido. O delegado Ranieri Marcondes, responsável pela investigação, disse que descarta que o crime tenha motivação homofóbica, sendo que o autor sustenta que matou o professor após um desentendimento entre eles. No entanto, admitiu que o adolescente pode ter se arrependido após a relação homossexual, agindo sob a chamada 'ressaca moral'.

“Acredito que houve um desentendimento entre eles após carícias amorosas, mas o 'start', o motivo inicial foi simplesmente a carícia, conforme o autor deixa claro”, afirmou o delegado. Ele anunciou que o inquérito já foi concluído e encaminhado ao Ministério Público.

A promotora da Vara da Infância e da Adolescência de Montes Claros, Valmira Alves Maia, disse que solicitou a internação provisória de 45 dias do autor confesso, medida que deverá ser convertida em internação de três anos, tempo máximo de restrição de liberdade para menores, conforme estabelece o Estatuto da Criança e do Adolescente.
O adolescente é lutador de jiu-jitsu.

O corpo de André Felipe, que era professor substituto e pesquisador da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), foi encontrado na madrugada de 1º de julho, na Chácara Bugarin, conhecida casa de festas situada na região Sul de Montes Claros. Um dos formandos em medicina era irmão dele. O corpo foi encontrado seminu com cortes profundos no pescoço, causados por cacos de vidro e os dois olhos furados com palitos.

Ainda no local foi apreendido um adolescente de 17 anos, que confessou o homicídio. Natural de Guanambi (BA), o jovem disse que estava na festa como convidado de uma prima, uma das formandas. O crime teve enorme repercussão, sendo levantada a possibilidade de motivação homofóbica.

Segundo o delegado Ranieri Marcondes, o adolescente disse que foi abordado pelo professor, entre 4h30 e 5h, já no fim da festa. André Felipe teria lhe pedido o número do celular com whatsapp, tendo resposta negativa. Na sequência, a vitima o convidou para ir até um escritório em um ponto da chácara, “para ajudá-lo a pegar uma caixas com lâmpadas e alguns enfeites, para fazer uma surpresa aos formandos”.
O convite teria sido aceito.

Ainda de acordo com o autor, André Felipe teria tentando acariciá-lo, o que resultou em um desentendimento entre eles, resultando na morte do professor.

De acordo com a perícia, o menor teria usado dois palitos, que ficaram cravados nos olhos do professor, mesmo depois que a vítima já estava morta, que também apresentava cortes profundos no pescoço. No entanto, em depoimento, o autor apenas confessou que matou André Felipe, sem revelar mais detalhes e também sem explicar porque agiu com tanta crueldade. “Ele apenas alegou que o motivo foi o desentendimento e disse que não se lembra de mais nada”, declarou o delegado.

Segundo o delegado, a perícia mostrou que o adolescente agiu com crueldade, sem dar chance de defesa a André Felipe. “Foram encontradas marcas de que o primeiro golpe foi no pescoço, da direita para esquerda. Posteriormente, há (sic) golpes da esquerda para a direita aplicados com caco de vidro. Isso demonstra que o autor golpeou a vítima pelas costas, primeiramente. Os outros golpes provavelmente foram desferidos pela frente, acreditamos já com a vítima no chão”, afirmou.

Ranieri Marcondes informou que não é possivel afirmar que o adolescente teve uma relação sexual com a vítima.
Até então, o único material que a polícia é a peça íntima do menor, que foi apreendida e encaminhada para exame em laboratório. O resultado da análise será divulgado entre 30 e 60 dias. Durante as investigações, foi descartado consumo de droga no local do crime. Também foi descartada a possibilidade de envolvimento de uma terceira pessoa no caso.

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