Polícia Civil indicia sargento da PM por assassinato da namorada

Crime aconteceu em 2014 e militar alegava que o caso foi um acidente. Análise técnica foi determinante para confrontar a versão do acusado com as características colhidas pela perícia

Guilherme Paranaiba

A Polícia Civil indiciou e o Ministério Público já denunciou à Justiça o sargento da Polícia Militar Renato dos Reis pelo assassinato da namorada dele, morta com um tiro na cabeça em fevereiro de 2014 em Belo Horizonte.

Os investigadores se depararam com relatos que apontavam para três possíveis linhas de investigação, porém, as análises técnicas foram decisivas para descartar a possibilidade de suicídio e acidente, sustentando o caso como homicídio de Natália Aparecida Correa.

Segundo a delegada Indiara Froes, o militar vai responder por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e que impossibilitou a defesa da vítima. A delegada também representou pelo afastamento do sargento de suas funções, além da suspensão do porte de arma e recolhimento da carteira funcional. As investigações concluíram que o crime foi motivado por ciúme, já que o sargento era apontado por testemunhas como uma pessoa extremamente possessiva, que não aceitava o fim do namoro.

Inicialmente, Renato disse aos investigadores que a namorada atirou acidentalmente contra a própria cabeça e que ele prestou socorro, levando a vítima até um hospital. Porém, ela morreu antes de chegar à unidade de saúde. Essa situação intrigou a Polícia Civil, já que a posição de Natália descrita pelo sargento não bateu com o orifício do projétil no corpo da mulher. Outra situação que levantou dúvidas foi o fato da perícia não ter encontrado sangue nas roupas do militar, mesmo ele relatando que socorreu a vítima, colocando Natália em seu colo.

Como os peritos encontraram sangue em vários pontos no trajeto entre o quarto e a garagem, a situação chamou a atenção da delegada. “Tal incoerência confere indícios de que o investigado, mesmo já ciente do óbito da vítima, quis retirá-la do local, o que inevitavelmente comprometeria a perícia técnica em seu exame de perinecroscopia”, afirma Indiara Froes.

O suicídio ficou descartado pelo fato de não ter sido observado, nesse caso, o espasmo cadavérico, que é a manutenção da mesma posição que a vítima estava antes da morte.
A polícia também constatou que Natália tinha lesões na mão direita, o que pode ter sido resultado de uma tentativa de defesa. Segundo a Polícia Civil, não houve pedido de prisão preventiva para o sargento porque ele não apresenta nenhuma ameaça ao inquérito. Por isso, ele vai responder ao processo em liberdade.

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