Estado investiga participação de servidores em estupro de estudante em Bom Despacho

Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais abriu sindicância para apurar os fatos. Os servidores podem ser demitidos se for confirmada a participação deles no crime

João Henrique do Vale
A Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais abriu uma sindicância para apurar se três funcionários públicos estaduais participaram do estupro de uma estudante belo-horizontina do curso de administração pública da Fundação João Pinheiro (FJP), de 19 anos, durante congresso da área em Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas Gerais.
A medida foi publicada nesta sexta-feira no Diário Oficial do Estado, o Minas Gerais. A Polícia Civil começou a intimar os três suspeitos para prestarem depoimento. A data e o local onde eles serão ouvidos não serão divulgados.

Segundo a Controladoria, serão apuradas as responsabilidades dos servidores. Se o fato for confirmado, assim como a autoria, "será instaurado processo administrativo disciplinar e os servidores poderão ser penalizados até com demissão a bem do serviço público, independente de eventuais responsabilidades criminais".

A universitária afirma que o crime aconteceu nos alojamentos do Sesc Bom Despacho, onde o congresso ocorreu, entre os dias 2 e 5 deste mês. Segundo a polícia, os três suspeitos são ex-estudantes da FJP, com idades entre 24 e 25 anos, que moram e trabalham na capital mineira. Segundo a FJP, os suspeitos são “especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental lotados em secretarias do Governo do Estado”.


Segundo a delegada Danúbia Quadros, da Divisão Especializada de Atendimento da Mulher o Idoso e do Portador de Deficiência, a estudante contou que participou de uma festa depois dos seminários, onde ficou com um dos rapazes. Ela relatou ter bebido muito durante a festa e foi para o quarto do jovem. “Desmaiou em virtude da bebida. Quando ela acordou, estava outro rapaz em cima dela, sem roupa; um ao lado, de cueca; e o rapaz com o qual ela estava ficando, deitado no beliche”, explicou nessa quinta-feira Danúbia Quadros.

A jovem disse à delegada que estava deitada em uma cama de casal e acordou ao sentir o corpo sendo virado. “Esses rapazes participavam do evento, sendo que um deles, o que estava em cima dela (o mais velho) foi palestrante do evento”, diz a delegada, relatando a versão da vítima. “Ela se assustou com o rapaz em cima dela e virando o corpo dela para frente dele. Ela correu para o banheiro e ele correu atrás dela, segundo a vítima, tentando beijá-la e agarrá-la”. A delegada diz que, durante o depoimento, a universitária relatou ter dito “O que vocês estão pensando que eu sou? Quero ir embora”.

O rapaz com quem ela havia ficado na festa entregou a ela a blusa de um deles, para que se cobrisse, e a moça também vestiu uma saia. A jovem procurou a polícia nessa quarta-feira e foi encaminhada a um hospital para tomar o coquetel contra o HIV, apesar de já terem passado 72 horas do crime. Também foi feito o exame de corpo de delito. O caso foi registrado como estupro de vulnerável, já que a vítima estava inconsciente.
Se comprovada a culpa e os suspeitos forem condenados, a pena varia de 8 a 15 anos de prisão.

Nota de repúdio

A Fundação João Pinheiro se manifestou, por meio de nota do seu presidente, Roberto do Nascimento Rodrigues, sobre as denúncias de estupro coletivo em evento com a participação de alunos e ex-estudantes. “O presidente da Fundação João Pinheiro repudia quaisquer atos de violência, opressão, constrangimento ou equivalentes, praticados contra membros da instituição, em particular aqueles relacionados aos alunos da Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho”, informou. A nota destaca ainda que “já foram iniciados os procedimentos para apoio à vítima”. .