Greve da Polícia Civil de Minas pode prejudicar atendimento à população

Categoria decide paralisar serviços a partir de sábado, mantendo escala mínima de 30%. Comando espera por comunicado oficial para traçar plano de atendimento à população

Landercy Hemerson João Henrique do Vale
Policiais civis do estado ameaçam reduzir em 70% os trabalhos da corporação a partir de sábado.
Ontem, em assembleia da categoria, foi aprovada a greve e, de acordo com o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol/MG), a chefia da Polícia Civil será notificada oficialmente na manhã de hoje. Policiais reclamam de benefício não pago, entre outras reivindicações. Até o começo da noite, a instituição informou que não havia sido comunicada da greve nem traçado um plano de atendimento à população durante a paralisação.


A delegada Míriam de Oliveira Galuppo, presidente em exercício do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepominas), confirmou que a partir do sábado somente 30% dos policiais vão trabalhar em suas unidades. De acordo com Míriam, hoje será definida uma escala, visando à minimização dos impactos do movimento.

A sindicalista admite que o movimento grevista vai prejudicar o atendimento em setores como o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), em relação à emissão de documentos para carteira de habilitação e licenciamento de veículos, assim como o Instituto de Identificação, responsável pela expedição de carteiras de identidade. “É claro que, até por questões humanitárias, os serviços essenciais no Instituto Médico Legal devem sofrer poucas alterações”, explicou.

Para Míriam Galuppo, a questão do não pagamento do auxílio vestimenta, em torno de R$ 1,6 mil, foi apenas a “gota d’água” para a deflagrar a greve. “É um movimento contra o sucateamento da Polícia Civil no estado. O auxílio vestimenta está previsto no artigo 50 da Lei Orgânica da PC e deveria ter sido pago na folha de abril.

O benefício já foi recebido pelos policiais militares. Hoje, a Polícia Civil mineira está sucateada em toda sua estrutura. Pela mesma lei orgânica, deveríamos ter 17.415 servidores, mas contamos com cerca de 9 mil, número que fica abaixo dos 11.301 investigadores que a legislação prevê”, destacou a delegada.

Além do auxílio vestimenta, o Sindpol/MG reivindica a equiparação do piso salarial dos investigadores e escrivães ao de perito. Segundo a categoria, desde 2013, quando foi votada a lei orgânica, acabou a hierarquia dos funcionários de carreira. Pedem, ainda, a equiparação dos salários dos delegados aos de defensores públicos.

A decisão pela greve, por tempo indeterminado, foi tomada em assembleia da categoria na tarde de ontem, na Praça da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Depois da votação, o grupo saiu em passeata por ruas e avenidas de Belo Horizonte. A Praça Sete chegou a ser fechada.

AGENTES PENITENCIÁRIOS Na última semana, outra categoria ligada à segurança pública de Minas Gerais paralisou os serviços, os agentes penitenciários. As visitas aos presos foram suspensas no sábado e os detentos se rebelaram em quatro presídios, o Bicas I e o Bicas II, em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e em unidades de Governador Valadares, Vale do Rio Doce, e no Ceresp Centro-Sul, no Centro da capital. Em Montes Claros, Norte de Minas, dois ônibus coletivos foram queimados e a suspeita é que a ordem tenha partido dos presos, revoltados com a suspensão das visitas.

Os agentes decidiram encerrar a paralisação na segunda-feira depois de um acordo feito com o Governo de Minas em audiência de conciliação realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

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