Sirene toca em Mariana para lembrar os seis meses da tragédia

Encontro promoveu rodas de debates e mobilizou cerca de 500 pessoas em praça da cidade histórica

Estado de Minas João Henrique do Vale


Seis meses depois da maior tragédia socioambiental do país, cerca de 500 pessoas se reuniram na noite desta quinta-feira na Praça da Sé, no Centro da cidade histórica de Mariana.
Sirenes foram acionadas para que todos pudessem ouvir o som que não tocou em 5 de novembro, quando a Barragem do Fundão se rompeu, matando 19 pessoas e devastando quase 1,5 mil hectares de matas ciliares. A hashtag #UmMinutoDeSirene ficou no topo entre os assuntos mais comentados do Twitter.

O encontro organizado pelo coletivo Um Minuto de Sirene, criado por moradores de Mariana e simpatizantes da luta das vítimas da Barragem do Fundão, foi marcado por rodas de debate, uma mostra de vídeos e depoimentos de pessoas que foram atingidas pelo mar de lama. Um microfone foi colocado na praça para dar voz aos moradores e participantes do evento. A organização Greeapeace também divulgou o link com o som da sirene.

Em imagens do evento, gravadas em vídeo divulgado pelo coletivo, o grupo cantou uma música em homenagem à comunidade Krenak. Os indígenas da etnia vivem às margens do Rio Doce, em Resplendor e estão entre as comunidades afetadas pela catástrofe.

Cleverson Lima, um dos integrantes do movimento, destaca a importância da participação popular, e, principalmente, das vítimas, em todo o processo: “Nesses seis meses existem vários temas para serem debatidos, como o carreamento de lama que continua a descer para a bacia hidrográfica, a investigação que está parada no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e a questão do próprio tombamento (dos distritos de Bento e Paracatu de Baixo). Apoiamos a ideia que os atingidos participem, para entender como vai ser esse processo”.

Além dos danos às comunidades, a tragédia poluiu três rios (Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce), soterrou pelo menos 100 nascentes e deixou incontável número de animais mortos.

Crime ambiental


Os promotores de Defesa do Meio Ambiente de Mariana e do Núcleo de Combate aos Crimes Ambientais (Nucrim) denunciaram a Samarco e 14 funcionários da empresa por crime ambiental nesta quinta-feira.
O anúncio feito pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede o afastamento dos empregados e a entrega dos passaportes dos acusados. (RB)

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