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Estado de Minas

Avião que caiu e matou três pessoas no Minaslândia há um ano fez manobra proibida

Investigação da Aeronáutica aponta que tipo de decolagem proibida usada por avião que caiu é comum de ser realizada na Pampulha


postado em 08/06/2016 06:00 / atualizado em 08/06/2016 08:07

Ver galeria . 32 Fotos Rodrigo Clemente/EM/D.A Press
(foto: Rodrigo Clemente/EM/D.A Press )
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Aeronáutica aponta que a manobra acrobática do tipo americana – proibida em áreas densamente povoadas e para pilotos sem habilitação para esse tipo de decolagem – foi classificada como comum no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. A informação repassada ao órgão por funcionários e pilotos do terminal faz parte do documento que apurou os fatores que levaram à queda do avião bimotor King Air prefixo PR-ABG, que decolou do Aeroporto da Pampulha em 7 de junho do ano passado usando esse tipo de manobra. A aeronave caiu no Bairro Minaslândia, minutos depois. Um ano após o acidente, a família da casa atingida conta detalhes daquele dia de pânico e revela que, sem traumas, vive acostumada com a rotina de subida e descida de aviões.

No dia do acidente, o destino do avião era a Fazenda Sequoia, em Setubinha, no Vale do Mucuri. A intenção do voo era transportar um familiar dos donos da aeronave do interior para BH. Estavam a bordo dois tripulantes e um passageiro e os três morreram na tragédia. Segundo o relatório do Cenipa, por meio de conversas gravadas na cabine do avião entre o comandante Emerson Thomazine, de 43 anos, de São Paulo, e o copiloto Carlos Eduardo Abreu, de Piumhi, no Centro-Oeste mineiro, foi possível identificar que a tripulação tinha a intenção de fazer a decolagem “americana” . O carona era um policial civil Gustavo de Toledo Guimarães, de 38, que estava de folga e acompanhava os pilotos. Em vez de iniciar subida gradual até a altitude de cruzeiro, a aeronave seguiu em voo rasante com o trem de pouso recolhido até o fim da pista, aumentando a velocidade e, após a cabeceira oposta, subiu abruptamente em um ângulo de aproximadamente 90°, atingindo cerca de 1.700 pés (518 metros) em 15 segundos. No topo da manobra, a aeronave entrou em parafuso e desceu descontroladamente até o impacto contra o solo.

No endereço da queda estavam o aposentado José Maforte Knupp, de 74, e a dona de casa Maria Geralda Estanislau da Silva, de 56.

Eram 15h20, quando o casal que vive na residência há mais de 20 anos apreciava o fundo do quintal cheio de árvores e galos e galinhas, no sossego depois do almoço. “Aquele dia foi Deus que mudou o rumo de nossas vidas. Todos os dias, depois do almoço, a gente vai para o quarto descansar. Naquele, especificamente, eu quis vir para o quintal, naquele horário, para ouvir os galos cantarem”, lembra Maria Geralda.

O marido, que cerca com tela uma planta, conta que enquanto estiveram ali nenhum dos galos cantou. “De repente começou o barulho vindo do céu”, disse. Os dois saíram ilesos do acidente e foram socorridos por vizinhos, que quebraram parte do muro no quintal onde eles estavam. “Eu estava sentada embaixo da mangueira e vi toda a subida do avião. Quando ele desgovernou, eu disse: ‘Esse avião vai cair’. Só não imaginei que cairia aqui”, lembra a dona de casa. Apesar do susto com o barulho do avião e a explosão em sua casa, José Maforte estava mais que acostumado com o ronco dos motores de aeronaves. Curiosamente, ele trabalhou durante 31 anos na aeronáutica, sendo 11 deles no aeroporto da Pampulha. “Parece que ele deixou os aviões e eles vieram atrás do meu marido”, diz a mulher em tom de tranquilidade. A calma para falar do episódio, mostra que o casal superou aquele dia de medo. “Não temos traumas. Estamos aqui vivos e isso é o que importa”.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
PREJUÍZOS A aeronave caiu na garagem da residência e as labaredas de fogo queimaram tudo dentro do quarto em que o casal costumava descansar depois do almoço. Janelas de vidro foram quebradas, movéis destruídos, paredes enfumaçadas, rede elétrica de cômodos danificada. Todos os prejuízos foram sanados pela seguradora do avião.

No meio das apurações, o Cenipa concluiu que houve um ato ilícito doloso, o que confirma uma conduta inadequada da tripulação. Por trabalhar com investigações que resultem em orientações para condutas preventivas, o órgão suspendeu o trabalho, já que nestes casos a recomendação é seguir as regras de segurança. De acordo com a Polícia Civil, a investigação ficou a cargo do Cenipa porque não houve indícios de crime. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) foi procurada na noite de ontem e informou que vai apurar se ainda há registros de manobras americanas no aeroporto.
Ver galeria . 7 Fotos A produtora Cássia Sodré, moradora de uma cobertura no Bairro Palmares, flagrou a queda do avião na tarde de ontem. Cássia fotografava a paisagem quando percebeu o o King Air C90 em uma posição inusitada e fez vários cliques (Cássia Sodré)Cássia Sodré
A produtora Cássia Sodré, moradora de uma cobertura no Bairro Palmares, flagrou a queda do avião na tarde de ontem. Cássia fotografava a paisagem quando percebeu o o King Air C90 em uma posição inusitada e fez vários cliques (Cássia Sodré) (foto: Cássia Sodré )


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